ENTRE OS LENÇÓIS
J.B.Xavier
Teu corpo dourado rebrilha
em faíscas de ouro sob a réstia de sol
que penetra pela janela entreaberta.
Nua, te estendes languidamente,
meio dormindo meio desperta.
A luz percorre todo o teu corpo
num dulcíssimo carinho, quase um beijo,
e, como que tocada por mãos angelicais,
ouço teu suspiro entrecortado de desejo...
As gotas d’água de teu banho restaurador
ainda estão sobre ti, cintilantes e quietas,
como diamantes, a enfeitar o amor...
Lá fora, o vento sopra suavemente as flores do jardim
Talvez por te ver assim,
e me traz mil perfumes,
misturados ao cheiro teu.
E eu te observo extasiado,
cansado, ainda ofegante...
Por um instante pensei ser um sonho,
talvez mais uma ilusão de um andarilho sem rumo...
Então, descansei sobre teus seios,
e ouvi as batidas compassadas de teu coração,
e a agitação que ainda se revolvia em teu interior,
clamando por mais amor...
O pequenino raio de sol percorreu todo o teu corpo,
em completa liberdade,
e, em cada curva, uma nova descoberta.
A brisa perfumada envolveu-te inteira,
eriçando tua pele e fazendo-te verdadeira,
roçou suave por teus lábios,
rolou por sobre teus seios
e explorou todos os teus segredos,
passeou por teus cabelos...
Nada fiz para impedi-los,
mesmo quando os vi brincar com teus pelos...
Mas, um leve tremor te percorreu
e um novo lume de amor nasceu.
Satisfeito, o raio de sol se afastou candidamente
através das cortinas da varanda,
se apagou discretamente e deixou em seu lugar
a penumbra gentil e enamorada,
também ela, ansiosa por ser amada,
e foram brincar noutro lugar,
e acariciar outras flores...
Só então pousei a mão no veludo de tua pele
e despertei teus suspiros,
nos giros de meu sangue fervilhante,
e te abracei inteira,
e mais uma vez, fui teu amante...
|