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Artigos-->A FARSA DA REELEIÇÃO -- 07/09/2006 - 21:43 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FARSA DA REELEIÇÃO



Délcio Vieira Salomon





O ‘alea jacta est’ da reeleição a esta altura está sacramentado. O futuro já virou caduco. Os entendidos o tinham previsto: a farsa da reeleição, com a compra de deputados e consciências, uso da máquina administrativa, transformaria o atual processo eleitoral em ato. Ato de confirmação de FHC no cargo.

Afinal a vontade do Soberano Iluminado tinha de ser respeitada. Como há tempo nos vem alertando o humorista José Simão, fomos convocados para a cerimônia da ‘rei-eleição’. Sua Majestade conseguiu tudo o que queria: homogeneidade da mídia, manipulação das pesquisas eleitorais, subserviência do Legislativo e duplicação do tapa-olhos da Justiça.

Só uma coisa parece que não conseguiu: liquidar a esperança de um povo, sempre tapeado e sempre oprimido, mas ainda a aguardar o momento de fazer-se ouvir. É por isso que temos de render homenagem a Lula e a Ciro Gomes. Suas can-didaturas e o desempenho de ambos canalizarão, para a oposição pós 98, significativos votos. Foram candidaturas emblemáticas. Não permitiram que FHC se autoproclamasse ‘o ungido da nação para perpetuar-se no poder’. Até que o ‘rei-eleito’ assim se imaginou. Com golpe ou sem golpe!...

Por isso massacrou Itamar. Candidato, mesmo não sendo o mais indicado, certamente aglutinaria em seu redor a oposição e o descontentamento de todos os matizes. Certas verdades viriam à tona. O imperador ficaria nu e provavelmente seu projeto iria por terra. Livre do único obstáculo, sua volúpia pelo poder tornou a estrada real inteiramente lisa para surfar...

A votação que vierem a ter Lula e Ciro juntos significará um divisor de águas. Uma leitura atenta dos resultados haverá de detectar que a chamada grande maioria dos votos de FHC significará, no mínimo, a soma de: 1) uma pletora enorme de eleitores iludidos que se deixaram influenciar pela mídia homogeneizada em torno do chamado ‘pensamento único’ ou do fascínio de ter um ‘intelectual poliglota’ no topo do poder; 2) mais uma parcela bem diminuta dos que realmente acreditam no candidato. Já os votos em Lula e Ciro Gomes, tanto quanto os nulos e brancos, representam os cidadãos conscientes e que não acreditam mais em imposturas.

O amanhã pinta-se tenebroso. O caos já começou. Pelo discurso de FHC, em 23.09.98, sabemos o que nos espera: talvez o período mais trágico pós-64. Quem tem ‘a história como mestra’ sempre há de temer o intelectual no poder, sobretudo quando vaidoso e arrogante. Por muitas razões, principalmente por esta apontada por Gramsci: “o povo tem o sentimento, sente, atua; o intelectual compreende, mas não sente”. É que o governar ou o conduzir gente coloca o sentir o outro antes do teorizar e acima do entender e do proprio compreender.

O intelectual sabe disso, mas, infelizmente, uma vez guindado ao poder, facilmente se esquece. E quando este intelectual é também sociólogo, as coisas complicam-se mais ainda, pois, como lembrava Florestan Fernandes - o papa da Sociologia Brasileira: “Os intelectuais, quando não são destituídos de potencialidades práticas, não contêm eficácia política.(..) É inerente à posição dos sociólogos, ou, em termos mais gerais, dos cientistas sociais, uma falta de potencialidade dirigida para a ação prática significativa”1 Pior, porém, é quando este intelectual é o sociólogo-presidente a declarar, como o fez em O Presidente segundo o Sociólogo, ao ser indagado sobre a pobreza que continua chocante no Brasil: “minha cabeça é muito paulista, de modo que não sei o quanto isso vale para o resto do país.” 2

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