Me empresta os teus ouvidos:
Vou contar-te um segredo.
Tens algo que me pertence
E precisas devolvê-lo.
Já te vejo na TV,
já te vejo a passear,
E te vejo, e lá está ele,
Preso a todo o teu passar.
Está contigo desde cedo,
já é tarde
e não quero mais!
Também não queres – não deves tê-lo.
Contudo, é teu,
Através das horas,
dos meses, dos séculos.
Teu através do tempo.
E quando esqueço que tu o tens...
Tu me apareces, na esquina.
Displicente.
E eu lembro novamente.
Dá-me, é meu!
E em mim tem que bater,
e a outro será dado,
Por favor, não me deixe o meu peito esvaziado.
É assim que ele está
desde tu, desde teu roubo,
e a prisão.
Não é meu meu coração.
E nem o teu!
O teu o tens, e já o deste
Foste tudo e fizeste,
E eu...
Não quero voltar ao passado,
Não quero ter-te namorado,
Só quero meu coração,
Em meu peito, acelerado!
Ainda assim...
Não me destes teus ouvidos,
Não ouvistes meu segredo.
E o guardastes, com desculpas...
E o vazio me dá medo.
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