Fonte: www.udoklinger.de
A águia e a raposa
Uma águia aninhou-se em um alto carvalho e a raposa tinha sua toca bem embaixo deste. Essa vizinhança aparentava uma amizade a
cultivar. Mas que o quê, sô! Como se desanimaram...
Certa vez, quando a raposa saiu para sua predatória caça, a águia e seus filhotes, justo nesse dia, por falta de presa, ainda
estavam em jejum. A águia, então, parou para pensar. E concluiu que a fome é superior à consideração com os amigos. Pensando
desse jeito, atirou-se para a toca da raposa, trouxe os filhotes desta para seu ninho e espatifou todos eles. Foi uma saborosa
refeição para ela e para suas filhotinhas.
Mal acabou de chegar, a raposa foi logo dando falta dos seus filhotes e, de imediato, suspeitou da autoria daquele delito. Cheia
de ódio por essa falta de amizade e movida por tanta dor, rogou uma torrente de pragas contra sua vizinha que, daquele momento
em diante, tornou-se sua mais violenta inimiga. E, como não tinha meios de vingar-se, implorou para que a ira dos deuses da
Águia nela recaísse. Quieta, com doce expressão, a águia assistiu a irritação da raposa; e não se dava conta de que logo, logo,
o merecido castigo viria "ao ponto". Foi quando se deu uma festa na vizinhança e todos as aves e todos os animais faziam
imolações em louvor aos seus deuses.
Quando puseram fogo nas vísceras, a águia voou para lá, furtou seu costumeiro pedaço e levou-o para seu ninho. Sem que ela
percebesse, dependurada em sua presa, uma brasa ainda ardia; seu ninho começou a pegar fogo rápido e, por cima, veio uma forte e
furiosa tempestade que dissolveu seu ninho; seus tostados filhotes caíram e a raposa deglutiu-os diante dos olhos da águia.
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O criminoso recebe seu castigo sempre.