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Cartas-->Para Dolores - a intransigente -- 11/05/2002 - 04:03 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Subj: Re: Usina de Letras -- Contato do Leitor
Date: 4/26/02 3:54:36 PM Eastern Daylight Time
From: xxxxxx@bol.com.br
To: FMenezes@aol.com

Eu havia lido a sua mensagem. Só não me dispus a
responder logo.
Você tem um estilo variado (será coisa de viado? rs)
Gosto quando trata de assuntos mais "genéricos", pois
escreve muito bem. Ultimamente, só tem escrito
amenidades...
Não entendi porque publicou o e-mail que enviei. Foi pra
mostrar que escreve bonitinho sobre os "pavões abrirem o
rabo"?
Quanto às bichas ou aos bichas, ou às aspas é uma questão
de "bichice". Deixa que elas proliferam, mesmo sem
artigos.

Não quis sacanear, não. Apenas entrei em contato, porque
te acho um cara aberto, "bon vivant"...

Outro abraço
xxxxxxxx
=================


Santíssima,

Quando eu era criança gostava muito de escutar uma música, penso que quem cantava era o Orlando Silva, que era mais ou menos assim: "Dolores Sierra/nascida em Barcelona/na beira do cais..." Ou era o Orlando Dias que cantava?... Ih, a minha memória já falha vez por outra. Ah, eu viajava sem sair de casa - Dolores, Barcelona, beira de cais... Vinha logo na cabeça: putas, Las Ramblas e marinheiros. Naquele tempo ainda não conhecia as "coisas de viado", mas logo a vida e os padres pedófilos me ensinaram e, na minha idade [estou com 69 anos, não fale para ninguém], nada me surpreende. Não pense que vou aproveitar a onda e culpar o clero pelas muitas estradas que tomei em minha rota. Teu e-mail nada me surpreendeu tampouco. Já conheço teu comportamento em sociedade. Mona, tu és mucho loca! Hijita, yo no sé como tienes tiempo de ficar jodendo las personas enquanto trabaja. Pienso que porisso es que eres desconcientrada y no habla cosa con cosa. Hoy decidi escreber para usted y hablar de amenindads. No sé si usted leió mi curriculo alguna vés. Escrevo num bom português que coloco máscaras quando da caneta pego. Coisa de baixar o santo. Só que hoje vai baixar mesmo é a santa e vou rodar a minha baiana de gilete. Boba, tu és tão inocentinha. Parece até pintinha que ainda nem cisca! Eu já sou galinha velha: já botei muito ovo nesta vida e no meu galinheiro não entra galo capão - tem que ser cairjó mesmo, daqueles danados que não deixam o galinheiro em paz. Contra teu gosto, hoje também vou ser prolixo. Nada de frases pequenas com muita filosofia e trocadalho do carilho. Quero mesmo é falar dos teus e-mails e avisos. Vejo que tu gostas de associar os sobrenomes às pessoas. Sai dessa, pirua. Não te iluda. Só a título de ilustração: eu não tenho trazeiro grande. Portanto tua implicância doentia com o Pequeno vai te levar ao hospital na sala de emergência. Olha que quem avisa amigo é, já diz o velho ditado. Cearense tem fama de ser maludo e de cordel em cordel ele te fará de pastel. Talvez até tu vais gostar quando ele te encher de carne e te fritar. Sai dessa, aranha! Assume a tua, viva tua vida e deixa os outros em paz. O mundo é muito grande e cabe todo mundo, não está ainda superpovoado. Estás parecendo até o Sharon. Ou será o Generalíssimo Busho? Fico com medo de que um dia acordes e vejas no espelho a cara do Bin Laden, Arafat ou do Saddam em vez da tua. Te amo, amiga, e não quero este mal para ti. Nem tudo neste mundo pode ser cor de rosa shoking como tu gostas. Tem também o preto, o branco, todas as cores do arco-íris para deixar o ambiente colorido que nem o rabo do pavão de que eu te falei em outra mensagem. Não ficou bonitinho? Gostate, não foi danadinha!... Tu és uma safadinha. Falar em abrir o rabo como o pavão para mostrar as plumas te deixou toda assanhada. Já pensates em desfilar alguma vez numa escola de samba do Rio de Janeiro fantasiada de pavão misterioso? Já pensou? Já pensou?... Aquelas luzes todas, os holofotes, a Globo, tu empurrando a globeleza do lugar para poder entrar no centro e ser o foco, o batuque, o fumo comendo na concentração, os mulatões já enchendo a cara para esquentar os tamborins, tu muito louca segurando as plumas para não cair do salto, o roça-roça com os negões da Mangueira, a batuta do mestre de bateria da Padre Miguel comendo solta, todo mundo nu no calorzão de 40 graus, as fileiras sendo fungadas apressadas e tu mais doida ainda vendo a galera impaciente querendo ver teu desfile e, no meio desse frenesí todo, tu enches o papo de ar, faz cara de seriedade e abre o rabo com todas as plumas que Deus te deu. Garanto que nem vais perceber quando a Mangueira entrar. Ah, Bi, será tua glória. Te asseguro que depois dessa tu vais esquecer teu casamento fracassado, vais assumir a tua e vais ser feliz para sempre até que a morte te apague. Dô, querida, tu sabes que sou tua amiga, quero dizer teu amigo, tu até me confundiste agora, fiquei em dúvida quanto ao meu sexo. Parei até de teclar, fui me certificar se tudo estava no lugar. Te amo muito, às vezes tenho vontade de furar teus dois olhinhos para ver se assim tu enxerga a vida melhor. O que passa na tua cabeça não é o que passa lá fora na rua, doidinha. Solta as frangas pra valer, torturada. Deixa de fantasia, ou coloca uma verdadeira fantasia e sai numa batucada qualquer se divertindo, tonta! Faz que nem a Carmen Miranda: pendura uns balangandãs pelo corpo, sai gritando mamãe eu quero mamar, mamãe eu quero mamar e ruma para Hollywood, para a glória e para a eternidade.

Acho que te alimentei hoje, não foi? Adoro esses exercícios de criar personagens. Varei a madrugada no laboratório das letras. Valeu.

Beijos esfusiantes com muita purpurina, querida.

Não suma. Tu és uma fonte de inspiração e um material maaaaaarabichoso para a gente trabalhar.

Teu escritor & poeta
F.


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