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cronicas-->Pretendia... -- 18/04/2000 - 21:03 (Marilene Caon pieruccini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRETENDIA...

Um ano passou. As rosas voltaram a abrir-se, exalando seu perfume colorido de paixão; as árvores e a grama pintaram-se de um verde quente, derramado nos jardins, como tapete de atraentes esmeraldas. As luzes brilhantes do Natal iluminaram outra vez toda a cidade. Sorrisos retornaram, cheios de esperanças, nas faces rosadas das crianças, que buscaram no "bom velhinho" seus anseios de presentes... Novamente a vida explodiu nas cores quentes do verão, numa festa de som e poesia... Voltaram as andorinhas e os sabiás desenharam novos ninhos nas roseiras engalanadas... Refez-se a história das boas festas, renasceram as expectativas, voltaram os sonhos...
(Só você não voltou, talvez porque não tivesse descoberto o caminho da volta, que a natureza ensina, todos os anos, no ciclo das sementes, que renascem, flora mística, em todo o sempre ... )
Sentada na cadeira de balanço, olhos perdidos no horizonte, cadenciei sonhos, esquecida do tempo, que escorria, lento, nas sombras dos dias entardecidos. Entre meus dedos entrelaçados de mãos cansadas, repousava, enternecida, a mágica ilusão, que tecera na primavera, os sons de secretos amores.
Pretendia conversar com um anjo....
Olhava para além do infinito e sentia um aperto no coração, porque nunca conseguia alcançá-los nesse estranho mundo de aladas formas informes. Lá ficava, horas e horas, em meu misterioso universo, terno murmúrio de vida incompreendida, compondo imaginárias partituras com as nuvens rosas do entardecer, para que eles, os anjos, me ouvissem...
Brincar com as nuvens! Fora eu, que sozinha aprendera, num daqueles dias de infinito azul, quando a preguiça impele para a modorra. Aprendera, sem imaginar que seria para esse lugar encantado, que fugiria depressa, ao perceber os desatinos da realidade. Olhava para o nada, lembrando aquelas intermináveis madrugadas frias, quando, sono perdido, buscava explicações lógicas para ilógicas verdades... Premonição de acontecimentos indesejáveis? Anseios de liberdade? Ou simplesmente, tentativas de saber?
Esperara o ano 2000 com aquela ànsia incontida dos sonhadores, sem a paciência necessária para definir o amanhã... Sonhara com o novo milênio, incapaz de reconhecer, que o novo seria eu quem teria que construir, com a aprendizagem do passado... Enquanto sonhava, esqueci a prosaica realidade, que define um dia depois do outro, sempre iguais em sua essência, mas que minha magia poderia ter transformado com o sortilégio encantado do viver...
Pretendia conversar com um anjo....
Ao meu redor a vida acontecia. Às vezes, correntes de tristezas pareciam nunca acabar, até que de repente, voltava o riso, voltava a alegria (só você não voltava...). Às vezes, felicidade e esperança surgiam no ruído vibrante de foguetes coloridos, que iluminavam meu céu com brilhos dourados. Outras vezes ainda, vencedores e vencidos se uniam na comemoração única dos ideais pretendidos, vencedores da vida e da morte, caçadores do tempo intemporal.
Mas eu nada via, porque, ciumentamente egoísta, entre minhas nuvens me escondia. "Lá" era o lugar das minhas incertas certezas .....
Voltou o mês das aulas; voltaram os sabores indefinidos de eternas esperas e os atabaques sonoros do carnaval. A magia do retorno pintou minha alma, que se derramou em um arco-íris de saudade, esperando em vão por um milagre que nunca veio. Meus olhos, cansados de tanto chorar, penetraram nas voltas que o tempo, voltando, dava. Buscavam uma graça alcançar.
Pretendia conversar com um anjo...
E assim, voltada para o espaço lá em cima, não via o que acontecia ao meu redor, esquecendo de viver a vida, cansando-me de mim mesma... Vez por outra, ainda escutava o alarido dos pássaros, anunciando a chuva, o canto da cigarra, retornando o verão. Ou as andorinhas voando em bandos para seu longínquo destino, reafirmando o retorno do frio. Sentada na velha cadeira de balanço, embalei minha vida nos acordes da memória, agora sempre sem você!
No peito doído, meu coração descompassava nos passos de uma lenta agonia. Perto de mim a vida seguia, só eu é que não via, ao alcance de meus beijos, o anjo que me guardava, esperando pela conversa que, incapaz, eu calava nas sombras das tardes solitárias, que nos horizonte espraiavam para muito além de todos os jardins.
Pretendia conversar com um anjo...
Foi então, que num dia, tão igual a tantos outros, por fim compreendi, que bastava apenas olhar para a luz que em meus olhos se refletia, e o anjo ali estava, terno a me esperar, pois em cada som, em cada brilho, em cada orvalho, era ele, que por mim chamava... O meu anjo estava tão próximo, só eu é que não o via...
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