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Artigos-->O BRASIL E SUA CRISE DE IDENTIDADE INSTITUCIONAL -- 19/05/2005 - 00:35 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Brasil e sua crise de identidade institucional





O assunto nepotismo volta à baila neste ano sem graça de 2005. E o interessante é que se tornou nacional. Aqui em Jaú tive a honra e o prazer de exercendo minha cidadania, denunciar pela primeira vez a prática intensiva e extensiva do nepotismo no poder municipal, viciado e imprestável para atender os anseios da população, além dos anseios dos políticos. Foi em março de 2001. Naquele ano sequer as pessoas sabiam o que significava nepotismo. Alguns vereadores, interpelados por mim, gaguejaram dizendo que nepotismo era problema do papa. Diante de tanta ignorância resolvi silenciar a respeito. Porém, a prática nepotista ficou tão grave gravíssima, que o assunto retornou em 2002 e 2003. Aquietou-se em 2004. e agora 2005 volta novamente. Para minha admiração a nível nacional. Será que o povo brasileiro está acordando?



Certo. Numa República é inadmissível a existência do nepotismo, sob pena de se tornar uma falsa República Democrática, exatamente igual a essa que temos no Brasil. Havendo o nepotismo por força – pasmemos! – da própria Constituição, então estamos diante da bancarrota total dos princípios democráticos definitivamente. Neste caso, nós, povo brasileiro não temos de nos admirar com a existência de enorme quantidade de políticos criminosos, tanto nas baixas como nas altas esferas da República. Ser político e ser criminoso já é uma constante em nossa cultura. E a contratação da família do político para os mais bizarros cargos em todos os níveis de poderes, nada mais é do que uma forma de se praticar uma corrupção camuflada como “contratação de assessores de confiança”. E corrupção é crime. Ora, se dentro do partido político, ao qual pertença o vereador, ou o deputado tanto estadual como federal, não exista alguém de confiança do político eleito, então qual a função verdadeira de um partido político? Ao nosso ver quase nenhuma, a não ser para mais corrupção ativa e passiva, já que se é permitido ao partido político a busca de patrocínios, quase sempre escusos, posto que a fiscalização sobre isto é parcialmente uma utopia.



Aqui em nosso quintal os vereadores estavam, neste ano, com a bola toda. Tinham muitos deles a confiança da população e até a simpatia. Depois da aprovação de uma lei – a toque de caixa e flagrantemente suspeita de ser uma lei de interesse político deles mesmos – a máscara caiu. Para a opinião pública a lei veio em má hora, uma vez que possui uma intenção nepotista, mesmo que não seja. Os vereadores jauenses estão novamente nus em suas índoles. Estão novamente com a população em seus calcâneos, fazendo cobranças, críticas contundentes e justamente pela indignação com tamanha ousadia, denominada de “cara-de-pau”. A lei vergonhosamente aprovada sem nenhum debate teve antecipadamente uma conotação suspeita de sua intenção, a qual basicamente dá aos vereadores direitos de escolherem quem quer que seja para lhes assessorar, inclusive familiares.



Tudo isso, entretanto cairá no esquecimento. Os vereadores sabem disso, tanto que já voltaram novamente com o ramerrão dos debates em torno das filas bancárias, como se fossem realmente resolver um problema que, se não é milenar no Brasil é porque o país não tem esta idade. A boa notícia é a de que a luta contra essa corrupção, disfarçada de nepotismo, chegou ao Congresso. Mas, não acreditamos no êxito dos que lutam contra o nepotismo. O Congresso é um ninho de péssimos políticos com moral duvidosa. Têm bons políticos lá, mas são como pérolas, não se encontram facilmente.



Resta dizer que o nepotismo é inerente à velha monarquia. E a nossa foi derrubada por um golpe militar distante dos anseios da população daqueles tempos. O golpe dos militares instituiu uma República. Esta República, entretanto gostou do nepotismo, esquecendo-se que esta praga é inviável numa República Democrática, cujo significado é o “povo no poder”. A não ser que as interpretações de “povo” nas cabeças interesseiras de nossos políticos sejam os seus “familiares”. Isto, porém torna a nossa República uma República permanentemente disposta a uma ação ditatorial e não democrática, como “eles” costumam denominar de boca cheia. Nós, que costumamos passar para o papel as opiniões, os debates e as reflexões políticas, no intuito de localizar mais luz para a solução de nossos problemas brasileiros, sabemos que podemos ir dormir hoje à noite numa suposta democracia e acordar pela manhã num regime ditatorial opressivo. Tudo depende do humor dos poderosos, quando acordarem pela manhã. Foi assim em 1964 e no distante passado. Pode continuar assim para o futuro. Tudo depende da falta de Justiça no país. A impunidade que grassa entre os poderosos do Brasil choca até os estrangeiros.



O que ocorre atualmente em nosso país é uma crise mórbida de identidade institucional. Não sabemos nos autodenominar positivamente e de acordo com os costumes. Somos uma República Democrática – dizem os políticos e o povo – contudo, agimos como se fôssemos uma monarquia, tanto são os direitos excessivos entre os políticos. Direitos que permitem instalar toda família nos palácios e nos gabinetes, ganhando fortunas mensalmente, enquanto os concursados são dispensados por qualquer simples motivo “a bem do serviço público”. Dá para acreditar em concursos públicos no Brasil? Eu não acredito!



Jeovah de Moura Nunes

Poeta, escritor e jornalista

(Mtb.: 34583)

(autor de vários livros)

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