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Poesias-->Céu Morto -- 15/05/2002 - 00:24 (Paulo Robson de Souza) |
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Descobri com espanto:
talvez não exista mais aquela estrela.
A luz é obra do passado
como o rio é o passado da fonte.
Em outros mundos
a Terra que se avista é passado.
O nosso céu é passado. E os astrólogos
lêem velhas cartas para falar do futuro.
E os astrônomos vêem
combinações que não existem mais.
E os poetas fitam
o trem que já passou.
* * *
Quanto mais viajo
ao encontro da estrela,
mais velha ela fica.
Muda de cor.
Driblo o que há de vir
— o futuro —
saltitando sobre o passado
numa viagem multicolorida.
E pra ver a infância da velha estrela
deveria seguir sua luz primeira
(que por aqui passou)
numa nave mais ligeira.
* * *
Universo:
O céu é feito de rastros.
Duniverso: o céu é feito de dunas
de estrelas se movendo.
Verso:
Uma estrela nascendo
Anverso:
outra morrendo.
1988.
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