Afirma quiçá "quem sabe" que a província de Guantamano, a mais oriental de Cuba, é uma das menos visitadas da região, sendo contudo uma das mais interessantes de toda a ilha, conquanto seja a mais incómoda verruga negra da política fidelina.
A cidade do mesmo nome, situada a sul do país, é no entanto bem conhecida pela base naval americana ali estabelecida, à qual se agrega um presídio de alta segurança, onde, segundo o vozerio que vai emanando, se praticam as mais hediondas torturas sobre o ser humano, embora os prisioneiros lá detidos sejam "confirmados" bandidos de elevadíssima perigosidade que até se trucidam e matam uns aos outros. Todavia, sabe-se, sem teias de aranha, quem há anos vem manejando o propositado aguilhão que provoca um tão estranho fenómeno.
A província, exceptuando alguns lugares em Pinar del Rio, é a mais natural e também a mais inexplorada do território. A vertente norte de Sierra Maestra que ocupa uma boa parte do território, junto à Sierra da Gran Piedra, é uma bela e esplêndida zona com frondosos bosques.
Nas costas norte e noroeste existem ainda algumas praias virgens, cujo entorno, constitui sem dúvida a principal atracção, o qual, por se encontrar muito pouco explorado, lembra como terá sido a ilha antes da chegada dos espanhóis.
O principal destino turístico de Guantanamo é a mágica e pequena cidade de Baracoa, que fervilha de emoção muito particular nas noites da primeira semana de Abril, altura em que se comemora e festeja o desembarque do general António Maceo, em 1895, na Praia Duaba, efeméride que sobretudo assinala o início da Guerra da Independência.
Exactamente, Guantanamo situa-se 90km a leste de Santiago e a poucos quilómetros da baía do mesmo nome. Recomenda-se, como motivo principal para visitar esta cidade, o mirante da base naval americana ali implantada, que é o último observatório colonial que resta na ilha.
Hodiernamente, a base acoita 7.000 recrutas americanos em permanente exercício e alerta, constituindo uma entidade auto-suficiente, com sua rede de televisão e rádio, fonte de água, assistência médica e hospitalar, transportes e lazeres recreativos em geral.
A vida da cidade flui ao redor do Parque Marti, uma muito agradável praça arborizada, onde sobressai a igreja dourada de Santa Catalina. As ruelas que afluem às ruas Perez e Calixto Garcio, pejadas de velhas e curiosíssimas casas de todo o género, são uma relevante atracção turística que apaixona quem as visita em pormenor.
Em resumo, para concluir e ao mesmo tempo, num brevíssimo apontamento ilactivo, proporcionar ao Leitor a imagética assaz evidente que intenciono equacionar no primeiro escrito que produzo em 2006, permito-me supor.
Por qualquer esconso problema político - em 1974 esteve para acontecer - de um momento para o outro, um exército americano decide desembarcar no meu pequeno país e tomá-lo. É claro que eu não hesitaria entrar em toda a espécie de manobras, fossem elas quais fossem, para expulsar o invasor, embora tivesse consciência de que seria à partida tempo perdido.
Assim, em dada altura era preso e acusado sumariamente de dar tiros e atirar bombas contra a soldadesca americana. Pegavam-me pois pelo fundilhos das calças e pregavam comigo num porão de um navio com destino a Guantanamo...
Sabendo o que sei neste momento, naturalmente que cogitaria enquanto as ondas bateriam contra o casco do navio: - Ena pá, lá vou eu para o inferno que fica mesmo à beirinha do paraíso...
Num pedaço de jornal sem préstimo, sujo e amarrotado, ainda consiguiria ler:
A explícita revelação do silêncio...
E ainda não lhe fizeram um altar!..."O alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello, condenou a conduta dos EUA sobre os 650 prisioneiros que estão ancarcerados em Guantamano, recusando em pleno os argumentos de Washington." - Eureka!... No auge do imbróglio humano, quem é deveras este indivíduo?!... Praza que 2006 chegue para o esclarecer sem restar dúvida alguma.
António Torre da Guia
PS = O leitor decerto facilmente extrai o porquê dos prisioneiros de Guantanamo trajarem de vermelho ?... Em óbvio exercício de tiro alvo, do despojo a ser retirado, os parceiros de infortúnio não vêem o sangue. |