Usina de Letras
Usina de Letras
173 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62272 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5452)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O ENCONTRO QUE NÃO ACONTECEU... -- 26/03/2002 - 00:04 (LINDAMAR C. CARDOSO DE MELLO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ENCONTRO QUE NÃO ACONTECEU...


Estava eu fazendo um estágio numa grande empresa, quando me dirigia para o estacionamento; lugar onde havia deixado meu carro. Dei aí, um pequeno esbarrão num homem que nunca mais saiu de minha mente.
-Oh!!! Desculpe, não lhe vi, eu estava tão distraído... Não lhe machuquei?
- Não, não foi nada, eu também estava distraída.
- Posso lhe ajudar em alguma coisa?
- Obrigada, eu estou indo pegar o meu carro, ele está logo ali.
Ele foi até onde se encontrava o meu carro. Fomos conversando e puxando vários assuntos.
- Trabalho num escritório de contabilidade, meu nome é Walmor. Você vem sempre aqui? Em qual dos prédios você trabalha?
- Faz uns dias que estou vindo fazer um estágio numa empresa de importação e exportação. Também mexo um pouco com contabilidade, vivo envolvida com cambio e com tudo que diz respeito ao mercado interno e externo.
- É bom, assim poderemos nos encontrar outras vezes. Qual o seu nome?
- Ana Letícia. Estou bem atrasada, se você me der licença, tenho que sair voando daqui.
- Letícia, não quer marcar um encontro pra manhã? Sempre chego às oito horas, assim poderíamos marcar um almoço pra manhã, que tal? Poderíamos chegar um pouco mais cedo e conversar um pouco! Tá bom pra você?
- Ótimo Walmor, esse também é o meu horário de chegar. Uns minutos antes estarei aqui. Até amanhã!!!
- Até amanhã, Ana Letícia.
Nos despedimos, nos demos as mãos e tentei sair o mais rápido que pude. Não queria que ele percebesse o quanto me perturbava, com seu charme e seu agradável perfume.
O calor da sua mão ficou me queimando por um bom tempo.
Eu tinha outros compromissos, não podia me atrasar mais do que já estava atrasada.
O Centro Empresarial, era bem longe do lugar que tinha que ir, por isso saí a toda dali.
Ele, com seu metro e oitenta, mais ou menos, corpo de atleta, mais para magro, cor bronzeada de quem freqüenta praia ou piscina, cabelos castanhos e olhos bem pretos e penetrantes, tudo isso ficou gravado na minha mente, pobre criatura mortal!!!
Bem, passei o dia pensando nele e também uma parte da noite. Meus pensamentos giravam, giravam e voltavam a pensar nele. Foi assim que dormi, ligada nele.
Bem cedinho já estava acordada, tentando encontrar uma roupa adequada para o horário e que servisse também para o almoço.
Nada estava do meu gosto, queria uma roupa que me deixasse bem atraente e charmosa, pois queria muito agradar ao Walmor e queria que ele me achasse bonita.
Quinze minutos antes das oito horas, eu já estava no estacionamento; linda, perfumada e toda nervosa à espera dele.
Oito horas, nada dele chegar, saí do carro e fui para dentro do meu prédio, pois eu começava a trabalhar às oito horas em ponto, não queria me atrasar, jamais me atrasara antes...
Quando cheguei na empresa, todos me olhavam e me elogiavam, pois nunca tivera a preocupação de me promover desse modo, logo cedo. Eu sempre punha a roupa que primeiro encontrava e saia correndo. Jamais havia me preocupado com aparências, principalmente para ficar trancada dentro de uma sala, falando de negócios e operando um monte de computadores.
Esse desencontro me deixou muito amolada; acho que me precipitei em acreditar numa cantada de poucos minutos, por uma pessoa que mal conhecia.
Muito tempo depois, fiquei sabendo que Walmor não era só um simples empregado, como eu havia imaginado, mas, um grande empresário e como tal, tinha muitos outros compromissos, não só na empresa, da nossa cidade como também no exterior.
Naquele dia, ele tivera um telefonema que o levou para os Estados Unidos, mais precisamente para Los Angeles.
Nas primeiras horas do dia seguinte; no dia do nosso encontro marcado, ele pegara o primeiro vôo e partira.
Fora um compromisso de última hora e ele não podia deixar de atender, estavam em jogo muitos negócios de sua empresa.
Eu nem sabia seu nome todo, somente que se chamava Walmor, ninguém que eu conhecia sabia da existência desse homem.
Os prédios eram enormes, havia ali, um complexo de inúmeros escritórios onde trabalhavam milhares de pessoas, como achar simplesmente uma pessoa chamada Walmor!!!
Quase tudo por ali era sobre o comércio interno e exterior, sobre importação e exportação.
Passei um dia muito deprimida apesar de tantos elogios sobre minha elegância e meu charme. Não era nada disso que eu queria, tinha sonhado com aquele encontro e tudo saíra tão errado.
Nunca pensei em me apaixonar por uma pessoa que vira uma única vez e por poucos minutos.
Mas, foi exatamente o que me aconteceu. Sua voz, sua linda imagem, seu sorriso, seu olhar, enfim, tudo dele não saia da minha mente.
Principalmente à noite, ao me ver sozinha no meu quarto, eu tinha a impressão que ele estava ali, me olhando, conversando comigo e sorrindo do mesmo modo que me sorriu, naquele dia do nosso primeiro encontro.
Na minha fértil imaginação, ele era um semi-deus.
Walmor era uma miragem, uma grande obsessão, uma idéia fixa que resolvi sem muito êxito tirar da minha cabeça.
Perguntava dele para todos que encontrava nos elevadores, no estacionamento, mas ninguém tinha ideia de quem seria Walmor.
Terminei meu estágio uns meses depois e nem sinal dele, nunca mais o encontrei, era como se tudo fora somente uma ilusão, que ele não estivera nunca naquele lugar.
O pior era que eu o via em todos os lugares, em todas as pessoas... Pura maluquice da minha cabeça.
Tinha que pensar que Walmor era um sonho, uma imaginação, um pesadelo. Tinha que tirá-lo da minha mente para sempre.
Eu estava amando um homem que não existia, que só vira uma única vez e por poucos minutos.
Assim foi durante uns dois anos, mais ou menos.
Aos pouco sua imagem foi se apagando, foi sumindo e outras preocupações foram tomando conta do meu dia a dia, até que ele ficou no passado e esquecido para sempre.
Depois de me formar, terminar o meu estágio, comecei a batalhar por um emprego melhor.
Sabia que era boa no que fazia, que tinha gabarito e boas referências, por isso queria um lugar de destaque e uma boa colocação no meu novo emprego.
Batalhei por um longo período, mandei e-mails para várias empresas.
Recebia resposta de muitas, até que um dia, recebi uma proposta que me agradou e fui fazer os testes que me propuseram.
Depois de alguns dias de grande ansiedade, mandaram dizer que o lugar era meu e que tinha uma entrevista com o principal acionista da empresa.
Fui muito nervosa para essa entrevista, com o " Poderoso Chefão", pois era assim que todos o chamavam.
Durante três longos e infinitos dias, eu não pensava em outra coisa, a não ser nessa entrevista.
Como deverei ir nessa entrevista? O que deveria vestir? O que seria falado e perguntado nessa entrevista?
Eu mais parecia uma colegial em vésperas de vestibular.
Sentia-me tão vulnerável que quase desisti na última hora dessa entrevista.
Já tinha passado por vários testes e várias entrevistas, mas, não sei dizer o porquê de tanta agitação e tanta insegurança.
Alem do mais, eu já estava contratada, eu já tinha passado nos benditos testes e o emprego já era meu, o chefão só queria me conhecer.
Era somente uma entrevista de rotina antes de começar a trabalhar, afinal até os pequenos e grandes detalhes já estavam acertados.
Era assim que eu tentava me convencer, tentava me passar um pouco de segurança.
No dia seguinte, levantei um pouco angustiada e não sei dizer o porquê pensei no Walmor.
Ele já estava esquecido há um bom tempo.
Mas, foi muito bom, porque assim tive vontade de ir bem elegante e chique, enfrentar a fera, o "Poderoso Chefão".
Minha entrevista estava marcada para às 10:30 horas, quando eram 9:45 horas eu já estava lá no estacionamento, dando em mim os últimos retoques, para aparecer diante do "chefão".
Às 10:15 horas, eu estava na sala de espera e já tinha me apresentado a secretária do "chefão".
Ela fora me anunciar e voltou dizendo que em segundos ele iria me receber.
Esses segundos foram angustiantes e levaram uma eternidade para passar.
Nem notara quando pelo interfone ele dissera à sua secretária que eu entrasse.
- Ana Letícia, a senhora venha comigo, o Dr. vai recebê-la agora.
Minhas pernas de início falharam, meu coração começou a bater a mais de 100 por hora.
Eu mesma tive que me dizer por várias vezes:
-Calma, ele não deve ser nenhum bicho de sete cabeças. Calma, calma, calma!!!
Foi assim que entrei.
Ele estava de costas para a porta e não pude vê-lo de imediato.
-Dr. Pirineus, a Sra. Ana Letícia.
Ele girou sua cadeira e deu de cara comigo.
- Sente-se senhora Ana Letícia, eu sou Walmor Pirineus, creio que já nos conhecemos, há muito tempo atrás, não é mesmo?
Não sei se desmaiei, se fiquei branca, vermelha, roxa, pois por um tempo indeterminado, fiquei paralisada e muda.
Ele estava ali na minha frente, eu podia vê-lo, senti-lo. Estava mais lindo, mais charmoso, mais elegante, mais tudo o que eu poderia imaginar.
Tudo o que eu tinha preparado para aquela entrevista fora por terra...
Eu não sabia o que dizer, o que fazer, ele me deixou por instantes como se eu estivesse encantada, fiquei surda, muda e querendo fugir dali correndo.
- Sra. Ana Letícia, está se sentindo bem?
- Ah!!! Sim!!! Me desculpe, eu não esperava que fosse o senhor a me receber!
- Será que sou tão feio, monstruoso, tanto quanto seus olhos estão dizendo?
- Por favor, não é isso não, eu nunca poderia ter pensado em encontrar o Sr. atrás dessa mesa.
- Por que não???
- Mais uma vez lhe peço desculpas, eu vim para essa entrevista, pensando em encontrar um senhor de bastante idade, um empresário famoso ou mesmo como todos dizem o " Poderoso Chefão". Acho que estou sendo inconveniente, desculpe, nem sei o que estou dizendo...
- Ana Letícia, desculpe a decepção, de não ser esse senhor de bastante idade. Mas, sou o famoso empresário, o "Poderoso Chefão", como você e os outros funcionários dizem ao meu respeito.
- Me desculpe outra vez, eu estou tão nervosa que estou falando só besteiras.
- Ana Letícia, sei que você está nervosa, sei também que lhe causei decepção e que lhe devo mil desculpas, uma explicação de tempos passados... Creio que você está lembrada, tanto quanto eu, do dia em que nos conhecemos. Marcamos um encontro que não foi realizado por motivos que vou lhe explicar: Naquele mesmo dia, fui chamado com urgência em uma das nossas agências nos Estados Unidos. Eles me deram vinte e quatro horas para estar presente numa reunião muito importante para a nossa empresa. Fiz reserva no primeiro vôo e fui imediatamente, pois a situação era grave. Confesso a você que no momento esqueci da minha própria existência e também do nosso encontro. Fui lembrar do nosso encontro, quando já havia chegado no meu destino, lá em Los Angeles. Quando voltei, dez dias depois, fiquei perguntando se alguém conhecia uma linda senhorita que se chamava Ana Letícia, mas, ninguém sabia quem era você. Até que certo dia, recebi do Departamento Pessoal, uma bela e grande notícia: Uma senhora chamada Ana Letícia, com todas as suas características física e um currículo maravilhoso, havia se classificado muito bem nos nossos testes e que, sua entrevista, tinha sido excelente, e que, iria ocupar um cargo aqui conosco. Fiquei só pensando em você. Tinha tanta certeza que a Ana Letícia era você, que quis imediatamente lhe ver. Nos primeiros momentos, eu ainda fiquei um pouco na duvida e me perguntava: Será que essa senhora Ana Letícia é a mesma que eu conheci? Depois de muito pensar em você, senti que não havia dúvidas, vocês eram a mesma pessoa. Hoje estamos aqui, frente a frente. Mesmo assim, custo em acreditar nos meus próprios olhos. Vejo que a surpresa foi tão grande para você quanto foi para mim. Pois bem, vamos nos apresentar outra vez: Eu sou Walmor Pirineus, o "Poderoso Chefão". E você quem é?
- Eu sou Ana Letícia de Ramos, a sua nova funcionária, sua nova assistente, se o senhor assim quiser...
- Não resta a menor dúvida, você é tudo o que estávamos esperando. Sei da sua grande capacidade e de sua competência para ocupar esse cargo. Aqui trabalhamos pesado, os horários são rígidos, mas, tem algumas outras regalias. Vamos trabalhar juntos por um bom período, assim espero!!!
- Eu também assim espero e pretendo mostrar que tenho capacidade para o cargo que vocês me designaram.
- Agora que só falamos em negócios, quero perguntar se o almoço ainda está de pé. Aquele que você ficou me devendo há uns dois anos atrás!?
- As coisas mudaram muito, eu agora sou uma empregada e o Dr. é o meu patrão, não mais poderei recusar qualquer convite para um almoço de negócios...
- Só que agora quem está falando e lhe convidando para o almoço não é o seu "chefão", sou o Walmor que ficou sonhando por muito tempo com aquele almoço que não aconteceu. Que ficou sonhando por um enorme período, com jantares dançantes, com encontros românticos, com passeios divertidos e diversos. Sou aquele que ficou sonhando com tudo o que não houve, devido a um desencontro. Devido a armação do destino, que quis que só agora voltássemos a nos encontrar... Será que ainda teremos as mesmas oportunidades? Será que não haverá algum impedimento que irá atrapalhar esse almoço agora? Espero que nada seja tarde para nos dois.
- Assim também espero, acho que o destino brincou com nós dois, porém, creio que agora não existe nada para atrapalhar. Eu também quero lhe confessar, que sonhei por um bom tempo com coisas que gostaria de ter vivido com você. Também tentei lhe encontrar, por incrível que pareça, ninguém conhecia você, ninguém sabia quem era Walmor. Hoje sei porque, todos lhe conhecem por doutor Pirineus!... Fiquei por muito anos com sua imagem me seguindo por onde quer que eu fosse. Procurei muito por você, sem nenhum sucesso. É verdade, o destino quis brincar conosco, mas, hoje ele nos coloca frente a frente, por que não realizar esse almoço, mesmo que com atraso de mais de dois anos???
Esse reencontro foi maravilhoso, cheio de grandes novidades e alegrias, tanto para mim, quanto para o Walmor.
Hoje estamos mais feliz do que nunca, estamos vivendo nossa "Lua de Mel"!!!


Lindamar C. C. Mello.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui