Quem sabe se numa dessas voltas que o mundo dá, a gente não vai se reencontrar...
Em que esquina do mundo nos desencontramos?
Ó, como era bom o tempo em que tudo entre nós era reciprocidade, amizade!
Como era bom tê-la ao meu lado contando coisas!
Querendo saber de mim.
Nossas longas conversas nos desnudavam de todas as máscaras que costumávamos eventualmente usar para nos protegermos do mundo, das pessoas.
Éramos tão puras, tão naturais uma com a outra.
Invadíamos todos os sinais proibidos de nossas mentes, explorávamos todos os subterràneos escondidos.
Porque tínhamos essa facilidade de abrir todas as comportas de nossas almas, quando conversávamos.
E é tão bom extravasar os sentimentos! É tão bom ser invadida nas regiões mais recónditas de nosso ser!
Olhos nos olhos, porque eles eram como portas escancaradas!
Não nos envergonhávamos das nossas fraquezas e sem receios buscávamos forças uma na outra.
Numa mútua entrega conseguíamos reequilibrar as lacunas formadas e agigantadas dentro de nós mesmas.
Era bem assim que éramos: almas gêmeas.
Mas a vida, ou sei lá o quê, a levou para longe de mim.
Quando me dei conta alguma força estranha e extraordinária a carregava cada vez para mais longe.
Era como se houvesse um enorme imã puxando-a para um lado contrário ao ponto onde eu me firmava qual estaca.
Eu a vi afastando-se, afastando-se.
Não pude detê-la.
Só deixá-la ir-se, ir-se...
