No campo filosófico, é a sacerdotes que se devem, no Brasil, os primeiros trabalhos de psicologia; também lhes cabe a primazia nas discussões em variados temas de filosofia social; com relação à introdução dos métodos experimentais mantiveram-se, porém, em atitude de reserva, por muito tempo, após o que passaram a apresentar valiosa contribuição. Todas as reservas deviam realmente desaparecer com a constituição “Deus scientiarum Dominus”, pela qual o Papa Pio XI estabeleceu nova legislação e programas para as faculdades pontifícias em todo o mundo; e, sobretudo, depois da legislação jesuítica de ensino, expedida em 1941, a qual prescreve o ensino obrigatório da psicologia experimental no curso de filosofia, como suplemento aos estudos metafísicos e como base da pedagogia.
Data desse ano a introdução da especialidade na Faculdade Pontifícia de Filosofia do Colégio Máximo Anchieta, com sede em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, onde é professada pelo
Padre Henrique C. de Lima Vaz; outro sacerdote, membro do corpo docente da Faculdade, realiza estudos de especialização na Universidade de Lovaina, na Bélgica, a fim de habilitar-se a dirigir o laboratório que aí se instala. Por outro lado, as Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo e do Rio de Janeiro instalaram Institutos de Psicologia.
Deve-se a um saudoso jesuíta brasileiro, grande educador,
Padre Leonel Franca (1893-1948), a obra “Psicologia da Fé”, que se tornou clássica (42); e ao dominicano brasileiro,
Frei Damião Berge, vários estudos sobre a estrutura do sentimento religioso, nos quais se resumem as pesquisas de Starbeck e William James sobre o assunto, e dão-se os resultados das mais recentes investigações, como as de Gingershon, Gruhen e Gemelli (28). Na extensa obra que publicou em 1938, sobre elementos da filosofia aristotélica-tomista,
A. B. Alves da Silva reserva todo o primeiro volume à psicologia empírica; a obra expositiva mais completa sobre psicologia experimental, em língua portuguesa, é de autoria do
Padre Paulo Siwek (1913) (67); o melhor estudo sobre educação sexual, com fundamentos psicológicos modernos, deve-se ao
Padre Álvaro Negromonte. Ao
Padre Carlos Leônico da Silva, que por longos anos dirigiu o Instituto Superior de Pedagogia, anexo à Faculdade de Filosofia do Ateneu Salesiano de Turim (Itália), e hoje dirige a Faculdade de Filosofia de Lorena (São Paulo), devem-se trabalhos pedagógicos baseados em modernos fundamentos da psicologia, e, bem assim, a animação de estudos experimentais em 1954, essa Faculdade inaugurou um Laboratório de Psicologia Experimental, sob a direção do
Padre João Modesti.
Líderes católicos, entre os quais
Alceu Amoroso Lima (1893) (46), ou educadores católicos como
Everardo Backheuser (1897-1951) e
Teobaldo Miranda Matos (1904), tem versado assuntos atuais de psicologia educacional, tendo compilado obras para maior difusão dos conhecimentos modernos da especialidade.
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NOTA: A presente parte, de LOURENÇO FILHO, M.B., foi publicada em
“A PSICOLOGIA NO BRASIL”, de Fernando de AZEVEDO (organizador), Volume 2, às páginas 282 e 283, cuja coleção de três volumes,
“AS CIÊNCIAS NO BRASIL”, foi editada pela Melhoramentos, de São Paulo (SP), s.d.p. (sem data de publicação), por volta do ano de 1960.
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LUIZ ROBERTO TURATTI.