Fico excessivamente retraído em Paris para causar o mínimo desconforto a quem me dirijo. Seria inútil tentar explicar que meu retraimento nada tem a ver com sensação de inferioridade. Ocorre que, como estrangeiro, sou hóspede - e, como hóspede, comporto-me como tal. Só isso.
Quem sabe por isso nunca sou mal-tratado. Pois para maltratar é preciso querer, e não posso qualificar maltrato o esgar de quem não consegue escutar ou mal consegue entender o que falo. Minto: fui maltratado uma só vez - mas não como estrangeiro. Bastou ir embora para outra pessoa - francesa - ser também sujeita aos mesmos maus-tratos. Empate.
Saiu no jornal que o Chico Buarque, aqui retraído, na Quinta Avenida, em Nova Iorque, assobia. Falar mal é fácil: acontece-me o mesmo agora em Paris.
& 8354; Rodrigo Contrera, 2005. |