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Infantil-->A vida e o novo ofício da formiga -- 09/12/2001 - 00:22 (Francisco Rodrigues Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VIDA E O NOVO OFÍCIO DA FORMIGA
Francisco Rodrigues Júnior
Para Ana Elisa e Maria Luísa, minhas duas filhinhas amadas.

Era uma vez uma formiguinha muito danada e esperta. Vivia trabalhando, carregando folhinhas para o seu formigueiro. Todos os dias, logo que acordava, ela saia do formigueiro para trabalhar. Pegava uma folhinha aqui, outra ali, e, rapidamente, levava para casa. Não parava para descansar e nem para observar as maravilhas que existiam no mundo. Só trabalhava, sem cessar.
Um certo dia surgiu por ali uma cigarra, que, ao ver a formiguinha, desejou conversar-se com ela. Ela queria contar à formiguinha as novas descobertas que havia feito por aquelas redondezas. A formiguinha nem ligou para ela, apenas apressou o passo, escolheu uma folhinha, pegou-a e correu para a sua casa. A cigarra ficou danada, mas não a ponto de desistir. Sentou-se numa pedra, treinou uma cantiga e ficou a esperar a formiguinha voltar ali. Não demorou muito e a formiguinha logo estava ali em busca de uma outra folhinha.
A cigarra, como era muito arteira, se escondeu atrás de uma folhinha e ficou a esperar o que aconteceria. A formiguinha se engraçou justamente com a folhinha em que a cigarra estava escondida. Correu para pegá-la. A cigarra surgiu da folhinha, falando, sem parar, com a sua voz melódica.
__ Ei, formiguinha, por que você não faz outra coisa a não ser carregar folhinhas?
A formiguinha, assustada, respondeu.
__ É o meu trabalho! Não posso parar, tenho que levar mais e mais folhinhas para o meu formigueiro. Logo chegará o inverno e quero estar bem garantida. Não quero passar fome e nem frio...
__ Mas olha que tolice! E passa todo o verão preocupada com o inverno! A gente tem que viver todas as estações do ano, conforme a natureza estabelece. No verão a gente se diverte, no outono a gente trabalha e no inverno a gente come e se aquece... Nós, cigarras, vivemos assim. Em cada estação do ano, um programa diferente.
__ Vocês, cigarras, vivem assim; mas nós, formigas, temos que trabalhar. Faz parte da nossa tradição. Não aprendemos a ficar zombando dos outros por aí, aliás, não temos tempo para isso e nem para conversas.
Ao falar isso, a formiguinha cortou um pedaço da folhinha com a sua tesourinha afiada, preparou para carregá-la e, novamente, foi advertida pela cigarra.
__ Olha só formiguinha, que bobeira. Estou a conversar com você e você preocupada apenas em trabalhar. Descanse um pouco minha amiga, venha comigo, vamos passear...
A formiguinha olhou para a cigarra com uma cara fechada e resmungou.
__ Passear? Você não tem vergonha? Como você se viu atreve a fazer um convite desse a um inseto que vive a trabalhar?
A cigarra sorriu.
__ Ora, claro que não tenho vergonha! São insetos trabalhadores que merecem passear. Trabalhar, apenas trabalhar, não é aí que está a essência da vida... Eu também trabalho, tenho uma orquestra enorme, mas não vivo apenas do trabalho, sei também me divertir...
A formiguinha, ainda assustada, arriscou uma pergunta.
__ A essência da vida não está no trabalho?
__ Ora, cara formiga, trabalhar é bom, mas a essência da vida, não está apenas no trabalho, está também em conhecer o mundo e sentir que fazemos parte dele. .. Sabe, ainda há pouco, por exemplo, descobri um lugar maravilhoso...
A fala da cigarra despertou uma grande curiosidade na formiguinha.
—- Um lugar maravilhoso?! Um lugar mais bonito do que este?
