BONDER
Meu conceito de literatura seria de que é a arte
de interagir e interpretar a intuição do absoluto
via palavras. Escritores, poetas, filósofos e
profetas seriam mediadores do verbo divino.
Crendo assim, considero o Judeu brasileiro
Nilton Bonder um dos mais profundos escritores
contemporâneos e um dos mais sofisticados que
já li no que concerne a metafísica.
Herdeiro da Tradiçao judaica na sua prática
simbólica e na sua oralidade, sua literatura
ocorre na forma de parábolas e ensaios,
preferencialmente, versando sobre a moral, a alma,
o tempo e a eternidade.
Nilton Bonder é pensador origínalíssimo,
provocador do senso comum e estranhamente
revolucionário.
No livro "Fronteiras da Inteligência",
por exemplo, ele afirma que
"a espiritualidade não existe".
Ela seria um equíbrio entre alma, mente e corpo.
Nada mais sensato, mais óbvio e, no entanto,
mais surpreendente sendo dito por um rabino.
É comum também o autor trazer ensinamentos
complexos para o tempo cotidiano.
Lembro-me de uma história
( e lembro muitos ensinamentos de seus textos)
que ele conta no livro
"Cabala da Inveja" em que um Judeu
feirante contava que quando a feira ia mau,
dizia aos vizinhos que ia bem;
e quando a feira ia bem, dizia aos vizinhos que
ia mau. Indagado do por quê -
o Judeu responde. "assim todos ficam felizes".
A literatura do rabino veio trazer-me novos
portais; nova joalheria onde minha alma a cada
novo livro se deleita em desobertas e assombro.
Ser original em literatura é ser genial. Então,
aqui está meu amigo Bonder, maior que todos nós.
22.02.2005
Marcelino Rodriguez, escritor hispano-brasileiro, autor de "O Obervador de Pardais" 1996, "O Espião de Jesus Cristo" 1999, "Juvenília" 2000, "Café´Brasil" 2001, "A Ilha" 2001, "Boneco de Deus" 2002, "Mar, Romântico Mar" 2002, prêmio Pérgula Literária Internacional e Ação Cultural.
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publicados são reservados ao autor
e à Editora Luz do Milênio.
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