A pouco menos de duas semanas da eleição, uma bomba: a existência de um dossiê coloca em cheque o que: a reeleição de Lula, a definitiva derrota de Alkimim ou a reeleição de Serra?
A revista Isto É desta semana divulgou uma matéria e uma entrevista com os Vedoim onde os dois declaram que possuem provas contra José Serra (PSDB–SP), quando ele era ministro da Saúde. Conforme os delatores, Serra participava constantemente de eventos em Mato Grosso quando o governo divulgava a compra de ambulâncias. O dossiê contém fotos e vídeos comprometedores, segundo a Polícia Federal.
De acordo com a matéria, entre 2000 e 2004, a compra de ambulâncias pelo governo nesse período registrou o maior índice de compras: 70%. Conforme declarou Darci Vedoim, em 2002, ano em que José Serra foi derrotado nas urnas, a compra ilegal de ambulâncias com recebimento de propina teve aumento considerável. “Esse período foi quando ganhamos mais dinheiro”, afirmou Vedoim. O delator também afirmou que, após Serra ser derrotado na eleição de outubro de 2002, até o final desse mesmo ano, às compras foram constantes, isso porque, havia a necessidade de se pagar às contas daquela campanha milionária que não teve êxito.
Como o esquema funcionava
O resumo da ópera é esse: a cada emenda feita por parlamentares na compra de ambulâncias da Planan (empresa dos Vedoim) eles recebiam até 10% do valor destinado da verba. Se a emenda fosse de R$ 100 mil, os fraudadores abocanhavam R$ 10 mil. No caso da campanha do PSDB para o Serra, o acordo ficou na ordem de 6,5%.
O outro lado da notícia
Um certo filósofo dizia: “todo fato tem dois lados, um bom e outro ruim”. Certamente, uma verdade tem sim dois lados. Neste caso, podemos dizer que a notícia tem três lados: dois negativos e um positivo. Mas a imprensa brasileira em geral resolveu colocar os holofotes em apenas um lado, naqueles que queriam comprar o tal dossiê.
Questionam a origem do R$ 1,7 milhão, valor estipulado para comprar o material que confirma a ligação de José Serra com a compra de ambulâncias dos sanguessugas; questionam quem são os compradores e questionam com razão. Mas por que não questionam com a mesma eficiência o material fruto de corrupção. Porque não é divulgado na mesma proporção que a compra do dossiê. Ou será que esse material não tem relevância para a imprensa e para a sociedade.
Existe sim, dois aspectos negativos neste caso, mas a ênfase está em apenas um. E a quem interessa isso?
O lado positivo da notícia
Este nenhum veículo da imprensa divulgou. Ninguém fala sobre o lado bom dessa denúncia. Será que a mídia só deve divulgar coisas ruins? Será isso?
A oposição acusa incessantemente o governo federal de colocar a Polícia Federal para trabalhar por causa das eleições que se aproximam. Em se tratar disso, algo então está errado. Como uma instituição acusada de produzir uma boa imagem para o governo federal pode agora, na reta final, querer destruí-la? Não há coerência nos argumentos da oposição nem nos trabalhos da imprensa.
Será que, por infortúnio de deus e glória do diabo, as duas trabalham juntas?
