Numa casa de vime,com telhado de palha sobre o rio Amazônas brincam crianças, enquanto o pai desce o trapiche e segue...
Segue...
Segue o curso do rio.
É um pescador que vai passando...
Vai passando... De geração em geração.
Remando, revoam os pássaros, pipilam as Sururinas, vogam ao redor, calmos mururés... Olho de Boto, Castanha do Pará, Amêndoa da Andiroba, Buriti, palhas.; e palhas.; e palhas a corricar.
É o pescador que vai passando...
Ele cerca o igarapé pra pescar o camarão,
Ele pega o Tambaqui.;
Ele anda no manguesal pra encestar o caranguejo,o Turú e o Siri.;
Ele adentra na mata pra caçar a Capivara, a Cutia, o Jabuti ou algum pássaro ledo.
Já meio cansado, ele extrai o açaí.
Ele vai passando,
Ele vai voltando.
Quando chega em sua casa, faz o vinho serve a cria e tira a cesta na rede, sob o hino saudoso do Sabiá madeira, que harmoniza com a chuva de verão na cumieira.
Vai-se a tarde em ar de Lírios Marias, quando enfim, desce da poesia a lua pra salvar do negro azul marinho as almas puras, ainda selvagens.
Acordado da cesta pra vida que a noite anuncia, o pai em brando tom, sob as mãos da mãe que acaricia a face sofrida, é convidado ainda a acender o candeeiro e oferecer luz, aquela casa naquele fim de dia.
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