A cigarra estufou o peito e cheia de entusiasmo, declarou.
__ Bem mais, aliás, este lugar aqui não é nada bonito. Apenas têm árvores, folhas caídas...
—- Mas aqui é um lugar bonito e muito útil...
__ Ora, ora, é que você não teve o prazer de conhecer outros lugares... Se assim fizesse, não ficaria por aqui apenas trabalhando o dia inteiro a esperar pelo inverno... Eu, por exemplo, se não quero o inverno, trato de voar para outro lugar mais quente, aliás, sou capaz de curtir o verão pelo resto da minha vida...
A formiguinha se entusiasmou.
—- Não entendi... Há lugares que não existe o inverno?
__ Sim, nas minhas andanças tenho percebido isso. Se aqui é verão, em outro lugar é inverno. Basta descobrir onde e ficar por lá para curtir uma ou outra estação...
__ Que legal! Conte-me agora sobre o lugar maravilhoso que você descobriu...
__ Eu não só te contarei, mas levarei você lá para conhecer. É um lugar maravilhoso, um jardim cheio de flores e de encantos...
__ Flores?!! E as folhinhas são...
__ Existe por lá todos os tipos de folhinhas, de flores, frutos... Não é à toa que todo mundo quer viver por lá...
__ Lá tem muitos insetos?
__ Todas as espécies de insetos do mundo. Até eu já levei para lá a minha afinada orquestra de cigarras...
__ Lá, ninguém trabalha?
__ Trabalha sim. Cada um exerce o seu ofício. Só que ninguém excede ao trabalho como vocês, formigas... Lá, todos têm o tempo determinado para tudo... Quer conhecer este lugar? levar-te-ei para lá, quem sabe você não se liberta um pouco do trabalho. Escravizar-se, desta forma, já era... estamos em outra época em que tudo na nossa vida tem que ser muito equilibrado... Você já ouviu falar sobre a importância de se ter uma boa qualidade de vida?
A formiguinha fez não com a cabeça.
A cigarra prosseguiu.
__ Não pense muito, formiguinha, apenas, responda-me, quais são os lugares que você conhece desde o primeiro dia de sua vida?
__ Eu conheço a minha casa e o caminho que faço de lá para cá...
— Que pena! E você está deixando de conhecer um mundo imenso pela sua frente... Quais são as outras experiências que você tem a não ser a de carregar folhinhas de cá para lá?
__ Nenhuma! É só o que sei fazer...
E a cigarra, então, resolveu desafiar a formiguinha.
__ Se você quiser vir comigo, mostrarei o mundo lindo que também pertence a você... Levar-te-ei para este jardim, dar-lhe-ei as primeiras lições e se não gostar da experiência, trarei você de volta para este mesmo lugar...
__ Você vai ensinar-me a cantar?
__ Quem sabe, se esse for o seu desejo...
__ Eu não sei cantar... aliás, formiga alguma nunca foi capaz disso...
__ Mas você pode ser a primeira! Quem sabe não poderá aprender a reger uma orquestra?
A formiguinha pensou um pouquinho e respondeu entusiasmada.
__ Se assim for, eu aceito a proposta.
E a cigarra ofereceu as costas para a formiguinha e ambas saíram voando pela floresta. Em cada lugar que elas paravam para descansar a formiguinha tecia comentários deslumbrantes. Ela nunca havia imaginado como o mundo era tão maravilhoso. Quando elas chegaram no jardim foram muito bem recebidas pelos insetos que moravam lá. A cigarra fez questão de reunir a sua orquestra para cantar uma linda melodia à formiguinha. A melodia era antiga e falava sobre um episódio que havia acontecido há muitos e muitos anos. Era a cantiga da CIGARRA E A FORMIGA...
E a formiguinha, que vivia apenas carregando folhinhas, agora viajava pelo mundo regendo a orquestra das cigarras. O seu novo ofício, agora, era viver no mundo das artes.

Januária, 29 de maio de 2.000

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