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Poesias-->Amor agreste -- 15/05/2000 - 16:49 (Manoel Carlos Pinheiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amor Agreste



Para existir um grande amor...



Um grande amor depende de cada um saber amar, dar-se.;

de cada um fazer-se amar, fascinar.;

da perspicácia em perceber os encontros e desencontros.;

da capacidade de superar obstáculos.;

da coragem de enfrentar desafios.;

da ousadia de criar, do velho, o novo...



Um grande amor...



É paixão:

embota os olhos,

arde as entranhas,

provoca sonhos e desvarios.



É harmonia

do aconchego,

do tête-à-tête,

da companhia.



É união,

na vivência,

na convivência,

na feitura do vindouro.



É contradição:

do cotidiano,

da lida,

da vida.



O amor nordeste...



Faminto.

Sedento.

Dolente.

Agreste.



O amor nordeste, amor agreste...



Lânguido, qual maracatu.

O calor do frevo.

O remelexo do baião.

A sutileza do repente.



A fusão dos corpos.

ardentes, suados...

É a brandura de Calunga

no áspero poente da caatinga.



A força da vaquejada.

O escracho do pastoril.

O lirismo do aboio.

O volteio de Cambina Véia.



A fusão dos corpos

ardentes, suados...

É a violência do Caipora

na suave alvorada do lajedo.



Sem o embate da briga de galo,

comendo com os olhos,

afagando com as mãos,

no vai-e-vem cirandeiro.



A fusão dos corpos,

ardentes, suados...

Em busca da metamorfose

do Jaraguá.



A firmeza do bambelô.

O batuque da zabumba.

O salto do caboclinho.

O gemido da viola.



Na fusão dos corpos,

ardentes, suados...

A vertigem

do perder-se, encontrando-se.



A tenacidade do toré.

A delicadeza do bilro.

A beleza do bumba.

A pureza do algodão.



Há o sabor doce e forte do caju

nos corpos ardentes e suados

que, ao fundirem-se,

semeiam o amanhã.



Amor agreste...



A molemolência do mamulengo.

A singeleza do artesanato.

Pintura rupestre, planta silvestre.

Amor agreste.



Com mãos rudes e fortes,

moldadas pelo solo pedregoso,

o agrestino, paciente e perseverante,

cultiva o amor, o sonho, o desatino.



No matulão, lembranças...

No caçuá, saudades...

No peito aberto,

o amor, o sonho, o desatino.



O amor travesso é sonho.

O amor ingênuo é desatino.

O amor agreste é sonho, é desatino.

O desatino do amor menino, traquino.



Embota os olhos,

queima as entranhas,

provoca sonhos e desvarios.

Do agrestino...



Com sangue nos olhos,

fogo nas veias,

amor na mente

e liberdade no coração.
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