A MORTE
Confesso-me tímido,
Ou, por que não atemorizado?
Para entrar na noite escura.
A noite inexorável, que virá a meu encontro,
Me roubará a um lugar distante,
Onde reina silêncio,
Onde ninguém acorda para ver o sol-nascente
A brilhar o mar de gaivotas barulhentas.
É um instante sem firmamento enluarado,
Sem som de beijos de amor explícito de amantes.
Vou entrar no corredor dos condenados,
Onde o frio glacial quebrará meus ossos.
A morte vai fechar os meus olhos
Para o sono sem sonhos.
Vou caminhar trôpego na direção incerta,
Prestes a rolar num infinito profundo.
Ninguém escutará os meus apelos.
Nada verei nem sequer espectros ambulantes.
Ninguém acordará para meu socorro.
E a cegueira me torturará.
De certo gritarei, mas a minha voz
Se perderá em ecos infindáveis.
Não haverá luz no final do túnel
Para me guiar aos braços da amante,
Há muito adormecida.
A morte me assusta!
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