Usina de Letras
Usina de Letras
159 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62270 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50661)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6204)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A criação do amor - 1º dia -- 15/03/2002 - 10:41 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dominava-me o receio de que naquele ano eu continuasse solitário, passeando na vida sem ninguém a quem amar e que também me amasse.

Olhava em volta e nada via, nenhuma luz, nenhuma cor, nenhuma voz. Nesse vazio essencial eu percorria os caminhos do mundo atrás de um complemento, de uma outra pessoa com quem eu pudesse compartilhar meus anelos secretos, minhas cogitações íntimas. Decidi: tenho que me entregar a alguém; devo me deixar conhecer para que aquela a quem eu resolver amar também me ame. Quando isso ocorrer nada poderá nos separar, força alguma nesse universo, mal ou bem, riqueza ou miséria, vida ou morte, louros de glória ou espada assassina haverá de destruir o amor entre mim e essa mulher. Existirá tal pessoa em algum lugar desse mundo?

Meu nome é Pedro e tenho daqui até o fim do ano para contar-vos como minha vida virou de cabeça pra baixo por causa de uma paixão avassaladora por uma mulher que julguei ser aquela com quem iria minha alma se deleitar enfim.

Era inverno, nos dias de fevereiro do segundo ano do terceiro milênio da era cristã, e, indo eu para a universidade, com o corpo querendo aquecimento e o coração solitário, avistei uma jovem de tez morena, cabelos mui negros e brilhantes, de olhos reluzindo ao sol que abateu momentaneamente a chuva. Era já a hora de estarmos em sala, mas a preguiça dos dias próximos do carnaval ainda nos fazia querer ficar cabulando aula, jogando conversa fora, perdendo precioso tempo em futilidades. Tinha feito já alguns amigos nessa terceira tentativa de concluir um curso superior. Escolhi fazer Letras, pois a produção literária muito me seduzia. Nesse ritmo de “slow” mental entramos para a aula de Metodologia do Trabalho Acadêmico.

Seguindo o costume medíocre de professores cuja falta de inteligência e conhecimento os impede de tornar minimamente atraente as aulas, o daquele primeiro dia entregou a cópia de um livreto sobre o que é a realidade para ser lido e discutido em grupo. Divididos os grupos, eis que chega Potira, nome dessa mulher diabolicamente linda, para se integrar ao nosso... Nada vi de imediato nela que justificasse o ardor que sua imagem dali a alguns dias iria produzir no meu coração. Sua postura serena, quase tímida, sua voz amaciada e preguiçosa, seu olhar de receio e sua aparente inépcia quase me confundiram, a ponto de ver nela uma mulher sem atributos que me atraíssem fatalmente. Durante a leitura do texto, naquela fase em que ninguém conhece ninguém, todos querem se apresentar, dizendo: “ei, estou aqui...”, nenhum dos presentes ousava olhar detidamente para outro; os relances furtivos nos salvaram e dessa forma, creio, chegamos a concluir quem era quem naquele grupo.

Semana seguinte, aula de inglês. Mais um texto a ser traduzido, ou melhor, usando as ferramentas de que dispúnhamos, as palavras conhecidas, os cognatos, deveríamos compreender de que tratava o texto, etc. Potira estava numa fileira à frente de onde eu estava. Como nada soubesse de inglês, ela logo se aproximou de Carlos, um bom camarada, solícito e amigo, para juntos tentarem responder as perguntas. Como encontrava dificuldades, Carlos me chamou para sentar perto deles. Imediatamente Potira puxou uma cadeira para junto de si, indicando que gostaria que eu sentasse perto dela. Assim fiz. Nascia então minha paixão por ela.

E foi-se então a tarde do primeiro dos dias em que a turbulenta sensação de ser amado haveria de tornar o mais feliz dos homens.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui