Usina de Letras
Usina de Letras
12 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Cuba (vivências a partir de uma viagem - 2A) -- 21/05/2005 - 00:04 (Rodrigo Contrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Reconheci a beleza de La Habana num livro que só mostra detalhes, ou seja, tudo aquilo que eu, por ausência de treinamento ou ignorância mesmo, não consigo enxergar. É curioso folhear esse livro: demora tanto... Nem telas medievais conseguem prender minha atenção por tanto tempo.



Quem anda pelo Vedado, bairro litorâneo de classe média urbana de La Habana, vê uma costa maravilhosa, sim, e prédios outrora suntuosos, também, mas vê também casas em ruínas, monumentos de relativo mau gosto, ginásios sugerindo modernidade e poderio (mais mau gosto), e em meio a tudo isso triciclos movidos a vespa com formato de côco carregando turistas com máquinas a tiracolo (como em todo e qualquer lugar). Isso faz esquecer, por instantes, a beleza sugerida em quase qualquer esquina da cidade. Essa beleza, sem fazer uso de um desgastado clichê, está nos detalhes.



Onde mais, por exemplo, as nove horas da noite são marcadas por tiros de canhão, numa cerimônia que remonta a centenas de anos, quando a cidade velha era murada e às nove da noite os portões eram fechados? Isso quando não tem festa depois (aos sábados, parece). Só a idéia do tiro é maravilhosa.



Maravilhosos também são os numerosos vitrais que a cidade esconde em meio a museus, bares, prédios públicos. Se em Paris analisar influências nas obras de arte preservadas é ocupação de alto nível, em La Habana, com o perdão da palavra, seria besta demais perder tanto tempo: melhor aproveitá-lo curtindo a beleza. Afinal, tantos anos se passaram e tamanha foi a rapinagem que conectar belezas isoladas é mais inútil que montar um quebra-cabeças com peças imaginárias.



Melhor ver as estátuas, que não são todas do Fidel, do Che, e dos revolucionários, como alguns devem ainda imaginar. Pegue-se a estátua do Quixote. Não entendo de estátuas, nem quero, confesso. Mas ela emociona de tão exagerada, como ele (Quixote), como eu (às vezes), como Cuba, afinal de contas. O Quixote na Espanha é um sonhador. Em Cuba, ele é apenas um resistente. Como todos. Alguém negaria esse status à bendita ilha?



Ainda com respeito às estátuas, tem também a figura do John Lennon, por exemplo. Eu mesmo, que nunca gostei do sujeito, preciso admitir que em La Habana ele faz até certo sentido. Assim como José Martí. Ou Abraham Lincoln (sim, ele está lá). Ou o tal do Cavaleiro de Paris (falarei dele mais tarde). E o Cristo Redentor! E Colombo! E Bolívar!



É preciso admitir. Martí deixou suas pegadas (idéias concretizadas) na ilha. Lincoln também. O Cavaleiro de Paris viveu aquele espaço como poucos mendigos (que, aliás, em respeito deveriam ser enterrados nas avenidas de sua preferência, e isso em todo o mundo). O Cristo, em La Habana, não tem os braços abertos (está em posição de conselho).



Colombo desembarcou na ilha. Bolívar ainda luta em La Habana. As estátuas estão em Cuba porque lá fazem sentido. Assim como as estátuas em Paris fazem sentido para os franceses mas, para mim, que admiro muito o legado deles, obrigam-me a esquecer sua essência. Pois nunca serei francês e hoje, mais do que nunca, não quero sê-lo.



Comecei falando de beleza e acabei caindo em estátuas. Porque, qualquer que seja o motivo, o mote, a desculpa, a beleza em La Habana não está no fato, mas na imaginação de quem sente a arte tocar a realidade. E por isso, só por isso, a beleza de La Habana é inesgotável - e agora é pessoal, presente em mim.



&
8354; Rodrigo Contrera, 2005.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui