SUBJUGAÇÃO NEFASTA E IMPIEDOSA
[...] Quando os homens se reconhecerem fracos e interdependentes uns
dos outros; quando as nobres expressões da honestidade moral dirigirem os
impulsos; quando os desejos grosseiros forem submetidos à reflexão e à
competente disciplina; quando as máximas do Cristo se espraiarem além do
Livro da Boa-Nova para se incorporarem ao livro dos atos humanos de cada
criatura; quando o amor deixar de ser uma utopia e for exercitado pelos
indivíduos, a felicidade reinará sobre as vidas na Terra e o Reino dos Céus,
estabelecido desde então, se alongará indefinidamente.
Consideram os parvos e apressados, os gozadores e os cínicos que
é impossível se transformarem sonhos em realidades; assentem os negligentes
e os fracos, os impiedosos e facínoras, os displicentes e atormentados que a
fé religiosa, a fé na vida futura, na imortalidade, é ópio embriagante e
mentiroso, e deixam-se consumir por outros opiáceos, de imediata e maléfica
conseqüência, a distância dos homens que auguram e logo esperam o primado do
Espírito Imortal na Terra. Felizmente, amanhece já, em madrugada de
esperanças, esse período, embora as nuvens espessas que teimam por perdurar
nos céus da atualidade social e moral da Terra, nesta transição dos períodos
evolutivos. Graças a isso, milhares de corações concretizam, no momento, as
esperanças de Jesus-Cristo, arrojando-se nos labores da fraternidade, em
todos os sítios e lugares. Ei-los nas frentes das batalhas desconhecidas,
contra a miséria de qualquer matiz, junto aos órfãos e obsidiados, aos
ignorantes e revoltados, à velhice sem rumo e à enfermidade sem medicamento,
elaborando e firmando as primícias da Era da Paz e do Amor.
Nos dias do amor, os homens se sustentarão uns aos outros e já
não se farão lobos do próprio homem. A amizade se transformará em licor de
entusiasmo, a correr nas veias dos sentimentos, conduzindo hemácias de
simpatia nutriente, que se converterão em plasmas de vida sadia. O comércio
psíquico com os infelizes do mundo espiritual inferior não mais se fará,
porque, sendo sol, o amor é vida que anula e subtrai as forças nefastas,
transformando-as.
O amor, por enquanto, na Terra, encontra-se oculto em jazidas
profundas, das quais só a ganga, o cascalho tem merecido consideração. Os
inesgotáveis filões permanecem desconhecidos.
Dia virá!... E já chegam esses dias esperados, em que o
Paracleto se alastra na Terra, corporificando vidas e vidas
recristianizadoras, na epopéia de lídimo renascimento do Cristianismo, em
sua primitiva grandeza e eloqüente pureza.
Dia virá!... [...]
(Do capítulo com o título em epígrafe do livro "Párias em redenção", de
Divaldo P. Franco, pelo Espírito Victor Hugo)
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