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Discursos-->Discurso de Recebimento do Título de Sócio Honorário da ACAL -- 16/03/2015 - 15:52 (Adrião Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Discurso de Recebimento do Título de Sócio Honorário
da Academia Campomaiorense de Artes e Letras

Introdução


Ao usar este gibão e este chapéu de couro, presto uma singela homenagem aos bravos vaqueiros e roceiros da macrorregião de Campo Maior, que lutaram na sangrenta Batalha do Jenipapo.

E assim trajado com este terno de couro, sinto-me tocado pela varinha mágica da Fada Madrinha, que retroagindo no tempo transporta-me para o povoado Lagoa do Camelo, na zona rural de Luís Correia, onde na minha adolescência brincava de vaqueiro esquipando no meu cavalinho de talo de carnaúba.

Esta reminiscência da minha infância mostra que desde criança eu já admirava e valorizava a figura emblemática do vaqueiro, este baluarte da colonização do Piauí, a quem devemos praticamente tudo, inclusive a nossa Independência.

Excelentíssimos Senhores representantes do Prefeito e da Presidente da Câmara Municipal de Campo Maior;

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, Deputado Themístocles Filho, em nome de quem estendo minha saudação aos Excelentíssimos Senhores Deputados Antônio Fêlix e Aluízio Martins, dignos representantes da “Terra dos Carnaubais” no Parlamento Estadual;

Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia Campomaiorense de Artes e Letras, Escritor João Alves Filho, um dos baluartes de cultura de Campo Maior, onde também se destaca em outras áreas e atividades, inclusive na Maçonaria, e nos Lions, que recentemente o contemplou com o honroso Título de “Companheiro Internacional Melvin Jones”;

Excelentíssimo Senhor Escritor José Ribamar Garcia, digno representante da Academia Piauiense de Letras;

Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia de Letras e Belas-Artes de Floriano e Vale do Parnaíba, Escritor José Bruno dos Santos, em nome de quem estendo minha saudação a todos os dirigentes de instituições culturais e a todos os escritores aqui presentes;

Excelentíssimo Senhor Escritor Homero Castelo Branco, Deputado Estadual por várias legislaturas, que em seu último mandato conseguiu a proeza de aprovar um dos seus mais importantes Projetos de Lei, o “Projeto” que deu origem à Lei nº 5.507, de 17/11/2005, inserindo a data histórica da Batalha do Jenipapo na Bandeira do Estado do Piauí, em nome de quem cumprimento os membros da mesa e todas as autoridades;

Excelentíssima Musicista, Poetisa, Cantora e Compositora Maria de Carvalho Gonçalves, em nome de quem cumprimento a comitiva de Floriano e todos os convidados;

Excelentíssima Professora Maria de Fátima de Sousa Santos, minha esposa, em nome de quem cumprimento os meus familiares: Adrisa, Adrício, Adryann, Caleb, Betulina e Maria Sales, aqui presentes;

Meus senhores e minhas senhoras:

Nesta data histórica em que se comemora os 192 anos da Batalha do Jenipapo, uma das mais sangrentas lutas em prol da nossa Independência, tendo sido inclusive o fato marcante que a consolidou, constituindo-se numa das mais brilhantes páginas da História do Brasil, escrita com o sangue dos piauienses, cearenses e maranhenses, especialmente dos vaqueiros e roceiros da região de Campo Maior, é motivo de satisfação e contentamento comparecer a esta solenidade cívica e cultural para receber o honroso Título de Sócio Honorário da Academia Campomaiorense de Artes e Letras.

Sou muito grato a esta instituição cultural e aos poderes públicos, legislativo e executivo municipal desta terra querida e acolhedora, cognominada de “Terra dos Carnaubais” e de “Berço dos Heróis”, que em reconhecimento à nossa luta pela inclusão da data histórica da Batalha do Jenipapo na Bandeira do Estado do Piauí, além desta honraria que acabo de receber, me agraciaram com o Diploma do Mérito Bitorocara, a Comenda do Mérito Heróis do Jenipapo, o Título de Cidadão Campomaiorense e a inclusão do meu nome em uma das placas do Memorial Histórico de Campo Maior, erguido na praça Bonna Primo. Vale ressaltar também, que foi aqui em Campo Maior, no Monumento aos Heróis do Jenipapo, onde recebi a Comenda do Mérito Renascença do Piauí, outorgada pelo governo do Estado.

