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Artigos-->NÃO PREVALEÇA A RAZÃO CÍNICA -- 11/09/2006 - 10:18 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NÃO PREVALEÇA A RAZÃO CÍNICA



publicado no Estado de Minas em 09/2001)



Délcio Vieira Salomon





Como autor da moção aprovada por unanimidade na Assembléia dos Professores da UFMG em 18/09/01, faço questão de reproduzir seu principal conteúdo neste espaço de Opinião do Estado de Minas:



Diante da tragédia ocorrida no dia 11 de setembro último nos EUA, em que milhares de vidas foram ceifadas pela barbárie praticada pelo terrorismo, nós, professores da UFMG, integrantes do Movimento Docente em greve, cônscios da responsabilidade de nossa função perante a sociedade, não podemos nos silenciar. Vimos a público movidos pelo pesar e solidariedade às vítimas do atentado, a seus familiares e ao povo americano. Ao mesmo tempo para declarar nosso repúdio a toda ação terrorista, venha de onde vier, por execrável, face à constatação histórica de que o terrorismo beneficia apenas a extrema direita. Repúdio que se estende a toda contra-reação insensata motivada e conduzida pela vingança e o desejo de aniquilamento de adversários, reais ou supostos.



Se lamentamos e condenamos os atos de terror, também não podemos aceitar e muito me-nos elogiar a justificativa norte-americana de que a retaliação e a guerra suja sejam a melhor e a única resposta. Tanto a covardia do terrorista quanto a represália cruel há de merecer a mesma repulsa. Não fossem a irracionalidade e o ódio que aproximam os dois tipos de comportamento, bastaria a lição da História para mostrar a correção de nossa atitude de rejeição.



Não nos é permitido, nesta hora, deixar que a dor e a emoção nos ceguem e nos ensurdeçam de tal modo a sepultar no esquecimento a gravidade de acontecimentos tão desumanos quanto os que há pouco foram presenciados. Se estes atingiram o grau máximo da perplexidade, a ponto de nos confundir entre a realidade e a ficção, os do passado recente, praticados por aqueles, que agora se tornaram vítimas, vêm merecendo, desde então, igual condenação.



O momento não é de estabelecer comparações. Mas também não é de institucionalizar a histeria e a vingança. Lamentavelmente há de se gravar na consciência coletiva, topos mais alto que as torres do World Trade Center e mais forte que o Pentágono, que o ódio não justifica a retaliação nem esta, a hegemonia defendida pelos EUA no planeta.



A ocupação de Porto Rico, a tomada de Guantanamo e o bloqueio de Cuba desde 61, a guerra do Golfo e a humilhação imposta ao Iraque, a participação nas guerras da Europa Central, a omissão tanto quanto a ajuda disfarçada nos conflitos e genocídios praticados na África, o apoio manifesto a Israel contra os Palestinos, a destruição do Líbano são alguns dos principais atentados diretos ou indiretos dos EUA contra países, povos e etnias, sempre sob a mesma jus-tificativa de manter sua hegemonia no planeta.



Particularmente, nós, brasileiros, em nome da solidariedade à dor do povo americano, temos fortes razões para não engrossarmos o coro do falso patriotismo de seus líderes. A ditadura militar dos anos 60 e 70 também apelou para o terrorismo para dizimar a oposição ao regime im-plantado, em nome do mesmo falso patriotismo de nossos dirigentes, e o fez, porque foi patroci-nada pela CIA e orientada por autoridades do go-verno americano.



É sabido: quem semeia vento colhe tem-pestade. A violência atrai a violência Portanto, conclamamos a todos para que aos sentimentos mais nobres que nos unem ao povo norte-americano, sobretudo neste doloroso momento, não somemos os da justificativa da vingança. Cabe-nos também rechaçar a atitude daqueles, sejam do governo brasileiro ou não, que optam por apoiar incondicionalmente toda ação de represália dos EUA. Que se faça justiça, mas não seja esta deturpada pela razão cínica da retaliação desme-dida.

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