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Artigos-->APOCALIPSE NOW: o filme sobre todas as guerras -- 17/10/2001 - 07:49 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O filme sobre todas as guerras: "Apocalypse Now", montagem do diretor



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Por Helmut Krausser

Trad.: zé pedro antunes



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Se alguém quer saber o que pode acontecer se o exército americano enviar um pequeno comando de soldados a terreno desconhecido em terra estrangeira, com a missão de liquidar megalomaníaco e auto-proclamado comandante que se tornou um peso para os EUA, melhor seria não consultar as emissões especiais na televisão sobre o Afeganistão. Diretamente do Pentágono e das cavernas de Bin Laden, elas não fazem senão divulgar verdades parciais cuidadosamente maquiadas. Melhor seria assistir então "Apocalypse Now", que já há 20 anos antecipou a "nova" maneira de conduzir uma guerra: um inimigo esquemático, uma ação punitiva moralmente justificável, mas do ponto de vista jurídico duvidosa, uma guerra na sombra. O escritor Helmut Krausser comenta o filme para os leitores.



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A formulação "filme antibélico" deveria ser finalmente arquivada ad acta ou ser usada tão-somente ainda para fitas de cinema nas quais, por toda parte, nenhum confronto militar acontece. Há filmes de guerra e filmes que enaltecem a guerra. "Apocalypse Now" é um filme de guerra, e aliás o mais radical de todos, e justamente, ou apesar de seus excessos, o mais verdadeiro.

Quando, depois de quase um quarto de século, a montagem do diretor de um filme de há muito lendário chega aos cinemas, com bem uns vinte por cento de material novo, não há como evitar perguntas como: Por que não antes? E: Isso realmente tinha de ser?



A publicação desse novo material não é, em si mesm, um apelo técnico e propagandístico para atrair aos cinemas gerações que só tiveram acesso ao filme, se o tiveram, por meio de vídeo? E se a resposta é “não”, se portanto a montagem do diretor supera a versão até aqui conhecida, com mais razão ainda se pergunta por que um diretor se manteve escondido por tanto tempo, qual a razão para que ele afinal possa ter permitido um tal mutilação da sua criação.



Coppola afirma ter temido, na época, um fracasso de bilheteria, encurtando assim, em reconhecimento ao gosto das massas, o seu filme. Trata-se de uma informação honesta, sem deixar de ser vergonhosa. Agora que ele pode fazê-lo, apresenta então uma versão de 203 minutos e diz estar finalmente satisfeito. Tem toda razão em fazê-lo, pois ofereceu a si mesmo e a nós todos uma obra-prima, que resulta tão jovem e tão atual como se tivesse sido acabada de rodar. "Apocalypse Now" está agora ainda um tanto maior e mais virulento do que antes.



A máquina de propaganda do final dos anos 70 deve ter achado politicamente correto vender o filme como uma condenação da guerra em si mesma, e muitos passaram a repeti-lo com sofreguidão. De fato a guerra não é declarada sem sentido, mas apenas aquela guerra, a do Vietnã, e isso explicitamente em três passagens.



"Vocês, americanos, podem vencer esta guerra", diz um dos fantasmagóricos senhores coloniais franceses, "por que não o fazem?" O Coronel Walter Kurtz retruca indiretamente, numa outra passagem, ainda de plena posse de suas energias intelectuais, que não seria possível vencer uma guerra que não fosse conduzida de forma conseqüente, menos ainda com recrutas novinhos em folha, que – do ponto de vista da sensualidade – se acham afrouxados por drogas, revistas Playboy e rock n roll.



Mais adiante, já mentalmente enfermo, se torna mais claro, ao relatar sobre grupos de vietcongues, que, numa aldeia, haviam serrado o braço a crianças vacinadas pelos americanos. E ele diz: "Essas pessoas não são monstros, são autênticos lutadores, para os quais não há senão vitória ou morte. Tivesse eu dez divisões de pessoas assim, a guerra rapidamente haveria de terminar."



Soa horrível, parecendo um discurso de Himmler. Não espanta que o filme tenha colhido objeções de tendências fascistóides. Ora poder-se-ia contrapor que o Coronel Kurtz na verdade estava mentalmente doente. Certo, mas o filme sem dúvida transporta a mensagem de que a guerra poderia ser amplamente vencida, por soldados para os quais a vitória tivesse um sentido essencial, qualquer que ele fosse.



Poderíamos fazer do filme uma interpretação maldosa, como um tratado em favor da guerra total – ou tudo ou absolutamente nada – e este ponto de vista é ainda extensamente reforçado pela versão ampliada. Se Coppola queria mesmo isso, eis uma outra questão.



[Continua]
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