A ideia de homenagear o “13 de Março de 1823” na Bandeira do Estado do Piauí surgiu em Parnaíba, em plena Praça da Graça, no início de janeiro de 2005, quando, em debate com um grupo de intelectuais da cidade, me dei conta da grande injustiça do Estado em relação a esta data. Pois, como sabemos, o Calendário Histórico do Piauí registra três datas importantes e todas giram em torno do mesmo fato histórico – a adesão da então Província do Piauí ao processo de emancipação política do Brasil, desenrolada em três etapas:

A primeira ocorreu em “19 de Outubro de 1822”, data em que os parnaibanos comandados pelo Coronel Simplício Dias da Silva e pelo Juiz de Fora, Dr. João Cândido de Deus e Silva, juntamente com outras autoridades militares, civis e eclesiásticas, reuniram-se em praça pública fazendo eclodir um movimento separatista visando a emancipação política do Piauí em relação a Portugal e sua adesão ao Império de Pedro I.

A segunda aconteceu na madrugada do dia “24 de Janeiro de 1823”, data em que, depois de um meticuloso planejamento, aproveitando-se da ausência do Comandante das Armas da Província do Piauí, Major João José da Cunha Fidié, que havia se deslocado da capital para jugular o movimento parnaibano, o Brigadeiro Manoel de Sousa Martins (futuro Visconde da Parnaíba, que também foi vaqueiro) e seu irmão Tenente-Coronel Joaquim de Sousa Martins, auxiliados por vários oficiais, destituíram a Junta de Governo e proclamaram a adesão de Oeiras ao movimento separatista.

A terceira etapa desse histórico processo emancipacionista verificou-se em “13 de Março de 1823”, data em que, aqui nos arredores de Campo Maior, três dias após uma escaramuça contra as tropas portuguesas, ocorrida nas imediações da Lagoa do Jacaré, os heróis piauienses, cearenses e maranhenses, especialmente os vaqueiros e roceiros dessa valorosa região, comandados pelo Capitão Luiz Rodrigues Chaves, juntamente com o Capitão João da Costa Alecrim e com o Tenente campomaiorense Simplício José da Silva, dentre outros, participaram da sangrenta Batalha do Jenipapo, de elevado valor histórico, que, sem dúvida, foi a mais notável de todas as batalhas travadas em solo nacional em favor da emancipação política do Brasil.

Naquela ocasião, em Parnaíba, onde participei da acalorada discussão em que os intelectuais debatiam sobre a importância das três datas, inclusive sobre a defesa do “19 de Outubro” como o “Dia do Piauí”, instituído por Lei desde 1937, lembrei-me que o “24 de Janeiro” também recebeu uma homenagem oficial do Estado, que o incluiu no seu Brasão das Armas. No mesmo momento veio-me a ideia de homenagear o “13 de Março de 1823”, na Bandeira do Estado do Piauí.

Assim que retornei para Teresina, fui ao lançamento do livro da professora Cléa Resende Neves de Melo, na Academia Piauiense de Letras, onde para minha grata satisfação me encontrei com o apresentador da obra, o então Deputado Homero Castelo Branco. Ao nos cumprimentar com um cordial abraço, falei sobre a minha ideia e o pedi para assumir a paternidade do “projeto” junto à Assembleia Legislativa.

O Deputado abraçou a causa, mas me incumbiu de escrever uma tese defendendo a ideia, e assim o fiz publicando-a nos jornais locais, na Revista De Repente, na Internet e, posteriormente, no livro “A Epopeia do Jenipapo”, de nossa autoria.

Nessa mesma matéria, além de sugerir à Assembleia Legislativa para incluir o “13 de Março de 1823” na Bandeira do Estado do Piauí, sugeri também ao governo do Estado para, num ato de resgate à memória histórica, fazer uma homenagem aos “vaqueiros” e aos “roceiros” da região de Campo Maior no Monumento aos Heróis do Jenipapo.

Após a repercussão da matéria, contando com a simpatia dos intelectuais e da opinião pública de Campo Maior e com uma certa rejeição de alguns setores da intelectualidade e de outros segmentos da sociedade parnaibana, levamos o rascunho e as justificativas do projeto ao deputado Homero Castelo Branco, que se valendo da competente assessoria do seu chefe de Gabinete, Escritor Antenor de Castro Rego Filho e dos assessores jurídicos da casa, conseguiu dar os necessários encaminhamentos em tempo recorde e lograr êxito no plenário da Assembleia Legislativa, que o aprovou por unanimidade.

