Usina de Letras
Usina de Letras
164 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62268 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50658)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->CUNHAPORÃ, UMA HISTÓRIA DE AMOR- III -O LAGO ENCANTADO -- 29/06/2002 - 21:16 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CUNHA PORÃ compõe-se de doze capítulos. Aconselho aos leitores que efetuem a leitura a partir do primeiro, seguindo seqüencialmente a ordem crescente, para que o entendimento do enredo não fique prejudicado.



* * *



CUNHAPORÃ - PARTE III - O LAGO ENCANTADO

J.B.Xavier





Brincando n água, traçando planos

No amanhã,

na pedra imensa descansa linda

Cunhaporã.



Os olhos negros, tal qual a noite

Mergulham fundo

Naquelas águas, buscando a fuga

Para outro mundo.



Tudo está calmo, a lua brilha

Lá dentro d água,

Trazendo à tona toda a tristeza

De sua mágoa.



Qual seu destino? que triste sorte

A aguardava?

Tornar-se esposa, unir-se àquele

Que não amava.



Assim nas noites de agonia

Vinha contar

Sua sorte ingrata ao lago amigo

E ao luar.



Nas águas calmas. claros espelhos

Se desfaziam,

Lágrimas tristes, cheias de dor

Em si caíam.



A Lua e o Lago, então, amigos,

A abraçavam,

E envolvendo seu corpo todo

A consolavam.



Seus grandes olhos, seu corpo longo

Amorenado

Brilhava à Lua, deixando o Lago

Apaixonado.



Seu coração vibrante e terno

Em si trazia

A esperança do amor que a ela

Viria um dia.



E prometida a Ygarussú

Estava agora.

O casamento se aproximava,

Chegava a hora.



Tão linda e bela, Cunhaporã

Todos queriam,

E Ygarussú, bravo guerreiro

Todos temiam.



Ele a queria, e mais que isso,

A desejava.

Era por ela que guerras loucas

Ele travava.



Jassy, a lua, sua madrinha

Que sempre ouvia

Cunhaporã e seu choro manso

Se enternecia.



"Minha menina, que mal te aflige

Que choras tanto?

Há muito vejo teus lindos olhos

Em triste Pranto...



Que é dos tempos que aqui cantavas

Sem teres mágoas?

Deixando os peixes apaixonados

À tona d água?



E teu sorriso, que a noite escura

Iluminava?

E o viço louco que de ti, toda,

Se exalava?"



"Minha madrinha" - disse chorosa -

"Será meu fim!

Ygarussú , o Grande Chefe,

Prefere a mim!"



Então o ouviu-se uma voz maviosa

Surgir cantando,

E a selva inteira parou a ouvir

Yara chegando.



Surgiu do lago, de suas águas

Enluaradas,

A bela Yara, pele morena

E aveludada.



A voz de anjo soou tão clara

E enternecida,

Cantando o amor, a alegria,

Cantando a Vida...



"Minha menina, a cada fim

Há um reinício...

Saia de perto dessa beirada

De precipício...



Jassy, a lua, aclara sempre

o teu caminho.

E o lago amigo, se o quiseres,

Será teu ninho...



Não chores mais, o Bosque inteiro

É teu amigo!

E onde fores, nesta floresta,

Irei contigo...



Ygarussú é apenas força,

Ignora o amor.

Nunca aprendeu como se trata

Uma bela flor...



Vai, minha menina, para a aldeia

Repousar.

Jassy a lua, irá contigo

Te iluminar...



O vento sopra de muito longe,

E traz no cheiro

Um amor ardente rasgando um peito:

Gentil guerreiro!



Ledo cavalga, e vem dos pampas,

Do lado sul,

Dos verdes campos, prados bonitos

E céu azul...



Vai, minha menina, para a aldeia

Repousar,

Que teu amor vem cavalgando

Sob o luar..."



* * *



E Cunhaporã, olhando Yara,

Sorriu às imagens que a mente criara,

Pensando no belo e gentil cavaleiro.

seria o amor que tanto esperava?

Seria, afinal, o amor que chegava?

Sorriu e afastou-se em passo ligeiro.



Andava e sorria feliz e contente.

Nos olhos o amor, incontido, latente,

No corpo o lume que a consumia.

Na mente a infinda e terna espera

Lembrando das coisas que Yara dissera.

Jamais sentira assim, tanta alegria.



Parou, estacando ao fim de um instante.

Ali à sua frente estava o gigante.

Nos olhos um brilho estranho trazia.

Saiu de seus sonhos dos pampas do sul.

Aquele à sua frente era Ygarussú .

Sentiu-se num instante tão só e vazia.



O grande oyakã , sisudo estacara,

Sondando com o olhar o que a mente ditara.

Sorriu num esgar um riso matreiro.

Mãos calejadas em faces ardentes,

Rolaram dos ombros aos seios tão quentes,

O corpo gigante vibrava inteiro.



A moça olhou para a lua tão clara,

Lembrou-se do lago e lembrou-se de Yara,

E de como dissera estar sempre por perto.

Sorvida em abraços do forte guerreiro,

Ouviu à distância o bote ligeiro

Da onça faminta naquele deserto.



Urros e gritos na mata ecoaram,

Morte e agonia aos céus se elevaram

E a selva acordou com o ruído da luta.

Cunhaporã bendisse sua sorte,

E viu mãos e garras ferindo de morte.

Afastou-se correndo daquela disputa.



Foge criança. Depressa, menina!

Yara te salva e Jassy te ilumina!

E a voz maviosa ela reconheceu.

Abrindo caminho na mata com os braços ,

Rompendo os espinhos e mil embaraços,

Á aldeia chegou com o desgosto só seu.



Mais tarde, a taba agitada e atenta,

Ouviu o silêncio seguir a tormenta

Que a luta causara pelas cercanias.

Ouviu o portão da aldeia se abrir,

E em meio ao negrume da noite surgir

O grande Oyakã , que ferido, sorria.



Os dias passaram em festas e danças

Das tribos guerreiras e das vizinhanças

E todos sorviam o amargo cauim.

E Ygarussú, o gigante, cantava

Sua luta de morte, e como, com a clava,

Pusera ao felino um rápido fim.



“Olhei para o lado e vi o felino!

As chamas nos olhos, o instinto assassino,

E instantes depois caiu sobre mim.

Rasgou-me a carne, feriu-me por certo,

Deixei-lhe, no entanto, o crânio aberto!

É esta sua pele. Que reine o festim!”





FIM DA PARTE III



* * *



















Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui