Mais um ano, mais um programa de gente sem ter o que fazer assistindo gente sem fazer coisa alguma. Incentivados a bisbilhotar por apresentadores articulados e sorridentes, os telespectadores são liberados a fazer aquilo que, na vida real já fazem, mas sem o consentimento oficial de uma rede de televisão também oficial.
Expõem toda a fragilidade humana. Denunciam toda a futilidade que o ser humano é capaz de demonstrar em busca da fama. E a fama,como diria o poeta, é a serpente no jardim das ilusões.
Muitos gostam dessa exposição. Com uma câmera de vídeo na mão, dizem e fazem coisas desconexas para poderem participar de tal atração. Consideram que a privacidade invadida não é demérito. Acometidos por coma intelectual alegam que não importa os que as pessoas dizem de suas vidas. O que importa é que se tornarão famosos, conhecidos, amados pelo grande público. Conseguirão novos amigos, serão assediados. Sonham com programas na TV, não importa se não tenham um mínimo preparo para na telinha aparecer, e muito menos algo de útil a oferecer.
Propagarão novas gírias, imediatamente assimiladas pelo gado telespectador que apenas balança a cabeça e rumina a pseudo-sabedoria adquirida. Estarão na moda, e isso é o que conta, afinal de contas.
As participantes buscam exibir suas formas em revistas. Sonham em virar pôster em alguma parede de borracharia de beira de estrada. Os participantes, em conseguir alguma namoradinha de ocasião que exacerbe a sua masculinidade para todo o país.
Terão suas vidas comentadas na manhã seguinte em cada escritório, em cada botequim, em cada sala de aula, em cada esquina de todas as ruas. É o preço. Você pagaria?