Era o ano de 1974 e eu estudava no Colégio Arquidiocesano de São Paulo, que hoje se chama Colégio Marista Arquidiocesano, quando o Metrô inaugurou o primeiro trecho da linha Norte Sul, que ia do Jabaquara até a estação Vila Mariana. O colégio ainda se localiza na calçada da estação Santa Cruz, pertencente ao trecho então inaugurado, sendo que em frente ao mesmo foi construído um shopping center que leva o nome da estação. Apesar dos pedidos insistentes da direção do colégio, que à época era constituída somente por Irmãos Maristas, não foi atendida a reivindicação da estação Santa Cruz receber o nome do colégio. Lembro que movidos por forte bairrismo colegial, todos os alunos sonhavam com o embarque e desembarque na futura “Estação Arquidiocesano”! Seria uma justa homenagem a um colégio de muita tradição na nossa capital, que formou ilustres personagens da nossa história, citando como o mais famoso deles o ex-presidente Jânio Quadros.
No início, as catracas eram liberadas e após a aula, fazíamos inúmeras viagens de um extremo ao outro do pequeno trecho em operação. Ficávamos impressionados com a velocidade do trem e tínhamos assunto para comentar com outros amigos que não moravam na região, afinal de contas, poucos conheciam o Metrô tão bem quanto nós! Estudávamos no colégio há vários anos e tínhamos acompanhado par e passo toda a construção, que ocasionou inúmeros transtornos para o trânsito e para o comércio local. Vários estabelecimentos foram à falência, pois de repente, ninguém mais circulava pela Avenida Jabaquara e nem pela Domingos de Morais ( até mesmo à pé era difícil chegar em alguns locais). Os métodos de construção eram bem diferentes dos de hoje em dia e ocasionavam muito mais tumulto. Com a conclusão das obras, a vida voltava ao normal naquela região, e ainda tínhamos um divertimento gratuito garantido!
O Metrô cresceu, mas talvez não na velocidade que a nossa cidade exigia. A frota de veículos cresceu de forma geométrica, privilegiando o transporte individual em detrimento ao coletivo. Observe quantos carros transitam pela cidade com apenas uma pessoa no seu interior.
A cidade levou a sério uma frase muito famosa nos anos setenta: “São Paulo não pode parar”. Então, que o Metrô também não pare de crescer.