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Artigos-->Viver universitário -- 20/05/2005 - 10:53 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







Estava olhando outro dia um grupo de estudantes sentados no banco da “pracinha universitária”. Conversas descontraídas, noite estrelada, aula correndo normalmente.

Duas, três horas de conversa. Depois tocou o sinal, alguns foram buscar o material em sala de aula para retornar às casas, ou quem sabe, esticar a conversa noutro ambiente.

Doce vida adolescente, em que as conversas têm mais sentido do que o estudo. Afinal o estudo serve apenas para preparar(teoricamente falando) os alunos para o passo cruel da vida, o posto de trabalho.

Não haveria problema maior se todos os estudantes pertencessem à classe média alta se o mercado de trabalho(um verdadeiro troglodita) fosse mais tolerante.

Os sorrisos despreocupados, as piadinhas e namoricos da juventude quase alienada depois serão trocados pelas noites de agonia de jovens mulheres com filhos de pais imaturos, noites mal dormidas tentando pagar o aluguel de barracos ou o que é pior, tanto para o homem quanto para a mulher, morar com sogros e sogras, embolados no quartinho apertado por falta de capital suficiente para o sustento independente.

Doce sabor da juventude enganosa que ludibria os incautos felizes. Nem todos. Há uma parcela de estudantes que precisam sair da periferia, talvez até de uma semifavela(o IBGE não achou favelas em Porto Velho), e lutam contra o patrão enjoado o dia inteiro, o ônibus entupido e emporcalhado que serve as linhas do Candeias e do bairro Ulisses-via BR 364.

Mas assim mesmo, por falta de tempo ou por não saber o que fazer com, muitos se esvaem em conversas gostosas não adequadas ao sistema capitalista.

O tempo, essa grotesca criatura desenvolvida pelos homens para administrar melhor o capital, a produção de modo geral, se esvai pelos poros, pelo bater de corações alegres.

Depois vem um sentimento estranho de remorso. Algo perdido num conceito provavelmente burguês, já que os campônios pouco pensam em sistemas produtivos avançados e giro de capital, e o reflexo tardio que alguma coisa não foi feita.

Talvez seja até adequado colocar o pensamento do Rabi Akiva, líder religioso israelita, citado no livro Do Santo ao Sagrado – cinco novas interpretações talmúdicas(Emmanuel Levinas, Civilização Brasileira) para ilustrar melhor o texto.

“...Não colhi mais de meus mestres mais do que colhe um cão lambendo o mar.”

Assim, assim é o perfil da maioria dos estudantes universitários brasileiros, alienados, descompromissados com seus cursos e suas profissões, perdidos dentro de suas cabeças que não entendem ou não querem compreender a realidade atroz que prepara o mercado de trabalho.

Não lêem, não gostam de pesquisar em livros e outras fontes senão a internet, deixam muito a desejar para eles mesmos. Sentados nos banquinhos de praças de modo geral absorvem menos conhecimento do que o cão que lambe o mar. Infelizmente.



Professor do curso de Comunicação Social da Unipampa São Borja. Texto original: 2005.


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