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cronicas-->Cadê? -- 17/04/2000 - 23:02 (Marilene Caon pieruccini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CADÊ?

Cadê os sonhos, as esperanças, as riquezas, as crenças, o futuro?... Cadê você, vida eternizada numa gota de amarga saudade, como amargos se tornaram os rios de minha infància?
Quando tudo começou, a emoção era muito intensa, era mais do que paixão, era quase amor, porque se desenrolava, aos olhos de quem chegava, a certeza de que, enfim, podia-se acreditar no amanhã, que desabrochava no verde encantado, espraiado pelos olhos da amada, confundindo-se com a doce ternura do azul imenso, não se distinguia se do céu, do mar ou do olhar perdido da mulher apaixonada, que fixo no horizonte, esperava pelas realizações que tardavam, e que talvez nunca chegassem, pois eram esperas de entregas desenfreadas, de temidas ausências, de promessas, de desejos, e de acontecimentos insatisfeitos...
Cadê você, que se perdeu nas curvas das estradas mal desenhadas, com sangue demarcadas? Cadê você das tribos e clãs exterminadas e dos tesouros espoliados? Teria se apagado na borracha espoliada, esquecido do porvir? Cadê você, velho menino inquieto, que ainda não cresceu, escondido pelos meandros da corrupção, eternamente deitado em berço esplêndido? Que foi feito do amor, que aquecia seu coração nas noites de tempestade, pois se sabia que, em algum lugar, você permanecia, afoito, tentando libertar-se das garras traiçoeiras, que o mantinham escravo e que seu àmago depredavam, na busca, de quem jamais soube o quê?
Ter-se-iam perdido nas impostas condições das torturas a sua ànsia de crescer, o seu desejo mágico de liberdade, a sua fé no viver, o seu amanhã?... Onde ficou escondida a magia, que povoou de movimentos a quietude que o embalava, embalando-se no nascer da luz do crescimento desejado, enquanto a senzala se desmanchava, queimando em cinzas o açoite do feitor, subjugado pelo arbítrio leitoso e adocicado, porém tirànico, de um senhor que, de longe, estendia amarras sobre você, enquanto outras paragens adoçava?
Lembro, que entregou sua coroa para um novo rei, no desejo inconsciente, mas consistente, de se tornar um dia alguém, amado pelo que era, poderoso pelo simples e divino verbo ser. Sucederam-se os soberanos, trocaram-se os papéis, imortalizaram-se guerras e heróis, sepultaram-se vidas. Mas você permaneceu na plácida ilusão fantasma de não ser o objeto e sim o sujeito de sua própria história.... Como se isso lhe adviesse em dom e graça por sua beleza ímpar e inegável, sem necessidade de ser conquistado!...
O relógio do tempo girou e girou, sem dó nem piedade e a mesmice da rotina repetitiva, que em círculos seu viver desenhou, poluiu sua existência, destruiu sua pureza, manchou seu corpo de miséria, fome e dor, mas você ficou, adormecido pela flauta enganadora, que em seus ouvidos mentiras mil entoou... E você acreditou! Acreditou que bastava um gesto, um aceno, um rabisco para tornar-se, enfim, dono de seu destino, que em desatinos, no tempo se perdia.
Cadê a fantasia, que no carnaval da vida você desfilou, a força que imaginou um cruzeiro luzente na noite, em que, sem querer, querendo, mergulhou? Cadê aqueles braços robustos, que pensaram poder sustentar a velhice, que aguarda a morte nas filas enormes da esperança e que ainda imagina a mesa farta, o corpo quente, enquanto a água lava a ponte, sob a qual dorme uma infància indigente, que é o segredo do seu amanhã? Cadê o sonho sonhado, educado e sadio, que prometia ser realidade ao acordar do novo dia?
Estaria tudo perdido na ilusão da droga, que seu ventre corrói, no ópio engalanado, que o bolo de seu aniversário projeta e decora, enquanto a massa estarrecida, vê explodir em fogos de artificio o fantástico número quinhentos, símbolo de toda uma história?... O horizonte descobre-se ao nascer de um novo milênio e em meu coração teima em brotar a frágil flor da esperança, meio trêmula, assustada, meio inquieta, porém plena da gloriosa certeza: quem sobreviveu por tanto tempo a uma luta inglória, há de tornar-se um gigante, agora que seus quinhentos anos comemora!
Brasil, meu Brasil brasileiro, florão altaneiro, país do futebol, do samba, do encanto da natureza e de um povo guerreiro, porque é dócil, eu acredito na sua grandeza, pois sobrevives há muito tempo só com a crença de que tudo irá melhorar, sustentada pelos braços, ainda que cansados, ou até já sepultados, de um Airton Senna, de um Villas Lobo, de um Pelé, de uma Fernanda Montenegro, de um Paulo Freire, de uma irmã Dulce, de um Zé da Silva, de um João Ninguém...e de incontáveis Amélias e Sebastiões.
É possível encontrar em você tudo aquilo que já se teve a arrogància de sonhar; basta o meu, o nosso querer, ser brasileiro de coração! Porque é uma mesma e única a emoção, que agita a bandeira quadriculada, anunciando o novo campeão, e a que estremece e palpita no peito de toda a essa gente humilde, que é de todas as raças, cores, crenças e amores, e pinta sua cara de verde e amarelo, sempre que é chamada a defender ou construir um novo tempo, redesenhando a história.
Essa gente, cuja morenice galante garante a certeza de que o amanhã é agora e o longe é perto, um dia vestia outras nacionalidades, mas, ao chegar aqui, despiu-se das antigas roupagens e banhou-se na fortuna do seu céu, dos seus bosques, de sua terra abençoada, tornando-se uma só voz e uma só paixão, "Pátria amada, idolatrada!......Mãe gentil, Pátria amada, Brasil!"
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