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Artigos-->LULA - A QUEDA DE UM ÍCONE -- 26/03/2006 - 11:39 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LULA - A QUEDA DE UM ÍCONE

J.B.Xavier



Caro leitor, sugiro que antes de ler este artigo, leia outro de minha autoria, intitulado “O Perigo da Hipocracia”, escrito em outubro de 2002, e publicado neste site.

--------------



Do PT se esperava outra coisa: Ingenuidade, desinformação, e até burrice. Mas nunca desonestidade. Mesmo eu, que não sou petista - mas sou brasileiro - torcia para que Lula acertasse. Debalde. No mundo globalizado da informação, não há mais espaço para retórica.



Luiz Inácio Lula Não Sei Nadinha da Silva quase convenceu o país de que estudar não é importante.



Quando ele declarou que nunca leu um livro na vida, por um triz não queimo os que tenho. Afinal, se não fizeram falta para ele, por que fariam para mim?



Por pouco o analfabetismo de sua mãe não se torna o padrão ideal para dar à luz, e por um triz ele não nos convenceu de que assumir a presidência de um país como o Brasil, era, afinal, um probleminha apenas um pouquinho maior do que negociar greves fabricadas, gritando palavras de ordem sobre um caminhão de som, no Grande ABC, em São Paulo.



Sem a menor idéia da diferença existente entre os termos “país, Estado e nação”, ele, em sua abençoada ignorância - à qual, às vezes, parece realmente grato – deixou de ler o que Winston Churchill escreveu há décadas:



“Pode-se enganar alguns durante algum tempo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo”.



Se tivesse lido a frase do grande estadista inglês, ele provavelmente pensaria: “Mas pode-se tentar!”



Feliz por ter certeza de que a população do Brasil era apenas uma platéia ampliada dos pátios das montadoras, ele esqueceu que no exercício da presidência, não teria a seu favor uma fábrica parada, cujo prejuízo forçava o acordo.



E assim, jogando com cartas marcadas, ele foi construindo a imagem de líder, de negociador, sem ter a menor noção do que essa palavra implica.



Encantadas com o discurso populista, algumas trupes pseudo-intelectuais,encasteladas nas torres de marfim das universidades, distantes do exercício real e cotidiano de governar um país, passaram a considerá-lo carismático, esquecendo, também elas, que esse termo implica no conjunto de habilidades sustentadas de encantar, seduzir e despertar a aprovação e a simpatia das massas.



Por um triz, Lula não preenche esses requisitos.



Através de observações no ABC e da prática recorrente e constante de incitações de metalúrgicos à paralização, ele foi aprendendo, adquirindo e desenvolvendo a habilidade de encantar e seduzir. Mas esqueceu da palavra “sustentadas”.



E foi aí que novamente o vácuo de sua formação – do qual ele tanto se orgulha, a ponto de fazer-nos parecer idiotas por termos estudado - o impediu de ser um personagem verdadeiramente carismático e de passar à história como estadista: Faltou-lhe sustentação no discurso, que perpetuasse suas idéias e por conseguinte, suas habilidades de encantar. Leia “conteúdo” em lugar de “sustentação”, se preferir.



Sem conteúdo, suas historinhas metafóricas, utilizadas para ilustrar grandes idéias – graças às quais os pseudo-intelectuais o classificaram como grande comunicador - aos poucos foram se tornando repetitivas, até que, ao perderem o gosto de novidade, começaram a aparecer como realmente são: Mal formuladas e insípidas, ou seja, sem gosto e sem cheiro. Numa palavra: Vazias!



Não é à toa que algumas das verdadeiras cabeças pensantes do PT debandaram, como Cristóvão Buarque e outros. Eles sabiam que o partido estava criando cobras no quintal, e não tinham estômago tão forte ao ponto de não vomitar com o que viam.



De outro lado, o partido expulsou todos os que seguiam sua ideologia à risca, ou seja seus fiéis e sinceros escudeiros.



