Severino o vaqueiro
Tinha medo de aranha
Sentia muito pavor
Aquilo não era manha
Só de Pensar, tremia
Dizia: - Vixi Maria
Na ojeriza tamanha.
Uma caranguejeira
Ferroou o Severino
Quase que ele morre
Quando era um menino
Agora ele tinha medo
E não fazia segredo
Desse seu desatino.
Cresceu e virou rapaz
Tinha coragem pra tudo
Agarrava touro à unha
Era vaqueiro peitudo,
Mas diante de aranha
Era um saco de banha
O homem ficava mudo.
Severino era simples
Só vivia trabalhando
Nunca viu mulher nua
Mas estava namorando
Era homem de respeito
Fazia tudo direito
E logo tava casando.
A paixão de Severino
Era uma bela morena
Uma moça de família
Seu nome era helena
Tinha o cabelo escuro
Era mulher de futuro
Uma beleza pequena.
Severino se casou
Foi cumprir seu papel
Numa praia na cidade
Para conhecer o céu
Mandou ela se despir
Porque queria dormir
Curtindo a lua de mel.
Quando ela se despiu
E ele sua xana olhou
Viu o preto cabeludo
Na hora se apavorou
O homem ficou tacanha
Pensou que era aranha
De medo ele desmaiou.
Hoje ainda se comenta
Em todo nosso sertão
A história do Severino
Que nunca tem solução
Se vê uma coisa preta
Mesmo sendo boceta
Desmaia e cai no chão.