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Poesias-->Os campos magnéticos -- 01/05/2002 - 02:47 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prisioneiros de gotas d’água, não mais que animais perpétuos. Correndo, atravessamos essas cidades sem ruídos, e já não nos tocam os cartazes encantados. Para que servem esses grandes entusiasmos frágeis, esses pulos de alegria dessecados? Não mais que os astros mortos, é tudo o que sabemos.; observamos as fisionomias.; e suspiramos de prazer. Nossa boca, mais seca do que as praias perdidas.; nossos olhos gravitam a esmo, sem esperança. Nada além dos cafés onde nos reunimos para ingerir bebidas frescas, esses destilados fortes diluídos, e as mesas, mais pegajosas do que as calçadas, sobre as quais tombaram, da véspera, as nossas sombras mortas.



Com suas grandes mãos frias o vento às vezes nos circunda e nos põe colados às árvores desfolhadas pelo sol. Rimos, nós todos, cantamos, mas já ninguém mais sente bater o coração. A febre nos abandona.



As gares maravilhosas, nunca, já não abrigam mais: os longos corredores nos metem medo. Mais ainda há que sufocar, assim, para viver estes minutos planos, estes séculos em molambos. Outrora haveríamos de amar esses sóis de fim de ano, como às planícies estreitas por onde fluíam os nossos olhos, feito os rios impetuosos de nossa infância. Reflexos não há mais, nesses bosques repovoados de animais absurdos, suas plantas conhecidas.



As cidades, às quais já não amamos, ei-las que estão mortas. Olhai ao redor de vós: nada que não o céu, e esses grandes terrenos baldios que, é certo, acabaremos por detestar. Com os dedos, tocamos as estrelas que povoam os nossos sonhos. Nelas, nos disseram, existiram vales prodigiosos: cavalgadas para sempre perdidas nesse faroeste aborrecido que só um museu.



Sem um grito, os grandes pássaros partem em revoada, e o grande céu estriado já não faz eco a seus apelos. Sobrevoam lagos, pântanos férteis.; asas que afastam nuvens demasiado langorosas. Já não permitem que nos assentemos: pronto, risos se levantam, e bate uma vontade de gritar bem alto todos os pecados.







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Textos de escrita automática surrealista, escritos por Breton e Soupault ("Le Champs Magnétiques", 1920), apud Peter Bürger in "Der französische Surrealismus"

Tradução: zé pedro antunes



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