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Contos-->O "rendez-vous" -- 05/05/2000 - 15:15 (Pedro Wilson Carrano Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O “RENDEZ-VOUS”

Henrique estava inquieto, sem saber, contudo, o que provocava tal inquietude. Seria um sinal do início da adolescência?
De um dia para outro, passou a ver com outros olhos, algumas vezes com deslumbramento, as vizinhas, primas e colegas de escola, que, até então, nada de especial lhe diziam.
As aconchegantes reuniões com as amigas traziam-lhe agora uma emoção nunca antes percebida.
O frio de julho era abafado pelo calor que lhe causavam os mais singelos contatos com as jovens, sensação nunca sentida nos doze invernos anteriores.
O corpo cobrava atenção e carinho. Tornou-se uma compulsão a procura por carícias, muitas vezes propiciadas por suas próprias mãos.
O apelo do sexo tornava-se cada vez mais forte e evitá-lo fugira de seu controle.
Henrique perturbava-se com o prazer que emanava de sua carne, deleitando-se, no entanto, com a sensação obtida.
As conversas trocadas com os amigos, restritas, até então, a assuntos como pescarias, caçadas, leituras, cinema e futebol, passaram a envolver os segredos da alcova. Havia uma vontade de ouvir o pai a respeito, mas cadê a intimidade para fazê-lo ?
O rendimento escolar já não era o mesmo. Reduziu-se o interesse pelos estudos. Os pensamentos de Henrique estavam canalizados quase que integralmente para suas lascivas fantasias.
As fotos das artistas de Hollywood publicadas nas revistas semanais subtraíam-lhe muitos suspiros.
Decidiu, então, que era a hora de juntar seu corpo ao de uma mulher e dessa conjunção extrair todo o gozo que alguns livros e os papos com os companheiros divulgavam.
Era difícil obter os favores das amiguinhas, alertadas pelas mães das perigosas conseqüências de um relacionamento íntimo extemporâneo.
Lembrou-se da casa de tolerância da Rua das Mangueiras. Ali ficavam moças que se sujeitavam, mediante pagamento, a todos os desejos dos homens que as procuravam. Era muito simples: bastava dizer o que queria e pagar o preço pedido, tal como se agia na compra de um sorvete.
E a coragem para tanto? Como Henrique iria dirigir-se àquelas mulheres que lhe pareciam tão distantes, envoltas por um véu de mistério e encantamento?
Por diversas vezes chegara a aproximar-se do prédio onde se recolhiam as pecadoras, mas não ousou bater à porta e proclamar sua intenção.
Houve um dia, porém, em que, com o coração batendo com força em seu peito, viu uma envolvente morena, a Almerinda, debruçada sobre o parapeito de uma das janelas da casa, revelando metade de seus fartos seios através de ousado decote.
Dirigiu-se à mulheraça tropeçando em seus próprios pés. Com muito custo, a voz fraca e indecisa saiu-lhe da garganta:
- Eu gostaria ...
- O que deseja, meu rapaz? - respondeu a vendedora de ilusões, sem esperar a conclusão da frase do passante.
Henrique não sabia o que dizer. Não estava preparado para um momento tão importante. As palavras não conseguiam passar por seus lábios. A respiração mostrava-se difícil. Foi grande o esforço para dizer alguma coisa:
- Eu queria ...
A jovem riu escancaradamente, quase levando o adolescente, envergonhado, a correr para lugar bem distante daquela rua. Só não o fez porque as pernas cambaleantes não lhe obedeciam.
- Você não é muito novo para querer alguma coisa nesta casa ? - perguntou Almerinda com suave ironia.
Henrique nada respondeu. A sua coragem havia sido abatida pela timidez.
- Quanto você tem para oferecer? - continuou a mulher após alguns minutos de silêncio.
O jovem lembrou-se da cédula de cinco cruzeiros que tinha recebido de seu pai e, balbuciando, indicou o valor de que dispunha.
- Isso é muito pouco - retrucou a dama da janela -, não dá para nada.
Henrique, com o olfato tomado pelo inebriante perfume da mulher, resolveu encará-la. Ao fazê-lo, viu um sorriso repleto de simpatia e cumplicidade, o que o encorajou a formular uma proposta.
Com os olhos brilhantes e, agora, confiante numa resposta afirmativa, botou fora a timidez para subjugar-se ao instinto de macho e indagar com altivez:
- Não dá mesmo? Nem para passar a mão?



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