Jamais vi uma em meus tempos de primário. E, então, pelo menos três gerações
haviam-se formado de brasileiros abolidos. E éramos uns cinquenta e tantos milhões do
Oiapoque ao Chuí.
O ensino era maiormente público e, sem distinção de cor, credo, ou credencial,
compartilhávamos bancos escolares que conheciam, aparentemente, só uma
discriminação de conveniência, e então das mais fecundas: a das bundas. Nada de
nádegas de meninos e meninas dividirem um mesmo banco. Era tabu unir-se pelo
cu...chicho. Só mesmo por castigo por uma falta grave, é que um menino era forçado a
sentar-se ao lado de u`a menina.
Hoje talvez já não haja esse tipo de coisa. Parece até que a instrução pública anda tão
em baixa que já se não a vê no horizonte.
Mas, e as mestras, delas é que me ocorria falar, e fui fazer essa introdução de quase
página virar. As mestras eram todas brancas. Muito raramente se via u`a morena mais
escura, e não mais que substituta.
Seria só culpa da abolição que não redimira, não incluía o negro socialmente? Os livros
didáticos, contudo, corroboravam, com mediana clareza o que era nossa sociedade de
então: as historinhas, com raras exceções, exaltavam os heróis e heroínas europeizados e
carregavam na coloração do vilão, sobretudo, se fosse pagão. Ah, é hora de desentortar
a Moura. |