DISPLICÊNCIA
J.B.Xavier
Displicentemente, guardei-te apenas como um sonho,
Quando, em verdade, eras toda a minha realidade!
Negligenciei o toque com o qual refazias
O eriçar de minha pele...
E em todos os cenários de minha vida
Foste os êxtases verdadeiros que experimentei...
Minhas mãos não te alcançaram,
Embora haja em meu corpo
As marcas das tuas digitais...
E a água cristalina dos lampejos de loucura
De um amor de entregas,
Abandonei sobre as areias escaldantes
Dos desertos de minha displicência...
Trago a alma em fogo, atiçado por teus beijos,
No coração, resquícios dos teus incêndios,
O lume abrasador de teus incontidos desejos...
E por ter te guardado como um sonho,
Tenho-te em mim sempre que fecho os olhos...
Sempre que o anoitecer desce sobre minha solidão,
Sempre que te sinto em mim e eu em ti,
Na ardente chama de uma louca paixão!
* * *
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