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Erotico-->26. PESQUISAS -- 13/08/2002 - 08:47 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

No plano espiritual, o corpo socorrista comandado por Virgílio organizava-se para o iminente encontro com as forças que preservavam Alfredo do assédio das entidades que pretendiam encaminhá-lo para o bem. O homem não podia considerar-se sozinho, mas se via ao desamparo do amor do Pai, que acreditava estar bem distante de sua figura.

Nepomuceno conseguiu infiltrar-se até os primeiros postos de vigilância, onde pôde perceber extremo bulício e desequilíbrio. Havia inúmeras vibrações de apoio à infeliz criatura, cujo acesso lhe era denegado. Em sua organização criminosa, cabia o auxílio, o socorro, o amparo dos infelizes, se bem que com objetivos danosos claramente definidos. De qualquer forma, entes em péssima condição de saúde eram levados a hospitais, a miséria absoluta não era permitida, a ignorância era atenuada por escolas de primeiras letras e assim por diante. Havia, portanto, pais e mães agradecidos e pessoas reconhecidas. Se a polícia intentasse, à luz do dia, adentrar o reduto de sua atuação, seria recebida pelo populacho a pedradas. Mas a polícia estava bem longe de querer interferir nos negócios de quem lhe dava amparo e segurança. Naquele local, até a delegacia funcionava para o afastamento de desatentos intrusos, inadvertidos para o poder ali instalado.

Mas qualquer bem que se pudesse assim considerar, repercutindo na alma das pessoas como sagrado auxílio, ao despertar a vibração correspondente de agradecimento e solidariedade, ficava restrito ao campo da emissão, pois nunca se conseguia vencer a resistência que opunham os infelizes dominadores dos que serviam ao chefe, instruídos por obsessores maiores para que impedissem qualquer beatitude de se realizar.

Deus estava, portanto, afastado das cogitações do indigitado facínora.

Nepomuceno imaginou revolta dos que desejavam o bem ao filho, mas recebeu imediato esclarecimento de Virgílio, quanto à natureza das personalidades agradecidas. Percorrendo as casas em que a ajuda entrava, foi reparando que as pessoas se iludiam com os presentes recebidos, achando até justo que, em troca, se dedicassem a serviços escusos, como entregas de pacotes de drogas, guarda de armas e de munição, aviso da chegada de suspeitos de serem prejudiciais aos negócios e assim por diante. Havia até seguro correio, podendo as informações ser passadas por desconhecido código ali corrente, mediante linguagem cifrada e combinada. Até pipas no céu poderiam representar este ou aquele informe valioso para a guarda dos pontos de tráfico. À noite, certas luzes acesas ou apagadas denunciavam que tal ou qual via estava desimpedida para a entrada ou saída das partidas das mercadorias ou dos veículos roubados.

As pessoas manifestavam consideração e respeito, pois se sentiam sob o amparo e a segurança daquela força extraordinária e ilegal, mas sabiam-se nas mãos dos delinqüentes. Qualquer iniciativa no sentido de mudança de alguma determinação provinda do comando era imediatamente punida com o rigor da pena máxima: a morte. Desse modo, só quem era conivente, irresponsável ou infenso à lei e à ordem do poder público é que se prontificava a irradiar de si alguma vibração favorável a Alfredo.

Nepomuceno foi obrigado a reconhecer a sua quimérica proposição como inteiramente improcedente. Imaginou que, se às pessoas se assegurasse vida melhor, sob regime político-econômico de maior justiça social, certamente optariam por abandonar aquela vida de escravidão moral.

Com essa idéia concordou Virgílio, mas obtemperou, por outro lado, que talvez a falta da assistência do poder oficial pudesse constituir-se em forte razão a justificar os atos criminosos do filho. Com certeza, se argüido fosse a respeito do bem interessado que praticava, responderia que, além do que sua equipe proporcionava aos moradores do bairro, nenhum outro conseguiriam de quem quer que fosse, público ou particular. Era a justificativa clássica dos que se arvoram em benfeitores da humanidade, sem darem conta dos meios espúrios de que lançam mão. De qualquer forma, não haveria como o grupo de socorro recorrer ao auxílio da comunidade.

O pai desejou conhecer os sentimentos do filho. Haveria alguma possibilidade de fintar a guarda e de se achegar a ele?

