Um grande corredor com dezenas de portas...
Assim é o mundo de muita gente enclausurada nos escritórios do planeta.
Gente que chega cedo e sai tarde...
E mais um dia passou! Simplesmente passou!...
O que se fez, o que se ficou sabendo do que aconteceu lá fora são apenas detalhes de mais um dia.
Não estou bem certo da minha condição de vida dentro desse contexto. Mas já vivi por muito tempo esta condição tão simples que acaba ficando complicada mais tarde, quando deparamos com bruscas alterações.
Cachorro que caiu da mudança!
- É assim que a gente acaba se sentindo.
E então, os corredores tão seguros, dão lugar à verdadeira selva de pedra, onde nós, animais domesticados, temos que criar urgentemente garras afiadas e aguçar todos os sentidos para sobreviver.
Dia após dia tem gente caindo dos corredores para a selvageria do mundo e ao mesmo tempo, tem selvagens que adentram as jaulas.
Os costumes e maneiras diferenciadas alteram os planos de cada espaço, de maneira que o mundo converge para uma confusão sem tamanho.
Verdade que precisamos estar num lugar, visando criar e produzir. Mas por outro lado, a vida torna-se sádica se a gente observar atentamente que vivemos escravizados por um sem número de contas a pagar.
Os dias passam, os meses correm e lá se vai mais um ano da mesma maneira. E quando nos damos conta, a vida passou, continuamos devendo e praticamente não usufruímos de quase nada do que tanto planejamos ou sonhamos.
Sim! A vida habita um grande corredor repleto de portas.
Batemos em tantas e a maioria nunca se abre.
Mas vale a pena insistir afinal, uma delas haverá de abrir e talvez, seja através dela que possamos encontrar o verdadeiro caminho do sucesso, da realização pessoal.
Mas a vida é livre!
E a liberdade não cabe em corredores, dentro de salas ou em jaulas que preservam os cidadãos mais sossegados da face da terra.
A liberdade requer um passeio pela praça, uma caminhada pelo bosque, uma corridinha em dia de chuva, um arejamento da alma caminhando nas areias de uma praia.
A liberdade não quer você olhando o mundo através da janela.
Ela quer que você faça parte do mundo, independentemente de suas funções importantes, dos seus altos lucros, da sua ganância sem fim.
A liberdade é uma grande ave que singra os céus o tempo todo, enquanto a maioria prefere se prender a valores ou entregar-se a dissabores completamente desnecessários.
Ser livre é ser autêntico ser o que se é e ponto final!
As pessoas buscam um amor que muitas vezes é a porta de uma jaula.
As pessoas buscam dinheiro, que muitas vezes torna-se senhor absoluto de suas vidas. As prendem em casa, atrás de grades ou nas bolsas de valores defendendo seus ganhos.
As pessoas buscam direitos e deles tiram vantagens muitas vezes injustas. E isso as colocam numa verdadeira arapuca.
E a vida segue seu rumo...
Porque o mundo é amplo, mas a maioria prefere andar pelos extensos corredores, batendo nas dezenas de portas, desesperadas porque é preciso sobreviver.
E que tipo de vida levamos dentro dessa grande rotina de viver pagando?
Pagar significa ser honesto! Mas pagar representa também a arte do incômodo, da dificuldade, da neurose que a todos consome.
Pagar é, de certa forma, viver preso aos processos de um sistema que apavora, devora, empurra, espreme e oferece muito pouco em troca.
Mas é preciso sim, encarar os corredores, sobreviver, pagar pelos serviços, pelo que se consome, pelo que é justo e injusto.
Mas é tempo também de dar asas à liberdade.
É tempo de voar numa boa leitura, numa boa música, num proveitoso programa de televisão ou filme em vídeo.
É preciso criar a liberdade fugindo da massificação das desgraças e lutando, dia após dias para que muitas coisas mudem para melhor.
Porque se o mundo é este imenso corredor repleto de portas, que todas se abram, e que os que lá habitam possam receber os outros de braços abertos e, ainda que falte tempo, possam juntos olhar pela janela e ter a plena certeza de que o mundo é realmente grande e cheio de maravilhas a exaltar.
Pense nisto!
Curitiba,22 de março- 2006- petersellos
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