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Cartas-->Pelo VOTO NULO -- Democracia no Brasil é nome de cachaça -- 12/05/2002 - 12:30 (Jactâncio Futrica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CAMPANHA PELO VOTO NULO


“Não há um único atentado à civilização, ao progresso, à humanidade; uma única infâmia, grande ou pequena, que o sufrágio universal habilmente manipulado não tenha absolvido, justificado e glorificado. Não existe uma única lágrima de mulher, um soluço dum pobre que o voto inconsciente dos miseráveis não tenha achincalhado e tornado ainda mais doloroso.”
(Enrico Malatesta)



O negócio é o seguinte. Existe muita gente que considera o voto (não o direito, mas o ato do voto) uma prática honrosa e dignificante. Julgam uma façanha extraordinária este ato de escolher ser explorado por fulano ou beltrano. Mas esses eleitores de plantão, tão transbordantes de cidadania com o seu título de eleitor, na verdade pertencem à mesmíssima e antiqüíssima tradição dos vitimizados, dos corneados, dos usados e abusados (o adubo da História). Entre uma eleição e outra, eles se dizem inconformados; são acometidos de arrufos, praguejam, dizem nomes feios... mas no final das contas, depois de um desabafo ou outro, continuam os mesmos cordeirinhos, arrebanhados do berço ao túmulo por uma ‘elite’ inepta e boçal.

O direito do voto é uma conquista parcial. O ato invalidar o voto, sim, é a afirmação plena do cidadão como animal pensante e emancipado _ e não mais massa de manobra.

Nas atuais circuntâncias, o voto é um ato claro e patente de debilidade mental. Com efeito, tem que ser muito estúpido pra se deixar iludir pelo discurso desses merdas!

Muitos são os que votam com base no seguinte raciocínio: "Já que são todos pilantras mesmo, vou apoiar o menos asqueroso." Mas pensem bem: se numa eleição, um determinado candidato (pode ser o mais incapaz e mal-intencionado de todos _ não tem problema) for eleito com meia duzia de votos (o da mãe, o dele mesmo e de mais 2 ou 3 otários), com certeza ele irá se comportar o mais razoavelmente possível no exercício do mandato. Sim, porque atestou que o povo se cansou de ser bancar mulher de gigolô.

Em matéria de honestidade, como em tudo mais na vida, o ser humano só funciona debaixo de pressão! Você por acaso acredita que os políticos dos países de primeiro-mundo são mais bonzinhos que os nossos? Lógico que não. Eles só não abusam porque sabem que não vão ganhar votos à custa do espírito de galinha do povo.

O que atrapalha no otário (eleitor) não é a falta de esclarecimento e sim de vergonha na cara. Qualquer vira-lata tem instinto suficiente pra perceber, pra ler nos movimentos do inimigo as suas reais intenções. Não é preciso cultura pra perceber a malevolência do predador; é só olhar pra cara do desgraçado sorrindo ou simulando ataques de santa ira, beijando criancinhas, piscando preguiçosamente os olhinhos úmidos, ao som de um jingle debilóide! Quem vota em hipócrita não o faz por ingenuidade e sim por respeitar a hipocrisia; ou seja, por ser também outro hipócrita. E a TV mostrando uma porra duma velhinha centenária, que já não se lembra mais nem do próprio nome, mas que faz questão de comparecer à seção eleitoral pra exercitar o heróico gesto...

Alguns candidatos posam de puros; têm a palavra fácil, o beiço fino, as soluções prontas e redondas. Tudo bem. Só que _ mesmo que os discursos e as intensões de um e outro político sejam as melhores possíveis _ a implementação destes justos e urgentes projetos demandarão mais alguns séculos de negociatas de bastidores (a conhecida lentidão do processo histórico, empestado de todo tipo de mesquinhez e covardia).

A mídia prestaria um grande serviço aos queridos consumidores se abolisse didaticamente, da pauta de economia e política, o conceito de ‘ESPERANÇA’ (por uns vinte anos, pelo menos). Pelo jeito que a coisa vai, daqui a 500 anos, quando o planeta inteiro estiver completamente fodido, as TV’s ainda estarão transmitindo e retransmitindo o eterno replay: jornalistas especializados, resplendentes de idoneidade, exibindo suas análises estilo morde-e-assopra; um novo plantel de bundões aliciados posando de vanguardistas e guardiões da liberdade!.. empenhados como sempre em manter acesa a chama de um sonho... Por isso, querido eleitor, cuidado. Preserve seu anel de couro! Enquanto os pássaros gorjeiam e o ar se enche de enlevos e suspiros... a naba vai entrando feio!!!

O VOTO NULO, em massa!, seria uma revolução fantástica e _ o que é mais fantástico ainda _ instantânea e indolor. Pois quando um picareta é eleito com meia dúzia de votos (contra 5 do segundo colocado e 4 do terceiro), ele está recebendo a seguinte intimação, muito clara: "Comporte-se menino! ou você nunca mais vai sentir o gostinho delicioso do poder..." _ Esta perspectiva é suficiente pra amedrontá-los. Como todo mundo sabe, safado só é honesto quando tá acanhado. Mesmo! Um pilantra encabulado faz menos merda que um santo desatrelado!

Do mais baixo ao mais alto escalão, o salário dos homens públicos deveria ser padrão: 02 (dois) salários mínimos (o que já é o dobro do que um ser humano precisa pra viver com dignidade). Afinal, eles não estão na política por dinheiro, e sim por idealismo, sede de justiça, devoção ao povo de sua terra, não é mesmo?.. Mas tudo bem, deixemos como está; deixemos que desfrutem os salários nababescos, o glamour e o barato do poder. Em contrapartida, deixemos bem claro: “Ilustríssimo velhaco, tranca o taio, que a sua batata tá assando: o voto nulo agora é regra e não exceção!” _ Isto basta. Imagine só o pesadelo em que viveriam nossos parlamentares: dormir e acordar com a possibilidade real e iminente de despencarem do Olimpo, queimados, sem chance de volta. A concretização desta hipótese significa a desgraça total pra quem já se acostumou aos ares lá de cima. O teatrinho do poder é mais viciante que o crack! A experiência mostra que quando um parlamentar é alijado do poder, cai doente, tem depressão, síndrome de abstinência e tudo mais; e passa o resto de seus dias em desalento, chorando pelos cantos, mordendo os joelhos...

Pois é isto mesmo, minha gente sofrida! Quem não quer cagar cabelo não mastiga peruca! _ Vamos colocar esses ladrões de gravata suspensos à beira do precipício; bastam 95 % de votos nulos. E tudo estará resolvido.

Nesse meio tempo, abençoados por Santa Madalena, os eleitores renitentes que aguardem a chegada do Messias e seu cortejo de anjos... Nesse meio tempo, na tribuna, os discursos continuarão, inflamados e altaneiros! (pra depois, na surdina, o alazão fogoso e bufante transformar-se no pisa-mansinho de sempre). E você, eleitor incorrigível, estômago de avestruz!, sendo rapado até o osso, enquanto aguarda o dia solene de exercitar sua caretézima e babaquézima cidadania sufragante. Coisinha meiga!

Me diga uma coisa: com tantas almas seletas se amontoando na fila dos cargos públicos, por que cargas d’água o Brasil só anda ladeira abaixo? Apesar de sua prodigiosa riqueza, este país continua a ser como aquele gigante covardão e baboso, que precisa de algum espertinho que lhe diga o que fazer. ( E nossos parlamentares garantem: a única alternativa de sobrevivência pro Brasil é continuar chupando o pau do tio Sam por toda a eternidade! )

O atual governo (e toda a piolharia adjunta & Cia. Ltda) atingiu um tal nível de descaramento, que a única coisa que nos resta a fazer é constatar com toda a honestidade: "povo", "nação", "constituição", "opinião pública", "cidadania"... tudo isso se revelou uma quimera do passado, um conto de fadas que outrora embalou gerações, mas que hoje foi descartado, por obsoleto e desnecessário. O Poder já não precisa autoproclamar-se a encarnação da virtude e da ética, não precisa mais dar gritinhos às margens do Ypiranga. Não é preciso mais fabricar sonhos e ideologias; é só dizer "Passa cachorro!" e acabou. Anestesiado e imbecilizado, o zé-povinho enfim está se pondo no seu devido lugar. Não é maravilhoso?! Não temos nem mais direito a uma boa balela pra nos engrupir; agora é sem vaselina mesmo! O governo já nem disfarça mais: para a plebe, uma dureza inflexível e imperial; pros vampirões das massas, uma generosidade tal, que chega a ser emocionante.

Me diga você, bundão, que tem no currículo um votinho no FHC e em outros tantos parasitas e vendilhões. Me diga se não dá raiva ver o desgraçado discursando com uma serenidade olímpica, tranquilíssimo, risonho e ufanista, enquanto o barco vai a pique. Parece que o cara tá em outro país, outro planeta. Um misto de esquizofrenia e cinismo? Merda na cabeça? Sei lá! _ Deve tá é dando!

Você, compatriota, que sempre votou com o coração repleto de esperança, vamos lá!.. bata no peito como o orangotango da montanha e grite, orgulhoso: “Eu faço parte da História!” Isto mesmo! bata no peito, mas bata com força, manèzão! Depois de tantos anos acompanhando o aprimoramento das intituições democráticas, ei-lo aí, desfrutando o fim de semana em casa, de luz apagada, televisão desligada, com medo da conta de luz; proibido de tirar o carro da garagem por conta do preço da gasolina, dezenas de pedágios, saraivadas de multas milionárias, e daí por diante... Parabéns! E o imposto de renda? E a punga na aposentadoria do papai? Seu presidente já cagou na Carta Magna hoje?.. já cometeu mais um ou dois crimes de lesa-pátria. E a cachorrada do congresso? _ já conseguiram emplacar a aposentadoria (deles) acumulativa a cada seis meses de mandato? Continuam de pernas abertas a qualquer transeunte que lhes ofereça ‘algum’? Aprovando taxas, impostos e contribuições sem fim?..

Graças a você, eleitor, estamos aí, amargando um feudalismo ultrajante, com alguns séculos de atraso. Não se pode negar que a situação melhorou muito. Pros senhores feudais! Sim, pois hoje eles já não precisam guerrear pra submeter a gentalha. São graciosamente eleitos pela livre, soberana e pacata vontade de seus servos.

Mas chega de esperança, patotinha batuta! Vamos dar um pesadelo a esses caras! Voto nulo neles. Todo mundo.

Ferdinando Henrique! vá pro seu canto! Vá escrever teses ao lado da piscina! Você sabe muito! Ensine ao próximo presidente como triplicar novamente a dívida pública do Brasil. Vá pro Alaska! Vá baixar noutra freguesia, descarado! Pra que servem seus pomposos títulos acadêmicos? Eu digo pra quê: pra cair de quatro e chupar o pau da ‘gringaiada’! Lacaio! Efeminado! E outra coisa: se topar comigo na rua, mude de calçada, senão te atropelo e te espano a orelha, seu moleque de recados!!


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"Não sei se acabo co as vaca ou se taco fogo no pasto;
só sei que quero o fim dos carrapato!!!"
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Ricardo O.S.Cabral, 12/05/2002
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