Usina de Letras
Usina de Letras
169 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62266 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50656)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A Viagem -- 20/05/2000 - 22:15 (Rodrigo Teles Calado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já eram mais de vinte horas, estava na casa de minha namorada, acompanhado dela, mais de minha sogra, Dona Eusébia. Havia passado por lá, pois tinha sido convidado para jantar com elas naquela noite.

---Nem me lembre disto, jantei como se estivesse com uma fome de um cavalo. Mas não era de se surpreender, D. Eusébia era inconfundível na culinária, de tal grandeza eram seus pratos, mesmo que simples, eram incomparáveis. Diziam que na Itália, não havia ninguém, que fazia um macarrão como ela. Poderia afirmar, que não era apenas o macarrão, e dizer lhes mais ainda, de que a cozinha era para ela, assim como o ateliê é para um artista. Acima de tudo, ela era uma pessoa extremamente doce, e atenciosa, uma daquelas sogras, difíceis de se encontrar.

---Estava na hora de ir, ainda havia muito o que fazer naquela noite. Deste modo, levantei-me assim que encerrara o jantar, despedi de D. Eusébia, e chamei Marcela, para que me acompanhasse até a porta, que assim, pudéssemos nos despedir. Mas como sempre, esta nossa despedida fora prolongado. O que nos dava uma característica de um casal de namorados apaixonados.

---Após várias tentativas de despedidas fracassadas, e mais de dez minutos em vão, Marcela adentrou em sua casa, e segui meu caminho, em direção ao meu escritório, o qual me esperava, para mais uma noite de trabalho.

---Estava a atravessara rua, quando escutei um barulho esturrecedor. Voltei-se para ele, mas nada adiantara, avistei um clarão, que no mesmo instante escureceu-se. Nos minutos seguintes, o que via, eram flashes. Não estava a entender o que de fato acontecera, via meu corpo esticado no chão, minando-se de sangue, e ao redor dele, uma multidão de curiosos, que se aglomeravam a cada instante. Me sentia leve, e ao mesmo tempo frágil, ao ver este acontecimento. Foi quando avistei D. Eusébia, ela acabara de sair de sua casa, bradou um grito, em negação ao que via, e levou suas mãos ao seu rosto. Logo em seguida, aparecera Marcela. D. Eusébia ao vê-la, segurou-a em seus braços, tentando contê-la, de ver o pior.

---Tentei me aproximar delas, para que de alguma forma, percebessem minha presença. No entanto, meus esforços nada adiantaram, e nem ao menos, chegaram a pensar, de que alguma forma estivesse presente.

---Percebendo a total incapacidade, a qual me encontrava, sentei ao lado de uma gameleira, e passei a observar o tumulto, que se formava ao redor de meu cadáver. Foi quando senti uma mão em meu ombro, a qual não sentia a anos. Voltei-me para ela, e era de meu pai, o qual abrindo um sorriso, me disse: -"Não gaste suas energias, tentando lutar contra a realidade. Pois você ainda tem uma longa caminhada pela frente, a qual passei a anos atrás".

---Assim que disse isto, sumiu diante de meus olhos, como em um passe de mágica. O que não estava a entender, se tornou mais confuso ainda, pois não aceitava tal realidade.

---Passei aquela noite, sob a gameleira, tentando buscar respostas, para o que de fato acontecia. Cheguei a ver meu corpo sendo carregado pela ambulância, assim como, a escutar o que contavam a respeito do acontecido. Por vezes, fui ao local exato do acidente, mas não obtive respostas, ao que via. Negava a realidade, não queria me dar conta, de que estava morto.

---Resolvi então, ver Marcela, para que pudesse desta forma, ver como estava. A cena não poderia ser diferente, entre soluços, saiam-se as lágrimas. Não contive-me, ao vê-la daquela forma sobre sua cama. Tentava me comunicar com ela, no entanto ela não se dava conta de minha presença.