Virgílio temeu que nem todos do grupo estariam aptos a camuflar a presença, uma vez que dardejavam emanações vibráteis de natureza muito densa, não se tendo libertado totalmente das ânsias de caráter material. Havia muito medo, a expor falta de fé e de esperança. Havia tremores de ódio e de revolta, a configurar a não instalação íntima do sentimento do amor. Havia máculas escuras na aura, uma vez que não se tinha certeza completa da divina misericórdia. Para que todos pudessem adentrar a fortaleza para a avaliação das condições morais de Alfredo, haveriam que trabalhar afincadamente na restauração perispiritual de inúmeras criaturas, serviço obrigatório para quem almejasse o título de socorrista. Nesse caso, o tempo correria contra o objetivo do resgate.

— Será que Virgílio não poderia ir, ele mesmo, para obter as informações necessárias? — era a ansiada questão que todos colocavam.

O mentor reconheceu que talvez pudesse cumprir essa parte da tarefa, mas aconselhou a que o grupo designasse alguém para a missão, aquele que estivesse com o coração mais pronto a sacrificar-se pela entidade em desajuste.

Aí todos se voltaram para a mãe, mas Josineida reconheceu-se incapaz para a tarefa e apontou Ângela como a que melhores atributos reunia, segundo as prescrições do orientador. Era a que mais sofrera nas mãos do filho e a que mais completamente soubera perdoar. Além do mais, sentia-se que havia muito amor em seu coração.

Ângela quis negar-se ao compromisso, mas foi obrigada a admitir que desejava ardentemente estar junto daquele que um dia fora a inspiração de seus débeis amores. Temia vir a ser descoberta, mas sentia muita força íntima para tão inocente investigação. Partiria assim que fosse auxiliada pelas preces de todos.

Naquele momento, percebeu que as vibrações do mano Marquinhos eram tênues e apontavam francamente para outro sentido que não o da ajuda ao tio. Energizada, contudo, pela forte corrente dos demais, deixou aquela impressão para resolver depois. Iria enfrentar o perigo.



Era de impor respeito a guarda que vigiava a entrada do palácio do tio. Ângela estremeceu mas concentrou-se a tempo para escapar à percepção dos seres formidandos que lá se encontravam. Lembrava-se de que um dia estivera sob domínio de tão potentes entidades. Quando ia descambar o pensamento para épocas remotas em que sua conduta não condizia com as aspirações de perfeição, sentiu suave frêmito, como se alguém estivesse a adverti-la para manter o tônus vibratório elevado. Percebeu que se deixara envolver pela densidade das emanações da malignidade, restabelecendo logo o equilíbrio. Sentia-se ali como nas profundezas do Umbral. Elevou o pensamento a Deus e solicitou ajuda para o enfrentamento.

Alfredo dormia sob o efeito de bebidas alcoólicas. Tinha a expressão carregada de quem suporta fardo muito pesado. Quisera fugir ao trabalho honroso e se enovelara em vida de crimes. Não conseguia mais entender a vida na face do orbe diferente do sentido da prepotência e da dominação. Deixava claramente entrever suas sensações quanto a haver duas qualidades de pessoas: as que mandam e as que obedecem. Passara de um bloco a outro por meio do sacrifício de todos os princípios que o lar e a escola lhe haviam ensinado. Não conhecera religião alguma, sendo sua aura enegrecida o testemunho vivo de que não se sentia preso a nenhuma entidade maléfica, mas que se imaginava no apogeu do poder em ambos os planos.

Ângela intentou influenciá-lo com emanações sutis de muito amor. Desacostumado com tais eflúvios, acordou o perispírito, que repousava, temeroso de ter os domínios invadidos. Sentiu como que embriagador afago, lembrança que se despertava, mas claro murmúrio externo se ouviu, como se sua fraqueza ensejasse a outros a oportunidade de manifestação de rebeldia. Muito mais forte e poderosa foi sua reação e ali, diante da pobre criatura estarrecida, assumiu a aparência terrível de escura feição demoníaca. Das entranhas fez brotar tremendo urro, que colocou silêncio no ambiente.

Ângela, ajoelhada num canto, deixava rolar lágrimas de intenso sofrimento. Não acreditava em tanta perversão. Que diria aos pais, ao irmão, aos sobrinhos e à cunhada: que tinham na família verdadeiro representante do inferno?... Deixou-se descair em oração, pedindo a Deus inspiração para que pudesse desincumbir-se da tarefa. Pensou em abraçar aquele ser asqueroso, mas antes que refletisse a respeito dessa idéia e da possibilidade de realização, viu-se arrebatada de lá por invisíveis e poderosas forças. Intensa sonolência impediu-a de conhecer como havia retornado ao seio dos amigos. Quando despertou, estava nos braços da mãe, que a afagava carinhosamente.

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