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Artigos-->A NECESSIDADE NÃO TEM LEIS -- 13/03/2006 - 11:44 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






A NECESSIDADE NÃO TEM LEIS







Qualquer ser humano compelido pelas circunstâncias a viver em necessidades constantes não tem regras, nem está ao alcance da lei. É como um animal acuado, prestes a ser capturado. Fará qualquer coisa para sobreviver. Morrerá, mas não quer morrer em vão e fará algo que atinja o coração da sociedade alienada dos anseios e das necessidades que o oprimem.



Se nosso país pensasse seriamente, a primeira medida de seu governante seria uma urgente providência para que a renda fosse mais bem distribuída. Aquele velho raciocínio do Joelmir Betting, de que um frango sendo devorado por um brasileiro, enquanto o outro apenas observa e depois vem o IBGE e diz que cada um comeu meio frango, ainda é real. Só que existe agora uma pequena diferença: aquele que observava o outro comer o frango sozinho está matando o glutão para comer o frango dele, agora também sozinho mesmo.



Isto é chamado de violência pelos afortunados. Bandidos pelos agentes da segurança dos afortunados. Direito à vida é a conclusão dos famélicos. Mas, estes últimos nem querem ouvir mais sobre a teoria da fome. Os romanos costumavam dizer que “o ventre em jejum não ouve argumento nenhum”. A necessidade sempre foi mestra porque é criativa. Só a necessidade de matar a fome é que acaba gerando a criatividade da violência. E os afortunados sabem disso. Mas, esquecem fácil em razão da boa vida que levam permanentemente. Só quando estão na mira de um revólver – muitas vezes empunhado por uma criança – é que voltam a lembrar da violência gerada pela fome que não acaba nunca. Às vezes é tarde demais. Embora muitos hipócritas não aceitem esse tipo de violência, e o critiquem furiosamente, sequer conseguem meditar que se trata apenas de uma tentativa isolada de alguém em repartir alguma coisa de outro alguém com ele. Agora vamos imaginar uma tentativa dessas em massa. Aí sim o caldo engrossa. Foi assim a Revolução Francesa. Em apenas um dia dezessete mil afortunados aristocratas burgueses perderam a cabeça na guilhotina. A História está cansada de mostrar as conseqüências sociais em pátrias, cujo “pão nosso” era mal repartido. Mas, parece que aqui em “nosso querido Brasil” os afortunados não lêem História da Humanidade, nem tampouco estão se lixando para isso.



Os críticos costumam chorar a morte dos afortunados. Mas, não conseguem raciocinar, em razão do ódio que os sobrepuja. Não conseguem distinguir uma lógica de que a violência retorna para os que nada fazem pelos extremamente necessitados. A burguesia brasileira está pagando um preço muito alto pela alienação dos valores democráticos mundiais. Países como a França – que tem o melhor exemplo – sempre são obrigados a cederem aos reclamos da população, a qual não se acostuma com as meias palavras dos governantes.



Se os afortunados e o governo sabem que a renda jamais será bem distribuída neste país, então que pelo menos respeitem mais os humildes e os chamados “não favorecidos pela sorte”. Duvido muito que a “sorte” tenha alguma coisa a ver com isso.



Porém o governo federal brasileiro faz sempre o papel de fariseu eleitoreiro, doando esmolas, como se o povo fosse mendigo, em mais uma alquimia denominada pomposamente de “fome zero”. Uma afronta ao povo. Se houvesse um salário digno de um ser humano viver, e não apenas sobreviver, ninguém precisaria de esmolas, tentando zerar a fome. Como pode a cidadania dessa gente humilde crescer, se recebem esmolas ao invés de um emprego com um salário justo?



Fazer o que faz e fizeram tanto este como outros governos é visivelmente concludente: desejam o continuísmo da mendicância, do pauperismo para a maioria da população e o sonho, a fantasia para uma minoria, no mínimo entusiasta do neoliberalismo, que é senão um neocapitalismo avassalador na sua violência contra os pobres, como se quisesse vingar os setenta anos do socialismo soviético, que não deixaram o capitalismo avançar. Isto empobreceu o capitalismo do mundo, porque este necessitava conter a revolta que se acendia em todos os lugares com modelos sociais que deixasse a população satisfeita. Tanto que foram nesses setenta anos o desenvolvimento dos sindicatos e o crescimento dos direitos trabalhistas em todo o mundo. Agora tende a diminuir porque o capitalismo avança novamente, mais selvagem e fulminante, impedindo o crescimento de direitos trabalhistas, principalmente em países como o Brasil, pobre e alheio ao sofrimento de seu povo.



Nosso presidente atual é especialista em discursar. Bom orador, com grandes erros de concordância verbal e o vazio da gramática, cujo exemplo os líderes devem sempre dar a seu povo. Porém, discursos e oratórias mesmo sendo uma peça maravilhosa da palavra escrita e falada nunca encheram barriga aqui no Brasil. A semântica do discurso não interessa ao necessitado, já que a mesma não fornece ao estômago as necessárias proteínas. A História também registra que todos os bons tribunos faladores acabaram como ditadores. Senão pelas armas, o foram pela retórica insensível e fria como a laje de uma cripta. Assim foi em exemplo recente o Fernando Henrique Cardoso. Um orador frio e insensível aos gritos da fome e do desemprego de milhões de pessoas. E esse boneco travestido de líder ainda tem a coragem de aparecer em público! Bom, talvez ele saiba que o povo brasileiro além de cordeiro é capaz de perdoar até o capeta se aparecesse por aqui.



As necessidades dos povos do Oriente Médio assemelham-se às necessidades de milhões de nordestinos. Nós não podemos sofrer de comiseração pelos povos do Oriente Médio, quando temos o mesmo problema em nosso quintal. Temos sim de procurar resolver o nosso problema aqui. Há muita gente a lutar por este ideal. A maioria anônima. E se não temos uma revolução armada no Brasil é por causa dessa gente. Pouca gente sabe disso, mas o criminoso das classes pobres se transforma em gente de bem, quando encontra uma pessoa que lhe ajuda na caminhada em busca da auto-suficiência.



Nenhum homem aprecia a violência. Sempre haverá um grande motivo para alguém praticar uma violência definitiva. Porém, o que mais aflige e preocupa é o fato de que o aumento da violência é diretamente proporcional ao aumento das injustiças sociais. Os teóricos da questão sabem disso. O próprio presidente da República conhece o problema, mas se alienou. A exemplo da maioria dos afortunados. É nesta alienação que o país inteiro foi atirado, como se todos nós fôssemos estrangeiros dentro de um país, cujo bem estar pertence e sempre pertenceu a uma casta predadora. Predadora e bem educada, mas não sábia. Com muito mais sabedoria os bandidos traficantes, conhecedores do problema, estão criando um estado melhor dentro de um país pior. Se pudéssemos descartar as drogas, certamente que tais indivíduos dariam ótimos líderes, verdadeiros estadistas políticos, capazes de resolver toda essa problemática, que aflige a todos nós em todos os rincões desta pátria continente. Seriam certamente líderes que não falariam muito, mas muito resolveriam nossos problemas sociais gritantes. Porque os que estão aí, já se preparando para angariar poderes através do voto de milhões de ignorantes eleitores são os predadores, unhas de fome e ladrões do povo brasileiro, travestidos agora de cordeiros de Deus e salvadores do mundo. Para mim, especialmente, eles não passam de “grandes porcarias” que sempre deixam tristes memórias.





Jeovah de Moura Nunes
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