---Foi quando soltei um grito, em desespero, chamando-a pelo seu nome. Ela voltou os olhos em minha direção. Por um momento, pensei que ela tivesse percebido minha presença. Mas ao vir em minha direção, ela passou por mim, como se não estivesse presente. Neste momento, me dei conta de quel ela não me via. Ela lançou olhares ao seu redor, mas nada percebia, nada se movia, diante de seus olhos. Seu rosto fechou-se novamente, e voltou a deitar em sua cama, e a repetir os soluços, acompanhados de lágrimas. Foi quando me dei conta, de que ela talvez, estivesse pensando de que estaria louca, ao escutar vozes em vão, Ao mesmo tempo, fiquei feliz, pois havia percebido, que existia algum modo de me comunicar com ela, após o resultado deste grito em desespero. Tentei então, por várias vezes seguidas entrar em contato com ela, mas não obtive resultados positivos, já que sempre que tentava falar algo, minha voz não saía. Assim que a vi cair em um sono profundo, tratei de me acomodar em algum canto, para que assim pudesse descansar.

---No dia seguinte, Marcela acordara com fortes enjôos, que surgiam de tempo em tempo. Me preocupava estes enjôos, pois a saúde dela poderia estar em risco, a qual idéia, me deixara atordoado, pois não desejava nada de mal, aquela doce pessoa, e ao mesmo tempo, o meu grande amor.

---Por um período, fiquei só naquela casa, pois haviam ido ao meu velório. Não sabia o que fazer, pois estava preso a um mundo, que até aquele momento, não o conhecia, muito menos dava conta de sua existência. Me sentia fraco, extremamente fraco, diante de tal situação, a qual era incapaz de fazer algo.

---Já se passara algumas horas que estava só, e escutei um tilintar de chaves. Eram elas, que estavam de volta, um pouco que abatidas, conforme o esperado. Passaram alguns minutos, a trocarem olhares na sala onde se encontravam. Marcela, um pouco que exausta, com o que acontecera, voltou-se para seu quarto, em busca de descansar, e ficar só. Fui logo atrás dela, para tentar de alguma forma, ampará-la. Chagando lá, ela deitou-se sobre sua cama, e ficou a olhar ao seu redor, e a pensar. Entre seus braços, encontrava-se seu mascote, um gato siamês, o qual olhava em minha direção fixamente. Em uma determinado momento, este gato levantou-se, e veio em minha direção, e começou a rociar minhas pernas, e a miar insaciavelmente. Marcela não entendendo o acontecido, frisava sua testa, e mais uma vez, não se dava conta da minha presença, negando-a. Voltei-me a um canto de seu quarto, sentei, e fiquei a observá-la. Por horas seguidas, ficara imóvel, olhando para o nada, com uma face de uma pensadora.

---A certa altura do dia, Marcela levantou-se de sua cama, e foi em direção de sua escrivaninha. Pegou uma folha de papel, e com uma caneta, escreveu: "R&M". Parou por algum instante, e dele para outro, fechou novamente seu rosto, e com a mesma caneta, tentou riscar o que havia escrito. Mas eu, ao ver este fato, bradei que não, o qual não, de alguma forma interferiu, para que não ocorresse esta fatalidade. No instante que disse não, a caneta cedera a emissão de tinta, e o "R&M" escrito, não pode ser rabiscado, na tentativa de apagá-lo. Marcela, percebendo este fato, olhou para a caneta, e em um instante de nervosismo, tentou novamente rabiscar nossas iniciais, no entanto não conseguiu. Ao tomar conta disso, conteve-se, e pensou que já estivera louca por completa naquele momento.

---Voltou-se para todos os lados de seu quarto, esclamando se eu estava presente. Respondi por diversas vezes que estava ao seu lado, no entanto nada adiantara, pois ela não escutara uma só palavra que disse. E então, ela em um momento de incompreensão, voltou-se para o nada, e disse: "Rodrigo, se estiver aqui, gostaria que soubesse, que...".

---Naquele instante, uma voz superior interrompera o que estava acontecendo, e me vi perdido em uma imensa escuridão, e ao mesmo tempo, um clarão surgiu. Foi quando, fui me dar conta de que estava sonhando, e de que esta voz superior, era de minha mulher, me chamando para acordar.

---Olhei-a, como se tivesse nascido novamente, busquei meu relógio, e me dei conta, de que já havia passado da hora de ter acordado. Sorri, ao perceber, de que tudo aquilo, não passara de um sonho. Apenas por uma coisa, me arrependo de ter acordado, de não ter escutado o que Marcela anseiava em me dizer...

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui