Em outubro normalmente vem do interior do Pará uma grande quantidade de romeiros se hospedar em Belém, afim de acompanhar o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. E num desses paus-de-ararás chegou em Belém D. Laura, que vinha de Vigia, como todos os anos acompanhar a santa.Após desembarar no terminal rodoviário pegou o Ceasa que no seu itinerário iria seguir para o Umarizal, na Bernaldo Couto entre a Alte. Wanderkoc e a Doca de Souza Franco. Bem próximo da Phebo e da Padaria Cinco de Outubro.
Nessa época a casa ficava cheia. Era rede pra cá, rede pra lá. Paneiros com galinhas caipiras, patos, Perus, panelas com maniçoba, vatapá, tucupi, enfim, uma grande confusão arraigada as badaladas do sino da Basílica de Nazaré em anunciação ao Círio que estava pra começar.
D. Laura veio aduentada; com umas dores nas costas, uns panos brancos, uma gripe e uma cólica com prisão de ventre reclamava ela.
Seu Ademar, homem pobre, mas de muito conhecimento e um pouco de bafó, disse a pobre mulher que iria lhe enviar a um médico amigo de sua família.
Asssim, como dois e dois são quatro,ele falou com o médico da Santa Casa,realmente amigo seu e acertou que levaria a senhora lá.
Quando o dia chegou o seu Ademar pulou fora do barco. Pediu a sua lambaia Mariazinha que levasse a D. Laura. E a menina obedientemente aceitou.
No momento que entraram no hospital e procuraram pelo Dr. Benedito, lhes foi informado que ele estava operando, contudo iria atender. Pediu que amabas o aguardasse.
Horas mais tarde o médico preocupado sai da sala de operação e é cercado por toda a família do morto, melhor dizendo do rapaz que estava a beira da morte. E se vendo sob pressão sem saber o que responder, entrou no seu consultório pensando em esfriar a cabeça. Na verdade não lembrava que naquele dia havia uma consulta.Por sua vez, a enfermeira, que tinha saido a pouco de longe o viu entrar no consultório e julgou que o mesmo iria consultar a única paciente que ali estava desde às 13:00 horas. E já era sete da noite.Assim, mandou-as entrar.
De súbito a maçaneta da porta girou e a porta abriu adentrando aquelas pessoas esfarrapadas. Uma menina mal trajada e uma velha cabeça branca, escorada num cajado, com uma roupa toda feita de retalho e um óculos que nada deixava a desejar ao fundo de uma garrafa.
Dr. Benedito até ficou sem palavras e quando tentou esboçar uma reação D. Laura foi dizendo que era parenta do Ademar.
Conhecimentos a parte e ele, sem dizer nada, balançou a cabeça, como quem vai consultar.E disse: - Diga minha avó o que a senhora tem?!
Respondeu a senhora: - Ah meu filho, diz o persoar que essa dur, que doí nas costas é rermatismo!
Replicou o médico: - Senhora, por favor contenha-se me dizer o que a senhora sente. Intenrrompeu a senhora: - mas dutur essa manchas na minha pele, diz o persoar queé panu brancu.
- Senhora eu quero saber só o que a senhora sente. Disse paciente mente o médico outra vez. E ela insistentemente retumbou : - dutur, mas diz o persoar...
- Ora senhora! O médico já aborrecido bateu na mesa e disse: Eu saio de uma operação quase mal sucedida, em que os parentes da vítima querem a minha cabeça e ainda tenho que me dispor a ouvir uma velha pertubada falar um monte de asneira. Tenha dó. Por favor minha filha leve essa senhora pro persoar de lá consultar, que eu já vou me aposentar.
