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Erotico-->21. ATROPELO NO ETÉREO -- 08/08/2002 - 07:16 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nem Josineida nem Nepomuceno esperavam receber de volta tão cedo aqueles seres com quem contavam para demover Alfredo da vida de crimes. Tinham tornado a sua pregação no fundamento do reerguimento de uma terceira pessoa, sem se preocuparem realmente com o crescimento das virtudes necessárias para a salvação de cada personagem sob sua tutela. De repente, viam-se com a incumbência sagrada de preparar o retorno de cinco entidades de uma só vez.

Sem tempo para reflexões, puseram-se ao lado dos espíritos enleados ainda na matéria, sob intensas orações. Junto ao casal, estavam Adelaide, o avô de Criseide, Virgílio e um pugilo de socorristas que conseguiram congregar para a ajuda de última hora. Ainda bem que havia plantonistas dispostos no roteiro do plano de vôo, de sorte que a eventualidade mereceu atendimento oportuno.

Ângela foi a primeira que despertou do impacto do cruzamento dos limites existenciais. Ao ver os avós, reconheceu logo Nepomuceno e imaginou que o ser que ao seu lado lutava em serviço de assistência só podia ser Josineida. Mentalidade prática, pelo estudo a que se dedicara dos fatos espirituais, Ângela pôde, de imediato, perceber a extensão do acidente.

Quando os avós vieram para o seu lado, no intuito de lhe ministrarem os primeiros esclarecimentos, pediu-lhes que cuidassem dos irmãos, especialmente do mais novo, que se havia mostrado rebelde aos estudos do espiritismo, principalmente por não aceitar a premissa da dor para o crescimento moral.

Criseide se via fortemente amparada pelo avô, de sorte que não lhe foi difícil desembaraçar-se das presilhas fluídicas que a prendiam à carcaça. Sua primeira reação foi perguntar pelos filhos, se havia possibilidade de salvar algum para a vida densa da matéria, pois acreditava que nada haviam aproveitado de encarne tão curto. Ao ver a serenidade estampada na fisionomia de todos, criou força de resistência à ânsia e atendeu com resignação ao pedido de paciência e de calma. Quis, então, evocar o marido, o seu Marcos, mas impedido lhe foi vibrar nesse sentido, pois não estava devidamente instruído para aceitar, desde logo, a tragédia que se abatera sobre a família. De qualquer modo, Criseide pôde estabelecer contacto espiritual com seu orientador, o qual concentrou o bom magnetismo dela na direção dos três rapazes, que estavam prestes a despertar.

De fato, os dois mais velhos, com alguma turbulência mas sem sofreguidão, puderam receber o auxílio das vibrações de todos, no sentido de se porem atentos para o que lhes havia ocorrido. Tal como Ângela prognosticara, o mais novo rebelou-se contra o destino que o impedia de prosseguir com diversos planos de vida. Não fora a experiência do bom Virgílio e teria descambado para a grosseria e o acinte contra a justiça divina. Colocado em estado semicataléptico, foi conduzido para a mesma instituição que agasalhara o pai, com o fito de ser tratado em caráter de urgência.

Se calássemos a respeito do atendimento aos demais passageiros e aos tripulantes, saberia o amigo leitor reconhecer que todos estavam do mesmo modo recebendo a mais digna assistência dos amigos e protetores? Pois ali havia todo tipo de reação que se possa imaginar, de modo que todo o local fremia sob os impulsos vibratórios mais desencontrados. Até a equipe que veio com a predisposição de auxiliar as nossas personagens se pôs à disposição dos demais, uma vez que fora de muita tranqüilidade a recepção deles. Mesmo Ângela participou do resgate de vários espíritos, tendo propiciado reconforto a diversas mães inconformadas com a perda para a vida dos filhos ainda pequenos.

Quando o bulício amainou, Ângela, os dois irmãos e Criseide foram conduzidos para local de repouso e recuperação, onde seriam assistidos diligentemente pelos amigos que os socorreram.

Caberia a Josineida preparar a mente e o coração de Marcos para o encontro que se seguiria. O ex-médico, entretanto, confrangido pelas culpas que o assediavam, pusera-se em condições favoráveis para aceitar os erros dos outros. Como princípio filosófico, adotara o lema de que só consegue perdão aquele que sabe perdoar e todo o seu raciocínio sobre a vida e a existência se escudava em tal premissa. Sendo assim, quando Josineida lhe apareceu com a fisionomia transtornada, incapaz de plenamente confiar nos eventos como orientados por superior administração e suspeitosa de que o filho pudesse não ter compreendido a extensão do poderio cármico dos fatos, foi-lhe fácil conceber que algo de muito sério ocorrera. Preparou-se para as más novas e concentrou-se no desiderato de sofrear qualquer emoção que pudesse arremessá-lo para as profundezas mais escusas da consciência.

Ao saber do desastre aviatório onde sucumbiram todas aquelas pessoas que lhe coubera encaminhar para a vida, sentiu longo estremecimento por não se ter preparado a tempo convenientemente para o socorro necessário. Imediatamente, desejou acompanhar a progenitora até o local em que foram reunidos.

Lá chegando, ajoelhou-se aos pés da esposa e dos filhos, em lágrimas, rogando para que o perdoassem. Lutava contra sua depressão, ao mesmo tempo que desejava rojar-se aos pés do mais novo, do Júnior, como afetuosamente o chamava.

Posto a par dos acontecimentos que envolveram a família e tendo serenado ao perceber que a confraternização nenhuma vibração maléfica revelara, contente por poder sentir-se novamente um dos seus componentes, rogou ao mentor do grupo ali presente, o esplêndido Virgílio, que lhe fosse permitido acompanhar o tratamento do filho internado em estado de choque. Prometia, médico que era, agir “profissionalmente”, embora sob o arrojo e a disposição que só o amor pode oferecer.

Virgílio ia dizendo que não lhe estava nas mãos qualquer poder decisório a respeito, mas, antes mesmo que terminasse a exposição, chegou-lhe clara a notícia de que poderia liberar o pai para o auxílio ao filho.

Todos, então, sob tão evidente prova de confiança do Alto, se entrelaçaram em emocionado abraço, em uma única vibração de amor e de agradecimento pela misericórdia divina.

Josineida e Nepomuceno, à parte, não conseguiam reter o curso às lágrimas. Compreendiam, finalmente, as razões que embasaram o regresso das criaturas que tão diligentemente estiveram preparando para o serviço de resgate daquele filho que se perdia nas brumas da viciação e do crime. Entendiam que estavam recebendo a adesão de diversas entidades congraçadas pelo amor para a realização do objetivo de sua provação, mas temiam que os que ficaram na crosta talvez não tivessem força suficiente para levar a tarefa a bom termo sozinhos. Se o plano espiritual se robustecera, o plano da carne recebeu terrível desfalque. E os dois anos propostos pelos instrutores estavam esvaindo-se...

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