Com a debandada dos poucos pensadores que lhe davam sustentação e sentido, e dos seguidores fiéis, o PT ficou acéfalo e entregue à sandice desenfreada dos medíocres que permaneceram.



E como um bando de piranhas disputando uma carniça, eles desmantelaram todos os princípios ético-políticos que ainda restavam de pé no Brasil.



Hoje a figura de Luiz Inácio Lula Não Sei Nadinha da Silva é pouco mais que uma figura decorativa, desengonçada e pouco à vontade, sozinho, numa roda à qual não pertence. Um bobo útil, ao fim e ao cabo, manipulado pela máquina que ele julgou ser tão fácil de capitanear.



Assim, o sonho ideológico gramisciano* do PT foi para o vinagre, e ele se tornou uma marionete, cujos fios vão até as mãos de hábeis manipuldores, que certamente, juntamente com os fios, mantém a ponta de seu rabo preso, por deterem informações sobre suas falcatruas que não devem ser reveladas ao grande público - ainda!



Assim como não é possível que ele tenha sido enganado por todos, já que é muito mais esperto que seus correligionários - afinal foi ele quem chegou á presidência - também é difícil crer no conto de fadas de que ninguém até hoje encontrou indícios de suas falcatruas.



Como em política é impossível saber exatamente em que mãos está a ponta do próprio rabo, o melhor é não arriscar e amenizar o discurso, poupando a quantos puder, para que não lhe puxem o tapete, como fizeram com Collor.



Exemplo disso é a enxurrada de absolvições que, fora da mídia, os deputados vão promovendo com os mensaleiros - já quase todos absolvidos.



O escárnio às instituições é tanto, que chegou à dança da deputada em pleno plenário, diante das câmeras.



E assim como em toda democracia existe a figura do Ministro Sem Pasta, "Não Sei Nadinha da Silva” acaba de inventar o Presidente sem Função - talvez sua mais original criação.



Por não ter a menor condição de governar, já que não faz idéia da complexidade dos problemas universais, intrincadamente inter-relacionados, "Não Sei Nadinha da Silva" gasta seu tempo como garoto propaganda do Brasil – uma espécie de Príncipe Charles brasileiro.



Por não ter noção das proporções gigantescas - quer em escala de amplitude, quer em profundidade – da tarefa que recebeu das mãos dos eleitores, e por não ter recursos pessoais e morais para manter a farsa de estadista, ele está aos poucos liberando sua turma e a si próprio do respeito que um governante deve ter pelas instituições e pelas leis.



Haja vista o atual episódio do caseiro e do ministro, onde o Estado brasileiro despeja todo o seu peso sobre um homem simples, cujas declarações estão abalando os últimos resquícios de moralidade que o governo ainda tinha.



Seus aliados, convenientemente içados para lhe fazer companhia e dar ao governo o “clima” de pátio de fábrica do ABC paulista, foram caindo um a um, nocauteados pela sanha do deslumbramento do enriquecimento ilícito, pago com o trabalho daqueles que nele acreditaram. E assim, Luiz Inácio Lula Não Sei Nadinha da Silva está cada vez mais isolado no alto da cadeira de presidente que ele insiste em confundir com um trono.



Seus antigos escudeiros, como Mercadante - que até o PT assumir o poder dizia ter as fórmulas mágicas para colocar o Brasil nos eixos - e outros tantos gigantes que posavam de heróis, com másculas e sangrentas biografias, por terem trocado tiros com o Status Quo, foram diminuindo de estatura até ser tornarem insignificantes personagens secundários de uma peça teatral de terceira categoria, cuja única coisa que parece verdadeira é o cenário de papel onde ela está sendo encenada.



Finalmente, há uma cota respeitável da platéia dessa peça que ainda julga “Não Sei Nadinha da Silva” inteligente, quando na verdade ele é apenas um esperto. Se espertinho ou espertalhão, o tempo dirá.



A esses crentes esclareço que esperteza é a inteligência de curto prazo. Mas, o curto prazo pode ser muito útil a pilotos de Fórmula 1 - que aliás, andam em círculos - pois precisam decidir em átimos de segundos, mas é terrivelmente perigoso ao capitão do transatlântico Brasil, que precisa pilotar de olho no horizonte distante.



Enquanto foi oposição, “Não Sei Nadinha da Silva” perturbou o quanto pode os governos estabelecidos, e seja por falta de prática ou por outro motivo qualquer, a oposição de hoje não perturba quase nada, se comparado ao que foi perturbada quando era governo.



Então, não foram as elites nem a oposição que desmoralizaram o governo de "Não Sei Nadinha da Silva". Seu governo desmoralizou-se por falta absoluta de sustentação, de conteúdo, de educação básica e principalmente de ética, da qual ele se diz o único detentor no país.



Seu governo implodiu simplesmente, ruiu sobre si mesmo, por ter tentado enganar a todos o tempo todo.



O canhestro desempenho como Presidente da República e ignorância dos assuntos mais triviais do cenário mundial, suas gafes internacionais e nacionais, que puseram às claras a extensão de sua ignorância, tornaram Luiz Inácio Lula Não Sei Nadinha da Silva motivo de chacota, e uma figura apenas decorativa, tão útil quanto um cinzeiro em uma motocicleta.



E o que começou como um furacão, prometendo o “espetáculo do crescimento” terminou com o Brasil crescendo tanto quanto o Haiti, um país paralisado pela guerra civil. Um vexame sem paralelo.



Os ternos caros que usa não modificaram o conteúdo. O abrandamento dos modos não encobriu a incompetência.



A estratégia de governo funcionou apenas durante a campanha à presidência, enquanto era apenas um planejamento, e porque era feita por um marqueteiro profissional - que, aliás, está também lambuzado de imoralidades até à alma.



"Não Sei Nadinha da Silva" não sabia - e não lhe foi informado - de que todos os humanos possuem um "ponto de incompetência" para além do qual eles não se tornam apenas inúteis,tornam-se perigosos.



Ele atingiu o dele no momento em que foi chamado para exercer uma tarefa muito além de suas possibilidades: Negociar no cenário mundial sem ter a lhe garantir uma fábrica parada dando prejuízo.



Na verdade, todos caminhamos para o ponto de incompetência, e o atingiremos algum dia, se vivermos o suficiente. Cabe-nos então redirecionarmos nossos esforços para outras áreas onde este ponto esteja ainda distante. Isto tem um nome: Inteligência - mudar para seguir o ritmo eterno das metamorfoses universais.



Calcada sobre premissas equivocadas, a famigerada competência e combatividade de "Não Sei Nadinha da Silva" foi crescendo como um balão de festa de aniversário: Inflado, frágil e oco. Assim, feitas de paredes finíssimas, elas se rasgam ao menor toque, apenas para nos mostrar que em seu interior existe absolutamente nada!



Assim, a grife chamada "ética" de "Não Sei Nadinha da Silva" não emplacou; seu discurso não fez escola, e sua biografia está irremediavelmente manchada.



Morre o sonho de milhões de brasileiros, mas a catarse resultante desse processo certamente nos terá amadurecido um pouco mais quanto aos critérios de escolha de candidatos.



"Rei morto, rei posto" diz o provérbio. Em breve seremos chamados novamente para nova escolha através do voto. Não devemos desanimar por conta de decepções passadas.



Lembremos que o lírio, belíssimo, nasce da podridão do estrume.



Agarremos esta nova oportunidade, onde teremos a chance de demonstrarmos que aprendemos alguma coisa com a podridão que se instalou no país.



E assim, através do correto exercício da democracia, escolhendo com calma, maturidade e sem emoções, talvez possamos fazer um novo e revigorado jardim nascer do esterco malcheiroso com o qual agora somos obrigados a conviver.



* * *



*Antonio Gramsci é o fundador do Partido Comunista da Itália.

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