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Artigos-->Guerrilha do Araguaia: o crime de Taís -- 25/05/2005 - 08:38 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outra resposta à Dona Taís



por Carlos I.S. Azambuja (*) em 24 de maio de 2005



Resumo: Colunista do MÍDIA SEM MÁSCARA responde aos questionamentos da autora do livro Operação Araguaia.



© 2005 MidiaSemMascara.org





Respondendo ao seu e-mail enviado à redação do Mídia Sem Máscara, repito que o seu livro foi escrito basicamente em cima de documentos de Inteligência secretos, confidenciais e reservados, desviados, ou melhor, furtados, do Centro de Inteligência do Exército. Isso configura um crime em todos os países do mundo. Foi isso que escrevei em meu artigo “Operação Araguaia”. E a senhora não refuta essa afirmação.



A senhora apenas imagina uma justificativa bizarra. Alega que, anteriormente, a filha do brilhante general Antonio Bandeira, responsável pelo desmantelamento da louca empreitada do Partido Comunista do Brasil no Araguaia, entregou ao jornal O Globo os arquivos pessoais de seu pai, já falecido. Esse não é o seu caso. A senhora está viva e muito viva. Os documentos sigilosos que a senhora publicou e se valeu para descaracterizar e escrever uma historinha foram furtados de uma organização militar. É evidente que, segundo as leis do nosso país, a senhora deveria responder por isso ou explicar de que forma esses documentos foram parar em suas mãos.



As “barbaridades cometidas na guerrilha pelos militares”, a que a senhora se refere, foram cometidas por ambos os lados, pois aquele que se aventurar a combater uma guerrilha respeitando a Convenção de Genebra estará antecipadamente derrotado. Aliás, como a senhora foi forçada a reconhecer em seu livro, a primeira vítima “barbarizada” não foi um guerrilheiro e sim um militar, o Cabo Odilo Cruz Rosa, “barbarizado” em 8 de maio de 1972. Aí teve início a “barbárie” a que a senhora se refere em sua carta. Uma guerra suja como, ademais, todas as guerras de guerrilha. Recorde-se que antes da morte do Cabo Rosa haviam sido presos, todos no mês de abril de 1972, três guerrilheiros – Eduardo Monteiro Teixeira, José Genoíno Neto e Francisco Amaro Lins -. A morte do Cabo Rosa teria desencadeado naqueles que combatiam a guerrilha um sentimento semelhante àquele em que, após o assassinato dos atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, quando a Primeira-Ministra de Israel ordenou: “Vamos matar os que mataram”.



A senhora se equivoca imaginando que estou preocupado com a sua vida pessoal. O que me preocupa e deve preocupar muitos brasileiros decentes, é o acesso que a senhora obteve aos arquivos sigilosos de uma instituição militar, sendo lícito inferir que outros documentos tenham também sido furtados. E isso é crime, dona Taís, repito.



Talvez a senhora ignore que desde os anos 60 as esquerdas já alimentavam o ovo da serpente. Por outro lado, não sei em que a senhora se baseou para afirmar que os militares “barbarizaram o país durante duas décadas”. A senhora, com a idade de 30 anos, não era ainda nascida quando da guerra suja nas áreas urbanas, quando o modelo cubano foi importando para o Brasil, ainda no governo Jango e não após a Revolução de 1964, como a senhora parece crer. Os seqüestros de aviões e de diplomatas, os assaltos a bancos, as bombas atiradas em quartéis, os assassinatos a título de “justiçamentos” e, já no final, os assaltos a supermercados, a residências e até a trocadores de ônibus foram transformados em tática militar. Nada disso a senhora vivenciou. Os cerca de 300 brasileiros treinados em Cuba e na China, treinamento iniciado ainda em 1961 – governo Jânio Quadros -. A criação da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) – uma espécie de Komintern para a América Latina -, em 1966, em Cuba, para estender o modelo cubano de revolução, e com ele o paredón a toda a América Latina, nada disso a senhora viveu, pois não era nascida, ou se era ainda engatinhava e não sabia dizer papai e mamãe.



A tresloucada violência armada desencadeada pelas esquerdas não foi, portanto, uma reação à Revolução de 1964 ou ao Ato Institucional nº 5, de 1968. Ela já existia, dona Taís, nos governos Jânio e no governo “progressista” de João Goulart. Essa tática da esquerda, estimulada pelo governo cubano, foi responsável por uma montanha de mortos em toda a América Latina pela qual, hoje, é responsabilizada a “repressão”, ou seja, aqueles que, constitucionalmente, combateram e venceram essa guerra suja. O kamarada Fidel, responsável em última análise por essa guerra suja, hoje proclama que o terrorismo deve ser combatido...



Tudo isso, porém, não aconteceu sem a perda de vidas, não sem sangue, suor e lágrimas e não sem que reputações fossem manchadas – como a senhora insiste em fazer crer -, sem que carreiras fossem abreviadas, promoções postergadas, injustiças e erros fossem cometidos.



Foi um tempo duro, diferente e difícil. Um tempo, no entanto, do qual aqueles que o viveram – o que não é o caso da senhora – devem se orgulhar. Um tempo que, espero, jamais voltará.



***



Abaixo a mensagem enviada pela Sra. Taís Morais ao colunista Carlos Azambuja:



"Ao Senhor Azambuja.



Em primeiro lugar, gostaria de agradecer pela atenção dda ao meu livro.



Em segundo, gostaria de dizer que meu nome é Taís, não Thais como o senhor costuma dizer.



Tantos outros comentários teria eu, mas fico honrada com tanta preocupação acerca desses documentos e com minha vida pessoal.



Infelizmente ninguém apurou as barbaridades cometidas na guerrilha e fora dela pelos militares. Então para quê se preocupar com meros documentos? Porque se presocupar comigo? Pergunte à filha do Bandeira se ela sofreu alguma sanção por ter entregue os arquivos do pai dela ao jornal O Globo, dentre eles a tal operação Sucuri, e ao deputado Greenhalg?



Espero que se apurem crimes sim, mas não os meus. Sim dos militares que barbarizaram o país durante duas décadas.



Taís Morais Hime".



(*) Carlos I. S. Azambuja é historiador.









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