FRAGMENTOS
J.B.Xavier
Não há razões a buscar, no amor...
E não havendo razões também não há perguntas,
E não havendo perguntas tampouco existe respostas...
Eis porque não questiono esse meu querer...
Esse dolorido silêncio, esse sofrer,
Que me assalta em noites solitárias...
São pequenas reminiscências diárias,
Pequeninos fragmentos de recordação,
Que se juntam no mosaico grandioso
Onde se desenha o meu e o teu coração...
No amor até os mais sábios são tolos,
E por imaginar-me um deus, em poderio,
Deponho aos teus pés todo o vazio
Que verte das certezas de minha alma...
Sou teu, em cada fibra do meu ser,
Sou a ansiedade dos silêncios esquecidos,
Sou a totalidade de todos os ensejos,
Sempre fui teu, e na alvorada de mais um amanhecer
Afloro como fonte cristalina.
Escorrendo sobre a relva dos teus desejos...
No amor não há excessos, posto que é luz!
E eu mergulho nessa luz que me eleva,
E por olhar para teu brilho – astro que recende,
Mais luz ainda dentro de mim se acende,
Ofuscando-me os sentidos, como treva!
Assim, és os passos que me levam, vacilante,
Por onde não há direções,
Por essa grande e tortuosa avenida...
És essa fresta na porta, por onde o vento sibilante
Me insufla teu amor – seiva de vida!
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