CONFIDÊNCIAS
J.B. Xavier
Como te enganar,
Se basta ouvir o que meus olhos dizem?
Basta ver a marca de meus lábios,
Desenhada sobre incógnitas de fogo, nos teus...
Como não notar as sutis confidências
Que a delicadeza de tuas mãos
Deixou em meu corpo,
Nos suaves traços do desenho da paixão?
Quem não haverá de perceber
A vibração hesitante da volúpia de minha voz
Ao te dizer entre lágrimas de felicidade - “Te amo?”
E àqueles que se arvoram em juízes,
Como lhes descrever os carinhos dos ecos
De uma paixão que ricocheteia incontrolável
Pelas galerias de uma alma em êxtase?
E como enganarei a própria Verdade?
Travestindo-me de beijos adormecidos?
Agitando-me em hesitações estéreis?
Ah! Eu prefiro a liberdade dos passeios
Pela geografia do teu corpo,
Prefiro as inconfidências impronunciáveis
Das incursões aos teus redutos mais distantes!
Então, não te enganes,
Porque sou o livro onde escreves tua história!
Sou o retorno apaziguado, onde mitigas tua sede,
Sou o encanto de um silêncio que te aguarda
Num sorriso de afetos inexprimíveis...
Sou a sombra em teu deserto, a nascente
Que te sopra a vida no som de tuas alegrias,
Sou teu futuro e tua nostalgia,
Teu sacrário e tua orgia,
Teu lume, tua fortaleza e tua serenidade,
Sou uma parte de ti, sou teu vôo e tua eternidade...
* * *
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