OPOSTOS
Tu és Sol,
És esplendor.
Eu sou a fria Lua
A refletir teu brilho,
Sugar tua luz
E aquecer-me em teu calor...
Somos água e vinho,
Ventura e amargura,
Juta e linho,
A mistura mais impura...
Somos o contraditório,
Um antiquado repertório,
Mofado pelo desuso,
Roto pelo pouco caso...
Você é urbano,
Tudo ao seu redor
é movimento...
Eu sou deserto,
Campo aberto,
Dizimado pelas batalhas
Travadas comigo mesma...
Caminho só, sem esperança,
Com as lembranças
Dos que em mim se perderam
E por mim se encontraram...
Você tem um dogma,
Eu, um enigma...
Você, um sonho.
Eu, pesadelos...
Você é sinfonia
Divinamente orquestrada.
Eu, desarmonia,
Melodia inacabada...
Você, a valsa.
Eu, o bolero...
Você, nota máxima
Eu, nota zero...
Você dá o tom,
Dá as rédeas,
Dá as cartas...
Você tem o controle
Desta minha nostalgia...
Eu...
Eu não posso te dar nada,
A não ser minha poesia...
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Valéria Tarelho - 03/06/02
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