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Artigos-->Por que o livro Mensagem se chama Mensagem? -- 28/07/2006 - 17:06 (Jayro Luna) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Do nome do livro Mensagem e das condições para entendê-lo

(este texto é um tópico do livro "A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pessoa: Abordagem Numerológica, Astrológica e Cabalística"

disponível para download em formato pdf no site Orfeu Spam - www.jayrus.art.br/Academica.htm

ou no site www.jayroluna.net)



O nome do livro em questão de Fernando Pessoa já foi objeto de alguns apontamentos. Sabe-se que originalmente o livro se chamava “Portugal” e que após a mudança do nome do livro ele concorreu ao concurso de poesia do Secretariado da Informação em 1934, conquistado o segundo lugar, sendo o primeiro obtido por Vasco Reis com Romaria. Gaspar Simões aponta a seguinte fala de Pessoa para explicar a mudança do título do livro: “porque o meu velho amigo Cunha Dias me fez notar - a observação era por igual patriótica e publicitária - que o nome de nossa Pátria estava hoje prostituído a sapatos, como a hotéis a sua maior dinastia. Concordei e cedi.”

Já se observou que a troca do nome não foi feita apenas por uma substituição simples de uma palavra por outra. Pessoa, segundo Gaspar Simões, nos diz que o nome Mensagem parece o mais adequado “por estar mais dentro da índole do trabalho e, ainda, por ter o mesmo número de letras.”

Existe um manuscrito de Pessoa em que ele trabalha a frase “Mens Agitat Molem” extraída de Eneida para compor a palavra “Mensagem”, que seria formada pelas seguintes partes da frase: MENS AG/itat mol/EM e que antes de chegar à palavra “Mensagem”, FP escreve “Mensa Gemmarum” expressão alquímica.

De fato, ambas as palavras têm oito letras, e mais que isso, a mesma posição para consoantes e vogais, bem como o mesmo número de sílabas e de letras em cada sílaba, como já foi notado por alguns:



P O R / T U / G A L

M E N / S A / G E M

C V C / V C / V C V

Mas ainda existe mais nessa substituição. Notemos que é uma operação comum na Cabala a utilização de letras com valores numéricos, e a Numerologia, principalmente a de caráter pitagórico, associa conceitos e idéias aos números, daí que o estudo de nomes e palavras tem um valor decisivo para essas ciências. Inúmeras são as tabelas aplicadas e possíveis, mas adotaremos aqui, nesse caso, uma das mais conhecidas que é a adaptação da tabela pitagórica para o alfabeto latino, em tal tabela seguimos pela ordem das letras de 1 até 9, e depois repetimos o processo a cada 9 letras, ficando assim:

A = 1; B = 2; C = 3; D = 4 ; E = 5; F = 6; G = 7; H = 8; I = 9; J = 1; K = 2; L = 3; M = 4; N = 5; O = 6; P = 7; Q = 8; R = 9; S = 1; T = 2; U, V = 3; V, W = 4; X = 5, Y = 6; Z = 7 .

Essa tabela comporta pequenas variações dependendo do autor e da aplicabilidade, principalmente no que tange às letras não originárias do alfabeto latino (J, K, Y, U, W). Mas no caso específico das palavras envolvidas (Mensagem, Portugal) não terão conseqüências importantes a explicitação das razões dessas variações. Aplicando os valores das letras obtidos na tabela pitagórica e fazendo a soma dos seus valores (gematria) chegamos aos seguintes resultados:



PORTUGAL = 7 + 6 + 9 + 2 + 3 + 7 + 1 + 3 = 38 (que é igual a 2, pois 3 + 8 = 11 e, por sua vez, 1 + 1 = 2, embora 11 seja uma número com um significado importante definido);

MENSAGEM = 4 + 5 + 5 + 1 + 1 + 7 + 5 + 4 = 32 ( que é igual a 5, pois 3 + 2 = 5).



Desdobramentos e interpretações dessa operação revelam que no nome “Portugal” existe apenas um valor repetido (7 de “P” e de “G”) ao passo que em “Mensagem” temos duas vezes o 4 (ao começo e ao fim), duas vezes o 1 (ao centro), três vezes o cinco (“E”, “N”, “E”) e o 7 é agora o único valor que não se repete. O valor 5 será em Mensagem associado diretamente à simbologia portuguesa em razão das quinas do brasão, embora tenha outro significado na Numerologia e na Cabala.

32 que é a soma de Mensagem é também o resultado cabalístico da soma das 10 sefirot com os 22 caminhos na constituição da Árvore da Vida. Desse modo, o livro de Pessoa se engendra como metáfora do caminho do conhecimento.

Sendo isso verdadeiro, seria possível uma analogia entre as 10 sefirot e as partes de Mensagem ? Plenamente, como se pode demonstrar agora. Primeiro vejamos a estrutura da Árvore da Vida com suas 10 sefirot e seus 22 caminhos. A sexta sefirot é “Tepheret” e para ela convergem diretamente as outras cinco que a circundam: Gevura, Hesed, Hod, Yezod e Netzah. Essa é analogamente a estrutura das partes do “Brasão” constituído de 5 secções: Os Campos, Os Castelos, As Quinas, A Coroa e o Timbre. A parte superior da Árvore da Vida temos a trindade de sefirot: Kether, Binah e Hochma. Em Mensagem, a terceira parte é “O Encoberto” que é formada secções: “Os Símbolos”, “Os Avisos” e “Os Tempos”. Existe uma 11.ª sefirot que é considerada como uma “não-sefirot” uma vez que ela está encoberta, oculta da estrutura da árvore e é apenas intuída, acerca da natureza dessa “não-sefirot” sugerimos a leitura de Ann Williams-Heller, que observa: “Oculto, velado e protegido como as raízes da Árvore da Vida, existe um ramo sem ligações aparentes com os demais, que guarda o misterioso segredo da vida em seu âmago, segredo este que em essência é o maior segredo da nossa vida. O nome do ramo é Daath” (p. 185). Daath é em Mensagem “O Encoberto”.

Por fim, resta na Àrvore da Vida, a sefirot mais inferior na estrutura que é Malcut (O Reino) que corresponde a segunda parte de Mensagem, que não contém secções: “Mar Portuguez”.

Os 22 caminhos correspondem às 22 duas letras do alfabeto hebreu e razão das operações numerológicas que constituem boa parte dos estudos cabalísticos. Notemos que o livro de FP se constitui ao todo de 44 poemas, justamente o dobro de 22. A razão? Mensagem não é apenas um livro de poesias, mas o é também. É um livro de poesias e se assim o encaramos, temos um caminho de leitura, mas é também um livro esotérico e aí temos outra natureza de caminho. Assim os caminhos aqui são dobrados ou de dupla natureza.

Árvore da Vida: esquema básico:

10 sefirot:

.............1-Kether (A Coroa)

............/......
......

.........../.......
........

…3-Binah ___
___2-Hochma

..........
........
..........


.5-Gevura___
___4-Hesed

.........
.......
...../.....


.........
.......
..../......


.........
...6-Tepheret.,


..........
..../...
.........


..........
.../....
.........


....8-Hod____
___7-Metzah

.................
…./….../

.................
../...../

..............9-Yesod./

..................
…../

.............10-Malcut.





Notemos a possibilidade de conversão das letras das palavras “Portugal” e “Mensagem” no palíndromo do conhecido quadrado mágico “Sator Arepo Tenet Opera Rotas”:



SATOR (menSAgem + pORTugal);

AREPO (mensAgEm + PORtugal);

TENET (mENagEm + porTugal);

OPERA (vide Arepo);

ROTAS (vide Rotas).



Nessa conversão anagramática sobram as seguintes letras que não fazem parte do anagrama: “M”, “G” e “L” Destas, apenas o “G” está nos dois nomes e na mesma posição, ao passo que o “M” inicia e termina o nome “Mensagem” e o “L” apenas termina o nome “Portugal”. Para os maçons o “G” é a letra sagrada inscrita no centro do esquadro (CASTELLET), o “M” indica “Mestre” e “L” a Loja ou o “Liber” (livro). Aqui o “Mestre da Mensagem” é Fernando Pessoa e a sua “loja esotérica” é “Portugal”.

Na “Nota Preliminar” do livro, FP escreve que são necessárias cinco qualidades para se poder compreender corretamente o seu conteúdo, a saber: 1) Simpatia; 2) Intuição; 3) Inteligência; 4) Compreensão e 5) Graça ou Conhecimento. A Simpatia é a condição inicial uma vez que o iniciado tem que estar, no mínimo, aberto ao recebimento. A Intuição é fundamental, para poder descobrir o que está faltando nas lacunas, para poder descobrir o sentido das figuras e das analogias. A Inteligência de caráter analítico para compreender o sentido do Simbolismo. A Compreensão se relaciona ao repertório (“o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes”). E a quinta (“Graça”, “mão do Superior Incógnito” ou “Conhecimento e conversão do Santo Anjo da Guarda”) é o pré-requisito para que o iniciado possa chegar ao nível mais profundo do “Entendimento” da obra.

Temos assim, colocada na “Nota Preliminar” de Mensagem quase que um manual de requisitos não apenas para o início de leitura de um livro de poesias, mas também um conjunto de regras preliminares para o início dos estudos ocultistas.



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