O meu pai ia trabalhar!
O meu pai ia trabalhar!
Ia trabalhar no Brasil, construia prédios, fazia calçadas, igrejas e escolas.
O meu pai ia trabalhar!
O meu pai ia trabalhar! Era como os outros,
aqui, acolá ,todo dia era uma história. E de seis em seis meses um emprego diferente.
As vezes era servente, outro dia vendia picolé, noutro dia vendia pipoca, jornal ou engraxava os sapatos dos deputados.
O meu pai foi operário, trabalhou numa empresa e ficava o tempo todo em pé. As vezes não almoçava e no final do mês pouco ganhava.
O meu pai ficou doente e não havia leito nos hospitais, ele tossia muito e sangue eram suas últimas palavras.
Já não ouvia a sua voz e os seus olhos pareciam ficar o tempo todo estagnados. Só sabia que ele via, por que ele chorava.
O meu pai trabalhou pro Brasil doze horas por dia em trinta e cinco anos. Não almoçava, andava a pé, com uma camisa esgalçada e uma calça jeans bastante surrada. Não brincava, não tinha estudo e mal recebia, já devia.
O meu pai me acariciava e dizia...
Filho estude pra mudar a ordem do Brasil.
Hoje sou Advogado, Economista,Administrador e servidor Público número um, mas não consegui mudar o povo e nem o sistema.
O meu pai morreu!
Nos arquivos da história ninguém o pariu com letras de agradecimento, tão pouco constróem a consciência de liberdade dos nossos dias.
Aqui da janela ainda vejo o meu pai, todos os dias se despedir dos seus filhos e seguir a única estrada do homem que só tem começo.
O meu pai construiu o Brasil!
O meu pai é o seu que há pouco partiu!
O meu pai...São esses filhos que não são rebeldes, que não sabem lêr, nem escrever. Abaixam a cabeça e fazem como você, preferem morrer ao mudar o curso da história.
O meu pai, assim como eu, acreditamos na idependência do Brasil. |