Dança de Santo
Paulo Nunes Batista
É dança de corpo todo,
Que vai da cabeça ao pé:
Dançam as almas, dança a vida
Na Casa de Orumalé...
Dança o céu, dança o Terreiro-
Dança o povo brasileiro
No Toque do Canbomblé.
É uma Dança colorida-
Roxa-azul-verde-amarela-
Remexida, sacudida,
Que o chão desta Noite estrela.
Por que é que a Paz e a Bonança
Não fazem do mundo a Dança
Para a vida ser mais bela?!
Dançam as estrelas no céu,
Dançam as estrelas no mar,
Dançam os átomos no corpo,
Dança o Desejo no olhar...
Dançam os glóbulos no Sangue
E os caranguejos no mangue,
Que a Lei da Vida é – dançar...
Chapéu e tanga de palha,
Saiote cor de algodão,
Dança o tempo Ogum-de-Ronda
Pisando o espaço no chão:
O corpo fazendo onda
Dança o Tempo – Ogum-de-Ronda
Nas praias deste Salão.
Dança Oxossi no Terreiro,
Dança Oxossi o deus da Caça-
Dança de pés e de mãos,
Desce, sobe, o espaço abraça:
Dança com toda a Beleza
Das Forças da natureza
Nas ondas do Mar da Raça...
A Noite se faz Menina
Pra receber o Orixá-
Flecha de Luz atirada
Pelo Arco de Oxalá,
Que atinge o alvo da meta:
Fura a Noite do poeta
E abre Estrelas no Congá
Vindo lá de Fortaleza.
Pai Orumalé se vê-
Canta em línguas africanas,
Conhecedor como o quê!
O Tempo faz-se presente.
E a Magia, de repente,
Dos Santos abre o buquê!
Acompanhando o compasso
O Adjá dança também...
Dançam Meninos, Meninas,
Dança quem vai e quem vem...
Oghidavis no Atabaque
Também dançam em cada baque:
É Dança em terra e no Além!
Depois de todas as Danças
A Dança de Exu chegou.
Calaram-se os Atabaques
E a Festa, enfim terminou.
Zambe abençoe toda a gente
E haja Festa permanente
No ILÊ AXÊ DE XANGÔ!...
Anápolis, 13/01/1991.
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.
Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.
PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.
|