Logo após a votação do “Projeto de Lei”, o então governador do Estado, Wellington Dias, que, anteriormente, havia demonstrado simpatia a essa causa, mudando de lado, encomendou pareceres junto ao Conselho Estadual de Cultura e aos Departamentos de História das Universidades Federal e Estadual do Piauí para justificar seu “veto”.

Diante do aparente insucesso, Antenor e eu continuamos a luta ao lado do Deputado Homero Castelo Branco, que contando com o apoio das instituições culturais, clubes sociais, entidades de classe, Lions e Maçonaria de Campo Maior, conseguiu sensibilizar os parlamentares que, em votação secreta, derrubaram o veto do governador, garantindo assim a inclusão definitiva da data histórica da Batalha no Jenipapo, na Bandeira do Estado do Piauí.

A vitória política do Deputado Homero Castelo Branco nesta luta ferrenha em favor do “13 de Março” é a nossa vitória, é a vitória do povo de Campo Maior, é a vitória do Piauí, que ao estampar essa importante data histórica em sua Bandeira faz justiça aos Heróis do Jenipapo, que num ato de coragem e bravura empenharam suas vidas em prol da consolidação da independência política do Brasil.

Meus senhores e minhas senhoras,

Revitalizando minha sugestão de homenagear os vaqueiros e os roceiros da região de Campo Maior no Monumento aos Heróis do Jenipapo, renovo a proposta, para que o governo do Estado mande confeccionar duas esculturas em tamanho natural, uma de um vaqueiro e outra de um roceiro, armados de foice e em posição de luta, postadas, uma ao lado direito e outra ao lado esquerdo da estátua do Alferes Leonardo de Carvalho Castelo Branco, o famoso Leonardo da Senhora das Dores, representante da elite social, intelectual e militar piauiense, que, apesar de sua grande importância no contexto desse processo emancipacionista, tendo inclusive participado do movimento parnaibano e proclamado a Independência em Piracuruca e Campo Maior, não lutou na Batalha do Jenipapo, e somente no segundo governo de Hugo Napoleão seu busto passou a integrar aquele majestoso monumento.

Aproveitando o ensejo, conclamo as instituições culturais, aqui presentes, o Lions, a Maçonaria, a Associação Comercial, os Sindicatos, as Associações de Bairros e outras instituições locais, incluindo também, pelo menos um representante dos vaqueiros e outro dos trabalhadores rurais, para que, individualmente, ou sob a coordenação da Academia Campomaiorense de Artes e Letras, oficiem ao governo do Estado justificando a relevância da participação desse importante segmento social no contexto do processo emancipacionista do Piauí, e pedindo-lhe para que repare uma gritante injustiça histórica, homenageando esses humildes combatentes no Monumento aos Heróis do Jenipapo.

Convoco também o Presidente da Assembleia Legislativa, o Prefeito e os representantes de Campo Maior no Legislativo Municipal e Estadual para que abracem essa causa, pois como sabemos, até mesmo o “Soldado Desconhecido” é digno de homenagens, quanto mais esses bravos combatentes que escreveram, com seus próprios sangues, uma das mais belas páginas da História do Brasil.

O Excelentíssimo Senhor Governador Wellington Dias, que num canal de TV local, confessou seu sonho de adolescência em ser vaqueiro, agora tem a oportunidade de se redimir com a memória histórica, impedindo que as mandíbulas do tempo devorem essa aspiração do povo de Campo Maior e continuem a arrotar o gosto amargo dessa grande injustiça do Estado em relação a esses baluartes da colonização do Piauí e da nossa Independência.


Campo Maior, Piauí, 13 de Março de 2015.


Adrião Neto – Dicionarista biográfico, historiador, poeta e romancista. Autor de várias obras e da ideia da inclusão da data histórica da Batalha do Jenipapo (13 de Março de 1823) na Bandeira do Estado do Piauí – sugestão devidamente viabilizada pela Assembleia Legislativa (Lei nº 5.507, de 17/11/2005, de iniciativa do Deputado Homero Castelo Branco).




















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